WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Telebrás e PNBL --> Índice de artigos e notícias --> 2011
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: O Globo
[22/10/11]
Governo vai enquadrar estatais na Lei das S.A. para investirem no
país
BRASÍLIA - Ogoverno quer enquadrar todas as 147 estatais na Lei das Sociedades
Anônimas (S.A.), que impõe regras de controle e governança mais rígidas. A ordem
é criar condições para que elas se tornem mais eficientes e sejam instrumentos
de política pública, investindo mais no país. São alvos imediatos das mudanças
estatais como Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), as Companhias Docas,
Valec, Conab e Infraero - que comandam investimentos bilionários em aeroportos,
grandes ferrovias, dragagem e ampliação de portos de Norte a Sul, transporte
urbano de massa (metrôs, trens, trens elétricos) e a construção de armazéns para
melhorar a capacidade de estocagem e reduzir custos de produção.Regras de
mercado:Especialistas cobram abertura de capital
Atualmente, apenas dois grupos, considerando o conjunto de subsidiárias,
investem em peso no país: Petrobras, que responde por 90% de todos os
investimentos das estatais, e Eletrobras. O governo quer que todas deem sua
cota, indo além dos projetos que cada uma comanda dentro do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).
Mesmo aquelas que já seguem a Lei das S.A. e são de economia mista, como
Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil (BB), terão de passar por pequenos
ajustes e adotar um marco jurídico padrão - o que inclui estatuto, regras claras
de comando, normas de responsabilização de dirigentes, avaliação de desempenho,
divulgação de salários, entre outras medidas.
A Caixa Econômica Federal, empresa fechada e totalmente estatal, que já segue as
regras do Banco Central (BC), será obrigada a dar maior publicidade aos atos de
seus dirigentes, além do balanço que já é divulgado.Novas regras para contratar
e punições
As mudanças constam de um projeto de lei, elaborado em 2009 pelas pastas do
Planejamento e da Casa Civil, mas adiado no ano passado devido às eleições.
Agora, a equipe da presidente Dilma Rousseff quer colocá-lo em prática, dentro
da concepção de que estatal é importante para o país, mas tem que dar resultado
e investir. Foi seguindo essa lógica que a Petrobras e a Eletrobras já foram
desobrigadas de contribuir para a meta de superávit primário (economia para
pagamento de juros da dívida pública).
- Estatal tem que investir, gerar dividendos. Quem tem que economizar é a
administração direta, que vive de impostos - explicou ao GLOBO um técnico do
governo.
O primeiro passo da futura legislação será eliminar a natureza jurídica de
fundação, autarquia ou departamento e transformar as estatais em empresas de
fato, explicou uma fonte. Os outros vão no sentido de dar a essas empresas
condições de se tornarem mais eficientes, com mudanças drásticas na gestão.
Cada uma terá de adotar uma cadeia de comando mais clara, com funções e regras
bem definidas para cada ponto da estrutura (presidente, diretoria, Conselho de
Administração, conselho fiscal, assembleia de acionistas), inclusive com
punições: dirigentes passarão a responder individualmente por atos irregulares,
ou seja, pelo seu CPF.
Com a mudança, por exemplo, as nomeações feitas pelo presidente da empresa terão
que ser aprovadas pelo Conselho de Administração, que é corresponsável; a
remuneração dos diretores não poderá ser mais um ato do ministro ao qual a
estatal é subordinada, mas os valores terão que ser aprovados pela assembleia de
acionistas.Balanço, auditoria e metas serão exigidos
A publicação dos balanços será obrigatória, bem como a aprovação de um plano de
auditoria independente, que avalia se todos os atos estão dentro das normas
previstas. A proposta determina também a divulgação de informações completas
sobre todos os contratos das companhias em meio eletrônico. Serão fixadas ainda
metas de produtividade e redução de custos.
O projeto de lei incorpora algumas das exigências de duas resoluções baixadas no
início deste ano pela Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de
Administração de Participações Societárias da União (CGPAR): a redução do poder
do presidente da empresa e o fortalecimento do Conselho de Administração (ele
não pode acumular a função de presidente do conselho, nem interinamente); a
avaliação de desempenho da diretoria e a divulgação, nas demonstrações
financeiras dos balanços, dos valores da maior e da menor remuneração dos
funcionários e dirigentes.
Por outro lado, as estatais deverão ganhar mais autonomia para executar
orçamentos, ampliar serviços e quadro de pessoal, por exemplo, sem ter de passar
pela aprovação de várias instâncias. A Caixa, por exemplo, enfrenta dificuldades
para modernizar o sistema de informática (tudo tem que passar pela Lei de
Licitações, a 8.666).
- Nem tudo precisa ser autorizado por decreto presidencial - explicou a fonte.
Para ganhar tempo, a Casa Civil avalia aproveitar um projeto do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-PB), que regulamenta o artigo 173 da Constituição e
que trata das estatais. A ideia é aproveitar esse projeto, considerado fraco
pelo governo, para incluir as medidas de maior controle.
Enquanto isso, o governo vem fazendo uma minirreforma nas estatais. O exemplo
são os Correios, cujo estatuto foi reformulado recentemente, ganhando poderes
para competir melhor no mercado (criar subsidiárias e comprar participações em
empresas), financiar projetos de infraestrutura, como o trem-bala, e receber
autorização para contratar fora dos quadros.
A Infraero caminha na mesma direção, com vistas à abertura de capital. O mesmo
já foi adotado com o IRB, que enfrenta forte concorrência internacional no
mercado de resseguros.