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Fonte: Blog de Ethevado Siqueira
[19/04/11]
Superfaturamento na Telebrás - por Ethevaldo Siqueira
Em uma de suas primeiras licitações depois de reativada pelo governo Lula, a
Telebrás já corre o risco de sofrer um prejuízo de cerca de R$ 100 milhões por
superfaturamento, se forem mantidos os preços do Pregão 02/2010, para aquisição
de gabinetes e contêineres, e a realização de obras de infraestrutura básica do
Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Mesmo depois de ter feito em seu site o
desmentido categórico das denúncias publicadas pela imprensa em dezembro do ano
passado, a empresa terá agora de reconhecer as irregularidades e ilegalidades
apontadas em representação analisada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
A comprovação técnica dessas irregularidades está no documento divulgado na
segunda-feira pela Terceira Secretaria de Obras do Tribunal de Contas da União,
no qual aponta a existência de sobrepreço (ou superfaturamento), além de erros
grosseiros, pressa injustificada e diversas outras irregularidades na condução
do pregão.
Caberá agora ao plenário do TCU decidir sobre o mérito da representação proposta
pela empresa Seteh Engenharia Ltda., com base na lei de licitações públicas
8.666, diante dos resultados o pregão eletrônico para registro de preços
02/2010-TB.
Diante das evidências de irregularidades, o Tribunal de Contas da União (TCU)
suspendeu em dezembro de 2010, mediante sentença cautelar do ministro José
Jorge, a extensão da contratação de duas empresas para a execução de
infraestrutura básica de estações de radiobase (ERB’s) por suspeita de:
1) direcionamento e favorecimento às contratadas (ausência de publicidade);
2) ausência de projeto básico, com sua elaboração confiada aos próprios
executores (aberração jurídica);
3) sobrepreços ou superfaturamento escandaloso.
A licitação contestada tem por objeto a contratação de infraestrutura básica,
com fornecimento de contêineres, gabinetes e materiais, necessários para o
funcionamento e proteção dos equipamentos ópticos, rádio e transmissão com
protocolo IP, a serem utilizados na rede nacional de telecomunicações. O projeto
contratado inclui garantia e assistência técnica, instalação, treinamento e
operação inicial, visando a implantação do PNBL, em diversos Estados
brasileiros.
Irregularidades.
Em suas conclusões, o documento da Terceira Secretaria de Obras do TUC aponta,
entre outras, as seguintes irregularidades:
1) Falhas no projeto básico (especificação técnica do edital) que comprometeram
a apresentação regular e adequada das propostas por parte dos licitantes.
2) Os preços registrados dos Anéis Nordeste e Sudeste, para os serviços de
infraestrutura básica autônoma 10mx10m, transformadores e gabinetes para estação
terminal de rádio com ar condicionado não se encontram consentâneos com os
preços de mercado. Foi apurado sobrepreço de R$ 53 milhões para esses itens.
3) Há indícios de sobrepreço de R$ 34 milhões nos demais itens de infraestrutura
dos Anéis Nordeste e Sudeste;
4) Foi identificado sobrepreço mínimo de R$ 14 milhões (10%) em itens do Anel
Sul e da Rede Norte.
5) Há indícios de que a licitação foi conduzida às pressas, “sem a diligência
que os recursos envolvidos e a complexidade do objeto exigiam dos gestores
(ampla pesquisa de mercado, revisão do texto do edital, maior prazo de
publicidade do edital)”.
Procurada, a Telebrás informou que vai analisar o documento da Secretaria do TCU
para posterior pronunciamento.