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Fonte: Teletime
[12/01/11]
Telebrás ainda depende de acordo com as elétricas para começar a montar rede
- por Mariana Mazza
O início da operação efetiva da Telebrás na oferta de atacado de links para
conexão à Internet ainda depende da conclusão das negociações com as elétricas
para a cessão das redes de fibras que este setor possui. Após um encontro com o
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, nesta quarta-feira, 12, o presidente
da Telebrás se mostrou otimista com relação à agenda de atuação da empresa em
2011 ao dizer que espera consolidar os acordos com as elétricas e com a
Petrobras ainda neste mês.
Rogério Santanna explicou que, sem os contratos de cessão das redes de fibra
óptica do setor elétrico, a Telebrás não tem como emitir suas primeiras ordens
de serviços para a entrega e instalação dos equipamentos comprados pela estatal
nos leilões realizados no fim do ano passado. No momento, a negociação envolve o
custo do aluguel das redes à Telebrás. Ainda não há um valor estimado dessa
remuneração que será dada às elétricas, mas a diretriz geral dos contratos já
está fechada.
A Telebrás deverá pagar um "aluguel" para as empresas do setor elétrico -
Furnas, Chesf, Eletrobrás, Eletronorte e Petrobras - para usar as redes de
fibras apagadas das estatais. Além da negociação com as grandes estatais de
transmissão, o governo está inclinado em aprofundar as conversas para adesão das
distribuidoras de energia elétrica no Plano Nacional de Banda Larga.
Caso a caso
Muitas distribuidoras de energia possuem hoje redes que poderiam ser utilizadas
também para a prestação de serviços de telecomunicações. O mesmo acontece com
alguns governos locais, que criaram suas próprias empresas de processamento de
dados. Esses dois universos têm chamado a atenção da equipe do Ministério das
Comunicações, na medida em que pode gerar boas parcerias para a Telebrás.
Dois caminhos de articulação são possíveis no momento. Um deles é fechar acordos
locais de cessão dessas redes regionais à Telebrás, dando maior capilaridade à
atuação da estatal revitalizada. Outra opção é fechar parcerias com as
prefeituras e distribuidoras de energia elétrica, que podem até atuar como
prestadoras do serviço de banda larga ao consumidor final. "Nenhuma dessas
opções já foi discutida, mas também nenhuma foi eliminada preliminarmente. É
preciso olhar as peculiaridades de cada caso", afirmou Santanna, citando dois
estados que podem ser alvo de conversas no futuro. Os estados são o Ceará, que
hoje dispõe de uma empresa de processamento de dados própria; e o Paraná, onde o
destaque é a entrada da distribuidora Copel no mercado de telecomunicações com
um projeto-piloto nos moldes do PNBL para levar conexão de banda larga a baixo
custo para a população.
Santanna disse que estes aspectos ainda serão analisados com mais profundidade
no futuro, mas destacou o interesse do ministro Paulo Bernardo em investir em um
projeto articulado em vários níveis. "O ministro enfatizou que todas essas
iniciativas sejam articuladas e que o ministério e a Telebrás estejam muito
juntos para potencializar esses instrumentos que podem ser utilizados no plano",
afirmou o presidente da estatal.
Custo da rede
Apesar dos apelos feitos ontem pelos provedores de Internet em encontro com o
ministro Paulo Bernardo, a Telebrás não parece achar viável uma redução do preço
do link no atacado. Os provedores disseram ao ministro que, em alguns lugares,
conseguem comprar um link de 1 mega a R$ 180, preço abaixo dos R$ 230 fixados
pela Telebrás para acesso à futura rede da estatal. O assunto apareceu na
reunião com Santanna, mas o ministro não teria pedido nenhuma redução de forma
direta.
"O ministro brincou comigo, dizendo que o nosso preço está caro. Mas eu mostrei
dados dos 252 provedores que já confirmaram interesse em participar do PNBL de
que apenas os grandes conseguem um preço de R$ 180 pelo link", comentou o
presidente da Telebrás.
Santanna explicou que nada impede que o valor do link seja reduzido, mas que
isso significará imediatamente que a empresa demorará mais tempo para equilibrar
suas contas. "Eu disse ao ministro que o ponto de retorno da empresa, se a gente
baixar (o preço), vai ficar ainda mais longe." Com relação à possibilidade de
aumentar o número de clientes que poderão utilizar cada porta de conexão, também
levantada pelos provedores, Santanna disse que a hipótese sequer foi cogitada
pelo ministro. "Temos nos focado na qualidade do serviço. Se amplio esse número
a qualidade cai e, no fim, teremos os mesmas crises que existem hoje",
argumentou. O parâmetro que a Telebrás usará é de 10 usuários por cada mega.