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Fonte: O Estado de S.Paulo
[20/05/11]
O
atraso na banda larga - Editorial Estadão
Transformadas em bandeira eleitoral da então candidata Dilma Rousseff, as
promessas do governo de ampliar o acesso rápido e barato à internet, por meio do
Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), completaram um ano na semana passada sem
sair do papel. As metas para os primeiros 12 meses do plano, mesmo sendo
modestas, foram sendo sucessivamente adiadas. Até agora, nenhum novo município
foi interligado à rede de internet de alta velocidade. Eximindo-se de
responsabilidade pela quase paralisia do programa, a Telebrás, estatal
ressuscitada no governo anterior justamente para conduzir o PNBL, está
anunciando que as primeiras seis cidades estarão conectadas até a primeira
quinzena de junho.
É esperar para ver. É possível que, daqui para a frente, alguma coisa avance.
Com a conclusão do acordo definitivo entre a Telebrás e a Petrobrás, para o uso
da malha de fibra óptica da estatal do petróleo - confirmada pelo presidente da
Telebrás, Rogério Santanna -, o plano pode começar a andar mais depressa, mas
suas metas para 2011 já estão comprometidas.
Quando o programa foi lançado, o governo prometia que, até o fim de 2010, 100
cidades estariam conectadas à internet de alta velocidade, com pacotes de
assinatura que custariam até R$ 35 por mês, já incluídos os impostos. Nas contas
do governo federal, se os governos estaduais concordarem em abrir mão da
cobrança do ICMS, o preço para o usuário pode cair para R$ 29. Nada foi feito,
porém, em 2010.
Essas 100 cidades foram, então, incorporadas à lista das 1.063 que seriam
conectadas em 2011, elevando a meta deste ano para 1.163 municípios. Desses, os
primeiros seriam conectados até abril, o que também não ocorreu. Santanna disse
ao Estado que, em menos de um mês, estarão conectadas à rede de alta velocidade
as localidades de Brasília e Samambaia, no Distrito Federal, e Pirineus,
Bandeirantes, Morrinhos e Itumbiara, em Goiás. Mas, para o serviço chegar aos
usuários, eles terão de escolher um provedor. A Telebrás garante que há mais de
400 provedores cadastrados.
Para alcançar a meta de 2011, a Telebrás deveria ter começado a fazer as
conexões no início do ano. Para isso, seria necessário que já tivesse concluído,
naquela época, o acordo com a Petrobrás, que chega com pelo menos cinco meses de
atraso. Por esse acordo, a estatal de telecomunicações poderá utilizar a rede de
fibra óptica da Petrobrás, que cobre a Região Sudeste e chega a Brasília.
Poderão ser atendidas cerca de 700 cidades localizadas a até 100 quilômetros da
rede. Para executar o PNBL, a Telebrás depende de outro acordo, com a
Eletrobrás, também para o uso de rede de fibra óptica. Juntas, as malhas da
Petrobrás e da Eletrobrás somam 30,8 mil quilômetros.
O governo não tem falado em metas para este ano. Há algum tempo, as autoridades
do setor chegaram a admitir que o programa terá de ser revisto. O secretário
executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez, reconheceu no mês
passado que o corte de verbas do governo resultará no atraso do PNBL. Mas
garantiu que está mantida a meta de atendimento de 4.278 municípios até 2014.
Mesmo sendo responsável por um programa que não atingiu nenhuma das metas
anunciadas, a Telebrás não admite "culpa" no caso. "As coisas que acabaram
refletindo em atraso estavam fora da nossa governabilidade", justificou-se
Santanna em entrevista ao Estado. Ele lembrou que o orçamento da empresa só foi
aprovado no fim do ano passado, e com um valor bem inferior ao solicitado. Dos
R$ 600 milhões pedidos para 2010, foram empenhados R$ 316 milhões no fim de
dezembro, mas o dinheiro ainda não foi liberado. Para 2011, a empresa solicitou
R$ 400 milhões, mas o valor foi reduzido para R$ 226 milhões, dos quais só R$ 50
milhões foram liberados.
Tais cortes são justificados pelo governo como necessários para o ajuste fiscal
que prometeu executar neste ano. Mas seu vulto não deixa dúvida de que, valioso
na campanha da candidata Dilma, o PNBL tem pouca importância no governo da
presidente Dilma.