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Fonte: Computerworld
[01/07/11] Proteste
contesta acordo que cria banda larga de R$ 35 - por Edileuza Soares
Advogada da entidade, Flávia Lefèvre, considera inconstitucional o termo de
compromisso assinado com as teles por não estabelecer metas de qualidade.
O acordo entre o governo federal e as teles para oferecer banda larga popular a
35 reais o megabit por segundo (Mbps), sem atrelar metas de qualidade para
entrega do serviço, é um retrocesso e prejudicial para os usuários. A avaliação
é da advogada da Proteste, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, Flávia
Lefèvre, que considerou inconstitucional o termo de compromisso assinado pelo
ministro das Comunicações (Minicom), Paulo Bernardo e representantes da Oi,
Telefônica, Sercomtel e CTBC, que aderiram ao Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
As teles concordaram em ofertar esse serviço em 90 dias como acerto para
renovação dos contratos de concessão para o período de 2011 a 2015, atrelado ao
terceiro Plano Geral de Metas de Universalização do Serviço Telefônico Fixo
Comutado (PGMU 3), publicado ontem à noite em edição extra do Diário Oficial da
União.
O PGMU 3 deveria ter sido assinado em 31/12/2010, mas as teles contestaram
algumas exigências na Justiça. O governo ficou seis meses negociando com o setor
para chegar a um consenso e o prazo foi prorrogado duas vezes. A data final
estabelecida pelo ministro Paulo Bernardo para a assinatura do novo plano de
metas de universalização foi ontem 30/6, um dia bastante movimentado em
Brasília.
Nos últimos dias, Paulo Bernardo estava acenando com um acordo com as teles, mas
segundo, Flávia somente ontem o mercado tomou conhecimento sobre a existência do
termo de compromisso.
“Esse termo de compromisso de oferta voluntária não estabelece obrigatoriedade
para as teles. Surgiu do nada e não passou por audiência pública nem foi
discutido com a sociedade”, diz a advogada, que acha que o governo cedeu à
pressão das teles e devolveu para as operadoras um setor que é estratégico para
o País.
Flávia afirma que as teles vêm há 13 anos liderando o ranking de reclamações dos
órgãos de defesa do consumidor e acha que o acordo de compromisso firmado com o
governo abre brecha para piorar a qualidade dos serviços. “Agora não temos
nenhuma garantia de que elas vão entregar ofertas de qualidade. O plano não
estabeleceu cronogramas nem as obriga a divulgar os locais onde os serviços
estarão disponíveis”, critica.
O ministro das Comunicações transferiu para a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) a responsabilidade de fiscalização da qualidade de
oferta do novo serviço, mas a advogada não acredita que o órgão regulador
conseguirá fazer esse trabalho, o que, segundo ela, não acontece atualmente.
A advogada considerou também flexível a exigência de as teles de garantirem
somente 30% da velocidade contratada e o limite para download de 300 Mbps pela
rede fixa e 150 Mbps por 3G. “Isso é menos do que o decreto do PNBL estabelecia,
que era uma taxa real de 512 Kbps. Se agora é apenas 30% de 1 Mbps, então elas
vão entregar 340 Kbps?”, questiona Flávia dizendo que isso não é banda larga.
No entender da representante da Proteste as novas definições mudam a proposta
inicial do PNBL. Para ela, o plano do governo precisa ser revogado, pois deixou
de ser um programa de política pública, ficando nas mãos do setor privado.
PGMU sem exigências
Para Flávia, o consumidor perdeu com a aprovação do PGMU 3, que segundo ela,
retrocede por não trazer metas de universalização. Ela menciona como exemplo a
exigência de entrega de acesso às áreas rurais, atualmente carentes de
infraestrutura porque as teles dizem que não justifica financeiramente investir
nessas regiões.
Segundo o novo documento, o atendimento a essas áreas será “por meio de plano
alternativo de oferta obrigatória de serviço, definido em regulamentação
específica, que estabelecerá os prazos e metas de cobertura, abrangência e
demais condições que assegurem a viabilidade técnica e econômica da oferta”.
Na opinião da advogada, o governo foi flexível ao permitir a adoção de planos
alternativos, sem estipular datas para o cumprimento das exigências na área
rural.
Por não concordar com as novas medidas, com a banda larga popular a 35 reais nem
com o novo PGMU aprovado, a Proteste vai avaliar o que está acordado no termo de
compromisso e promete mobilizar órgãos de defesa do consumidor para exigir do
governo que obrigue as teles a prestarem melhores serviços.