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Fonte: O Estado de S.Paulo
[09/03/11] Bom
começo nas Comunicações - Editorial Estadão
As comunicações receberam muito pouca atenção do governo Lula. À exceção da
introdução da TV digital no País, nenhum outro projeto de maior envergadura foi
iniciado nos oito anos do ex-presidente.
As coisas, agora, parecem estar mudando, a julgar pelas palavras do ministro
Paulo Bernardo. Em recente entrevista que concedeu ao Estado, ele afirmou que a
presidente Dilma Rousseff considera as comunicações "uma área absolutamente
vital" - pois, na visão do governo, "o mundo e o País dependem cada vez mais da
informação".
Em lugar de contestar o novo modelo setorial - como fizeram seus antecessores
nos últimos oito anos -, o ministro relembra que as telecomunicações foram
privatizadas e que, portanto, cabe às concessionárias privadas fazer os
investimentos necessários à implantação da infraestrutura de banda larga de que
necessita o País. "Nas Comunicações, muito mais do que realizar, o Estado deve
definir políticas públicas, envolvendo, entre outros segmentos, a internet e a
política industrial. O governo tem que cuidar do lado fiscal. Não lhe cabe
investir pesadamente em banda larga. E não vamos fazê-lo."
Isso significa que, até por força do corte de gastos públicos, o papel da
Telebrás passará a ser muito mais modesto na implantação do Plano Nacional de
Banda Larga (PNBL), do que pretendia o governo Lula. Mas é claro que ainda há
dentro do governo quem defenda, por razões ideológicas, a volta do Estado como
maior investidor e principal prestador de serviços na área de telecomunicações.
Sobre o setor de radiodifusão, a posição do ministro é clara e incisiva ao
condenar as concessões de rádio e TV a políticos, e defender a revisão do
modelo, "de modo a torná-lo mais descentralizado e mais democrático".
O ministro Paulo Bernardo lembra ainda que a lei tipifica como crime a posse de
emissoras de rádio e TV em nome de "laranjas". E acha que o Ministério Público e
a Polícia Federal já deveriam estar cuidando disso. Reconhece também que um novo
marco regulatório poderia corrigir esse problema, "mas com realismo, pois as
leis não têm efeito retroativo". A solução, a longo prazo, é não renovar as
concessões a políticos ao final das licenças.
As nomeações de pessoas menos qualificadas, por simples indicação política, para
a direção de estatais é uma preocupação do ministro. Ele não reconhece,
entretanto, que essa tenha sido a causa dos recentes escândalos nos Correios: "O
que houve foi um descuido, com sérios problemas de gestão. Hoje temos uma
diretoria com currículos bem selecionados e que não foi indicada por ninguém,
nenhum partido".
A visão do ministro sobre a elaboração de uma nova Lei Geral de Comunicações é
bem diferente daquela do ex-ministro Franklin Martins. Diz que recebeu o
anteprojeto deixado por Martins, mas ainda não leu com maior atenção o
documento. "Não vou divulgá-lo agora. Acho que há grande chance de ele conter
alguma besteira. Vamos revê-lo e submetê-lo depois ao mais amplo debate com
todos os interessados."
Assim como a presidente Dilma, o ministro Paulo Bernardo não concorda com o
chamado controle de conteúdo dos meios de comunicação em geral: "Uma coisa é
regulação. Outra é controle. Temos que aprender a conviver com a crítica mais
ampla. Qualquer tentativa de limitá-la será inócua".
O problema fiscal parece ser o mais sério que as telecomunicações enfrentam no
Brasil. O ministro sugere amplo diálogo entre o governo federal e os
governadores para negociar uma redução do ICMS, em especial nos serviços de
banda larga.
Outra distorção é o confisco da maior parte dos fundos setoriais, que deveriam,
por lei, ser investidos na universalização dos serviços, na fiscalização e no
desenvolvimento tecnológico. Nos últimos 10 anos, entretanto, eles têm sido
apropriados pelo Tesouro Nacional num montante que já supera os R$ 32 bilhões.
Com esses R$ 32 bilhões investidos na implantação de uma rede de banda larga, o
Brasil poderia contar com excelente infraestrutura nessa área.