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Leia na Fonte: Convergência Digital
[30/09/11]
Telebras vai constituir nova empresa, em associação com iniciativa
privada, para gerir satélite - por Luís Osvaldo Grossmann
O satélite geoestacionário que o Brasil pretende lançar em 2014 vai operar nas
bandas X e Ka para atender prioritariamente as comunicações corporativas do
governo, ainda que parte da capacidade seja destinada ao uso exclusivo das
Forças Armadas. Haverá, porém, uso “comercial” da capacidade, nos moldes do
Plano Nacional de Banda Larga, tarefa que ficará indiretamente com a Telebras.
Para a operação, a Telebras vai constituir uma nova empresa, em parceria com a
iniciativa privada. A estatal deverá manter 49% das ações dessa empresa, mas o
controle terá nítida participação do governo, com assentos para o ministério da
Defesa, Agência Espacial Brasileira e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
além, naturalmente, da própria Telebrás.
A dica foi dada pela presidenta Dilma Rousseff, que destacou o satélite como
instrumento de fomento à indústria nacional de defesa. “Nós não conseguimos
absorver tecnologia se não tivermos uma empresa privada participando do
processo, se não tivermos um instituto ou uma rede de institutos tecnológicos
para avaliar a recepção e o governo para dar apoio e dar condições para que isso
ocorra”, disse a presidenta.
Nesse momento, um grupo formado pela Telebras, Defesa, AEB e INPE discutem a
formação dessa nova empresa e a maneira como se dará a transferência de
tecnologia ao longo do projeto. O alvo é fazer com que, até o lançamento de um
segundo satélite geoestacionário, em 2019, pelo menos as tarefas de montagem e
integração sejam feitas por brasileiros. O INPE já possui a melhor sala limpa
para testes de satélites da América Latina – usada especialmente para
equipamentos de outros países por falta de demanda nacional.
Já existe uma parceira – brasileira e de renome internacional – em mente para
essa associação e o objetivo é que essa etapa seja resolvida nas próximas
semanas. A constituição dessa nova empresa é fundamental para que tenha início
formal o processo de aquisição do primeiro satélite geoestacionário. Essa compra
deve ser direta, com base na legislação sobre segurança nacional, em especial o
Decreto 2295/97, que permite a dispensa de licitação para recursos
aeroespaciais.
Governo e mesmo o setor privado já reconhecem que não há tempo hábil para que as
indústrias nacionais participem ativamente do primeiro satélite – daí a
perspectiva de aprender com esse até o lançamento do segundo, previsto para
2019. Esse satélite também será essencialmente para telecomunicações. Um outro,
menor, com fins meteorológicos, deve ser lançado um ano antes, em 2018.
Ao atender comunicações corporativas do governo, o projeto do satélite reafirma
o papel da Telebras na prestação desse serviço. Para isso, será superado – mesmo
que seja necessária a edição de novo instrumento legal – o virtual impasse que,
até agora, afastou a estatal dessa tarefa, ainda que ela já estivesse prevista
no Decreto Presidencial que instituiu o PNBL.