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Leia na Fonte: Blog Insight - Laboratório de Ideias
[15/11/11]  Telebras: a questão do Valor Patrimonial - "Editorial" do Blog

O Valor Patrimonial da Ação (VPA) é o resultado da divisão entre o patrimônio líquido e o número de ações da empresa. Este cálculo revela a relação existente entre os bens da companhia e o valor de sua ação em bolsa de valores.

Já a relação preço/valor patrimonial (P/VPA) é o quociente da divisão do preço da ação por seu valor patrimonial. Esse parâmetro indica quantas vezes o mercado está "pagando" pelo valor patrimonial da ação.

Teoricamente, uma ação com preço e VPA de igual valor, estaria em sua cotação justa (igual a 1), nem cara nem barata. Acima de "1" estaria "cara" e, abaixo, "barata". Mas este é apenas um entre os vários indicadores fundamentalistas que se usa para analisar uma ação, já que seu uso deve considerar as perspectivas da empresa e o setor onde ela se insere, além de outras questões macro e microeconômicas.

No que se refere às empresas de tecnologia e àquelas que, embora pertençam a outros setores, possuem excelentes perspectivas futuras, há uma diferenciação na avaliação do mercado. Ao projetar ganhos futuros nestas empresas, os investidores tendem a precificá-las acima da média dos preços de outros tipos de empresas, devido ao respectivo potencial e qualidade inovadora. Consequentemente, a relação P/VPA tende a fugir da justa normalidade (valor igual a 1), alcançando patamares bastante altos, de 10 vezes ou bem mais.

Embora o VPA e a relação P/VPA devam ser analisados com cuidado e nunca como fator preponderante de decisão, o fato de uma empresa ter um VPA positivo indica que, no caso extremo de sua liquidação, o detentor de suas ações poderia receber, no mínimo, aquele valor por cada uma delas (ou lote).

Essa era a estratégia inicial do Banco Cruzeiro do Sul quando comprou uma grande quantidade de ações da Telebras - a maior parte em 1997 e 1998, tendo como foco a liquidação da empresa. As ações eram negociadas a R$ 0,01 ou pouco mais o lote de mil papéis, enquanto o valor patrimonial era de R$ 0,14 o lote de mil, conforme afirmou Luis Octavio Índio da Costa, vice-presidente do banco, ao jornal Valor Econômico, em 23/02/2010. No total, o executivo calculou que o banco desembolsou menos de R$ 3 milhões com as operações naquela época. Embora não tenha acontecido o planejado, o BCS lucrou mais de 100 milhões de reais com as vendas posteriores.

Com as informações trimestrais (ITR) recém divulgadas, foi verificado que, no balanço de nove meses, a Telebras está com um VPA de R$ 1,80, o primeiro valor positivo desde 2005. Assim, a relação P/VPA estaria, pela cotação de 14/11, em 6,94. Evidentemente, o mercado acionário tende a ver com "bons olhos" a empresa que evolui de um VPA negativo para um positivo, pois o fato, via de regra, indica uma saudável melhora na sua vida financeira.

Apenas para fins de comparação, lista-se abaixo algumas empresas, dos mais diversos setores, que estão com a relação P/VPA em valores superiores aos da Telebras:
- Lopes Brasil: 28,72
- Lojas Americanas PN: 24,12
- HRT Petróleo: 19,62
- Natura: 18,47
- Tarpon Inv: 17,09
- Cetip: 16,06
- Redecard: 14,21
- Cia Hering: 13,90
- B2W Varejo: 9,33
- CCR: 8,14
- Totvs: 7,79
- Odontoprev: 7,36
- Localiza: 7,33
- Ambev PN: 7,28
- Lojas Renner: 7,27
- DASA: 7,17
- Lojas Marisa: 7,15

Em síntese, quando se considera que a Telebras praticamente "está renascendo das cinzas", é a empresa líder de um programa prioritário do Governo (PNBL) e está inserida dentro de um dos setores (tecnologia) com maior potencial de crescimento e de inovação no futuro próximo ou distante, é possível concluir que sua relação P/PVA de 6,84 não foge ao padrão de outras empresas em condições similares de expectativas. Devido ao potencial vislumbrado para a estatal, é lícito estimar que esse indicador ainda possua uma margem considerável de crescimento.