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Fonte: O Estado de S.Paulo
[20/04/11]
TCU confirma superfaturamento na Telebrás - por Ethevaldo Siqueira
Nota de Helio Rosa:
Referência:
Documento divulgado em 16 abril pela Terceira Secretaria de Obras do Tribunal
de Contas da União, o qual "aponta a existência de sobrepreço (ou
superfaturamento), além de erros grosseiros, pressa injustificada e diversas
outras irregularidades na condução do pregão".
Está disponível para download aqui.
HR
Governo corre o risco de sofrer um prejuízo de cerca de R$ 100 milhões por
irregularidades em pregão da estatal
Em uma de suas primeiras licitações depois de reativada pelo governo Lula, a
Telebrás já corre o risco de sofrer um prejuízo de cerca de R$ 100 milhões por
superfaturamento, se forem mantidos os preços do Pregão 02/2010, para aquisição
de gabinetes e contêineres e a realização de obras de infraestrutura básica do
Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Mesmo depois de ter feito em seu site o desmentido categórico das denúncias
publicadas pela imprensa em dezembro de 2010, a empresa terá agora de reconhecer
as irregularidades e ilegalidades apontadas em representação analisada pelo
Tribunal de Contas da União (TCU).
A comprovação técnica dessas irregularidades está no documento divulgado na
segunda-feira pela Terceira Secretaria de Obras do TCUo, no qual aponta a
existência de sobrepreço (ou superfaturamento), além de erros grosseiros, pressa
injustificada e diversas outras irregularidades na condução do pregão.
Caberá agora ao plenário do TCU decidir sobre o mérito da representação proposta
pela empresa Seteh Engenharia Ltda., com base na lei de licitações públicas
8.666.
Suspensão
Diante das evidências de irregularidades, o TCU suspendeu em dezembro, mediante
sentença cautelar do ministro José Jorge, a extensão da contratação de duas
empresas para a execução de infraestrutura básica de estações de radiobase (ERB"s)
por suspeita de:
1) direcionamento e favorecimento às contratadas (ausência de publicidade);
2) ausência de projeto básico, com sua elaboração confiada aos próprios
executores (aberração jurídica);
3) sobrepreços ou superfaturamento escandaloso.
A licitação contestada tem por objeto a contratação de infraestrutura básica,
com fornecimento de contêineres, gabinetes e materiais necessários para o
funcionamento e proteção dos equipamentos ópticos, rádio e transmissão com
protocolo IP, a serem utilizados na rede nacional de telecomunicações. O projeto
inclui garantia e assistência técnica, instalação, treinamento e operação
inicial, para a implantação do PNBL em vários Estados.
Em suas conclusões, a Terceira Secretaria de Obras do TCU aponta, entre outras,
as seguintes irregularidades:
1) Falhas no projeto básico (especificação técnica do edital), que comprometeram
a apresentação regular e adequada das propostas por parte dos licitantes.
2) Os preços registrados dos Anéis Nordeste e Sudeste, para os serviços de
infraestrutura básica autônoma 10m x 10m, transformadores e gabinetes para
estação terminal de rádio com ar-condicionado não se encontram consentâneos com
os preços de mercado. Foi apurado sobrepreço de R$ 53 milhões para esses itens.
3) Há indícios de sobrepreço de R$ 34 milhões nos demais itens de infraestrutura
dos Anéis Nordeste e Sudeste.
4) Foi identificado sobrepreço mínimo de R$ 14 milhões (10%) em itens do Anel
Sul e da Rede Norte.
5) Há indícios de que a licitação foi conduzida às pressas, "sem a diligência
que os recursos envolvidos e a complexidade do objeto exigiam dos gestores
(ampla pesquisa de mercado, revisão do texto do edital, maior prazo de
publicidade do edital)".
Procurada, a Telebrás informou que vai analisar o documento antes de se
pronunciar.
Licitação
R$ 87 mi é o sobrepreço encontrado em itens de infraestrutura e equipamentos
para os Anéis do Sudeste e Nordeste
PARA LEMBRAR
Volta da estatal foi cercada de polêmica
Era para o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) ter sido lançado no ano passado,
mas até agora não saiu do papel. A reativação da Telebrás, para se tornar
gestora do plano, foi cercada de polêmicas desde o início. A começar pela
legalidade de, por decreto, transformar em operadora a estatal, que foi criada
como uma holding. Segundo juristas, caberia ao Congresso mudar a lei que criou a
Telebrás, o que acabou não acontecendo.
Depois disso, a Telebrás acabou demorando a receber licença da Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel) para operar, e ainda não conseguiu assinar os
contratos com a Eletrobrás e a Petrobrás para usar as redes ópticas das
companhias.
Enquanto isso, o governo resolveu negociar o PNBL com as operadoras de telefonia
privadas, para que elas lancem planos populares em suas áreas de concessão.