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Fonte: Senado Federal - Revista Em Discussão - Edição nº 6
[14/02/11] Endividada
e quase extinta, Telebrás é reativada para implantar o PNBL
Criada em 1972, por meio da Lei 5.792, como uma sociedade de economia mista
vinculada ao Ministério das Comunicações, a Telebrás (Telecomunicações
Brasileiras S.A.) se transformou em operadora do Sistema Nacional de
Telecomunicações (SNT), definido dez anos antes. À época havia 927 operadoras de
telecomunicações no país, quase todas privadas.
A lei também transformou a Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações),
criada em 1965, em subsidiária da Telebrás, muito embora houvesse quem
preferisse transformar a Embratel em empresa holding do sistema a criar uma nova
empresa.
Em 1973, a exploração dos serviços públicos de telecomunicações foi unificada
sob o controle de uma única empresa concessionária em cada estado, que
adquiriram as demais empresas. Em 1974, a Telebrás foi designada “concessionária
geral” para todo o território nacional. Na primeira década de operação, a
Telebrás saiu do patamar de 1,4 milhão de telefones, em 2,2 mil localidades,
para 5,8 milhões de telefones, em 6,1 mil localidades.
Em 1988, a Constituição determinou que os serviços públicos de telecomunicações
somente poderiam ser explorados pela União, diretamente ou mediante concessões a
empresas sob controle acionário estatal. O Sistema Telebrás era composto por uma
empresa holding (a Telebrás), uma operadora para chamadas de longa distância,
nacionais e internacionais (Embratel), 27 empresas de âmbito estadual ou local.
Em 1996, o Sistema Telebrás figurava entre os 20 maiores operadores mundiais de
telecomunicações, com uma receita operacional de US$ 12,7 bilhões, lucro líquido
de US$ 2,73 bilhões, 98 mil funcionários e 15,9 milhões de clientes. Em julho de
1998, o Sistema Telebrás havia alcançado a marca de 18,2 milhões de telefones
fixos instalados e 4,6 milhões de celulares, em 22,9 mil localidades.
Porém, a recessão, a inflação, a crise da dívida externa e a crise fiscal que
marcaram os anos 1980 impediram o governo de investir na modernização do Sistema
Telebrás.
Enquanto isso, a demanda crescia fortemente - em determinadas regiões uma linha
fixa podia valer mais que um pequeno imóvel – e o tempo de espera para a
instalação de uma nova conexão era contado em meses ou até anos. Muitas
localidades do Brasil não tinham nem previsão de obter o serviço.
Enquanto isso, o Brasil recorria a empréstimos junto ao FMI (Fundo Monetário
Internacional), que impunha ajustes a serem feitos pelo governo brasileiro,
entre eles as privatizações que, iniciadas no governo Sarney, estenderam-se até
o governo Lula, em diferentes intensidades.
As vantagens das privatizações, argumentavam seus defensores, seriam transferir
para o setor privado a responsabilidade de realizar os investimentos
necessários, reduzir a dívida do setor público com os recursos arrecadados com a
venda das empresas e manter o equilíbrio das contas externas.
Em 1995, o Congresso aprovou a Emenda Constitucional 8, que pôs fim ao monopólio
estatal nas telecomunicações. Em 1997 foi aprovada a Lei 9.472 – Lei Geral de
Telecomunicações (LGT) –, que autorizou o governo a criar a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações), órgão regulador da prestação de serviços em
telecomunicações, e a privatizar o Sistema Telebrás.
Em 29 de julho de 1998, o sistema foi privatizado e as empresas que o compunham
foram agrupadas em 12 lotes, licitados em leilão internacional, para
investidores brasileiros e estrangeiros.
Após a privatização, a Telebrás começou a preparar seu processo de dissolução e
medidas foram adotadas para adequar a empresa à sua nova realidade, como a
redução de pessoal. A Telebrás, também, prestava suporte às novas controladoras
privatizadas.
Em 2009, a Telebrás teve prejuízo de R$ 16,2 milhões, devido principalmente ao
pagamento de encargos financeiros referentes a contingências judiciais. O
balanço da Telebrás mostrava que a empresa respondia a 1.189 ações na Justiça, a
maior parte cíveis e trabalhistas. Em comunicado, a empresa alegou ter R$ 132,4
milhões em tributos a recuperar da Receita Federal. Em 4 de maio de 2010, a
Telebrás foi reativada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em 12 de maio,
o Decreto 7.175 instituiu o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que havia sido
anunciado em 2007, e incumbiu a empresa de cumprir os objetivos previstos no
plano.
Em 5 de janeiro de 2011, a Telebrás anunciou que terá R$ 589 milhões para
implantar o PNBL e conectar 1.173 cidades, a um custo previsto de R$ 35 para o
cidadão. De acordo com a estatal, os recursos correspondem a R$ 316 milhões em
créditos extraordinários da União, previstos para 2010 e empenhados no final de
dezembro passado, somados aos R$ 273 milhões em aporte de capital previsto para
2011.
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Fonte: Senado Federal - Revista Em Discussão - Edição nº 6
[14/02/11]
Telebrás vai concorrer com as teles no atacado
De todo o Decreto 7.175/10, que institui o PNBL, o ponto mais criticado é a
reativação da Telebrás (Telecomunicações Brasileiras S.A.) e o anúncio de que a
empresa irá montar e operar a rede privativa de comunicação da administração
pública federal, sob os argumentos de que as informações são estratégicas e
sigilosas e de que o governo precisa ter mais peso nas negociações de preço com
as teles.
O PNBL defende que a entrada da empresa no mercado vai estimular a competição,
removendo um dos principais entraves à universalização: a falta de concorrência
no setor.
A Telebrás irá gerir todas as redes e equipamentos da União e das estatais, com
o objetivo de fornecer aos setores público e privado infraestrutura e redes de
telecomunicações neutras, além de transporte de dados no atacado a preços mais
baixos.
Rogério Santanna acredita que a medida vai baixar os preços para os mais de
1.700 pequenos provedores brasileiros – em sua maioria associados à Rede Global
Info – e, consequentemente, reduzir o preço para o usuário final, permitindo a
universalização do serviço banda larga e interiorizando o desenvolvimento do
país.
Ele afirma também que uma rede moderna e mais barata impulsionará o comércio
eletrônico, que considera a grande disputa comercial do momento: “As empresas
americanas já aprenderam a vender em português e elas vão vender em português. E
nós, hoje, só vendemos para nós mesmos em comércio eletrônico”, argumenta.
Já Eduardo Levy, representante das teles, discorda da idéia de concorrência com
teles e considera desnecessária a entrada da Telebrás, argumentando que o número
de clientes e a abrangência das empresas são sinais de sua capacidade
operacional e de atendimento, capazes de universalizar o acesso a banda larga no
país.
Levy argumentou ainda que a reativação da Telebrás baseia-se na hipótese falsa
de que o preço do acesso pode ser reduzido com a entrada da estatal no mercado e
de concorrência com teles: “A realidade nos diz que o preço praticado no Brasil
está na média do mercado internacional, mesmo com os altos tributos incidentes”.
Ao invés da idéia de concorrência com teles, ele sugere que a redução de preços
seja feita por meio de desoneração fiscal, a exemplo do que foi feito pelo
governo de São Paulo, que conseguiu que o preço mensal chegasse a R$ 30. Levy
ressalva, no entanto, que, nas regiões onde a renda é menor, nas áreas rurais,
por exemplo, há necessidade de políticas públicas para uso dos serviços.