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Leia na Fonte: Fazenda - Origem: Valor Econômico
[08/09/11]
Burocracia atrasa repasse de recursos para a Telebrás - por
Daniel Rittner
Fundo Sistel tem superávit acumulado de R$ 170 milhões
Uma novela que se arrasta há mais de oito meses demonstra como o poder público,
por meio de excessivos trâmites burocráticos, consegue complicar decisões
aparentemente simples e até jogar contra o reforço do próprio caixa. Desde
dezembro, a Telebrás está apta a receber a primeira parte de um montante que
pode chegar a R$ 170 milhões - fruto de superávit bilionário acumulado pelo
fundo de pensão Sistel -, mas a falta de coordenação entre a empresa estatal e o
Ministério do Planejamento tem bloqueado o repasse dos recursos.
Esse valor equivale a praticamente metade de todo o orçamento da Telebrás em
2011. A empresa está no centro do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), uma das
prioridades máximas da presidente Dilma Rousseff. Dos R$ 350 milhões previstos
para este ano, cerca de R$ 230 milhões foram efetivamente liberados.
A Sistel, sétima maior entidade de previdência complementar fechada do país, tem
R$ 1,1 bilhão em superávit para distribuir imediatamente. Metade desse valor
cabe a 24 mil contribuintes - aposentados e pequena parte ainda na ativa - dos
três planos. A outra metade deve ser repassada às empresas patrocinadoras. São
patrocinadoras do PBS-A, principal plano e mais adiantado nos trâmites para
distribuição do superávit, a Telebrás e mais dez empresas - Telefônica, TIM e Oi
fazem parte da lista. Outros dois planos também vão ter repasses.
De acordo com a Sistel, a Telebrás tem cerca de R$ 35 milhões disponíveis desde
o fim do ano passado, como cota que lhe cabe do PBS-A. Os recursos que completam
o valor total de R$ 170 milhões, referentes ao segundo e ao terceiro plano,
dependem da solução que for dada ao PBS-A.
Para que haja distribuição do superávit, é necessário o aval de todas as
patrocinadoras para mudar o regulamento dos planos, conforme exigência definida
na resolução 26/2008 do Comitê de Gestão da Previdência Complementar (CGPC). A
diretoria e o conselho deliberativo da Sistel recomendaram a alteração do
regulamento. Dez das 11 empresas patrocinadoras já deram sinal verde à mudança.
Só ficou faltando a Telebrás. Enquanto ela não fizer isso, a distribuição não
pode ocorrer e os recursos não podem ser liberados.
A estatal entende que o regulamento dos planos deve ser alterado. "É preciso
mudá-lo para distribuir o superávit", afirma o diretor de administração e
relações com investidores da Telebrás, Bolivar Tarragó Moura Neto. Em reunião no
início de agosto, o conselho de administração da empresa aprovou essa medida.
No entanto, a mudança vinha sendo vetada desde a virada do ano pelo Departamento
de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), do Ministério do
Planejamento. Em ofício enviado à Sistel, em maio, o departamento se disse
favorável à distribuição do superávit, mas alegou que não é necessário alterar
os planos. Na prática, essa resistência impediu todas as partes envolvidas de
receber a cota do superávit que lhes cabe. Metade do repasse é feita à vista.
Outra metade é paga em 48 parcelas.
Para o diretor da Telebrás, a discussão sobre a necessidade de alteração ou não
dos planos está "relativamente superada" e falta pouco para solucionar o
impasse. Ele minimiza o problema. "Às vezes o pessoal fica um pouco ansioso, mas
é natural que isso aconteça. É um processo naturalmente demorado", diz Tarragó.
Funcionários do Dest afirmam que houve um entendimento inicial de que o
regulamento do plano não precisava ser alterado, a fim de atender às exigências
da resolução 26/2008. Depois, a interpretação mudou. Em ambos os casos, tudo foi
conversado com a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).
"Não fizemos nada à revelia", assegura o coordenador-geral de Informação e
Previdência Complementar do Dest, Antônio Fernando Toni.
De acordo com ele, para receber o sinal verde do departamento e destravar o
processo de liberação do superávit da Sistel, a Telebrás precisa encaminhar um
novo ofício com a proposta de alteração do regulamento do plano. Até agora,
nenhum documento chegou ao Planejamento. "O Dest está apenas esperando, não vai
sair correndo atrás de ninguém. Quem tem que enviar o processo novamente é a
Telebrás", explica Toni.
O coordenador atribui a demora nos trâmites a "falhas de comunicação" entre as
partes envolvidas. Ele não se compromete com um prazo para a liberação do
superávit, já que tudo depende dos "ajustes" que serão propostos na mudança do
plano, mas garante que o ministério tem interesse no desbloqueio rápido dos
recursos, como forma de aumentar o caixa da Telebrás.
Toni esclarece que a análise do Dest se refere a apenas um dos três planos em
que a Sistel registrou superávit para fazer a distribuição. "Se os ajustes
estiverem corretos, não há problema nenhum (em liberar o repasse)."
O superávit acumulado pela Sistel alcança R$ 2,6 bilhões e reflete o excedente
das reservas matemáticas, que incluem todos os valores necessários para
pagamento aos aposentados e pensionistas, de acordo com uma tábua de mortalidade
conservadora, estipulada pela Previc. Os fundos de pensão, por segurança
atuarial, adotam tábuas ainda mais conservadoras.
O superávit está integralmente aplicado em títulos públicos, que representam 79%
da carteira de investimentos da Sistel. A diretoria do fundo acredita que, em
2012, haverá possibilidade de fazer uma nova distribuição.