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Tele.Síntese
[04/02/13]
O PNBL 2.0 e a crise fiscal - por Miriam Aquino
A segunda fase do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), ou o PNBL 2.0, deverá
ser concluída pelo Ministério das Comunicações no final de fevereiro, para ser
entregue e aprovado pela presidente Dilma Roussef. Com esta antecipação de
prazo, determinada pela própria presidente Dilma Rousseff, é possível que as
prometidas desonerações das redes de telecomunicações e dos smartphones só sejam
regulamentadas no mesmo período, quando então passarão a valer.
Embora as desonerações tenham sido negociadas pelo ministro Paulo Bernardo desde
o início de 2012, e aprovadas pelo Congresso Nacional em agosto, na Medida
Provisória 563, o certo é que a crise fiscal vivenciada pelo Tesouro brasileiro
acabou adiando todos os planos. “Adiou, mas não anulou”, asseguram fontes do
governo que afirmam que as desonerações deverão ser anunciadas juntamente com o
novo programa de universalização da banda larga.
O desempenho do setor no ano passado, divulgado pela Anatel, SindiTelebrasil ou
pelos balanços setoriais não indicam que o atraso na desoneração prometida tenha
paralisado os investimentos, como normalmente aconteceria em qualquer outro
setor, pois as empresas ficariam esperando por custos menores. Conforme os dados
da Abinee (Associação das empresas Eletro e Eletrônica), a indústria de telecom
cresceu entre 6% a 8% no ano passado. Mas o segmento de cabos e fibras confirmou
uma redução nas compras. Segundo seus fabricantes, enquanto em 2011 o consumo
interno de fibra foi de 5,2 milhões de quilômetros, no ano passado as vendas não
atingiram 4,4 milhões de quilômetros, o que pode ser uma tendência preocupante
para este ano, se a redução tributária prometida não sair.
Na prestação de serviço, a telefonia fixa cresceu 2,3%; o celular, mesmo com sua
taxa de penetração acima de 100%, cresceu 9%; e a banda larga fixa, 10%. A
explosão se deu com a banda larga móvel – que cresceu 71% em relação a 2011. No
primeiro PNBL, por sinal, não houve qualquer linha de ação voltada
especificamente para a banda larga móvel, que poderá ser contemplada desta vez.
Devido à forte aceleração da banda larga móvel, está havendo também um grande
incremento da conexão à internet nas residências brasileiras e a meta de atingir
50% dos domicílios conectados em 2014, conforme a previsão anterior, será
antecipada para este ano. Por isto, o PNBL 2.0 deverá prever a meta de atingir
70% dos domicílios brasileiros conectados em 2015.
Mas o calcanhar de Aquiles do PNBL está na oferta da banda larga fixa popular. A
Telebras não conseguiu fazer deslanchar a sua participação e vender a capacidade
para os provedores de acesso (quantos são mesmo os contratos da estatal?), e as
concessionárias fixas colocaram tantas restrições nos planos populares que, ora
eles são trocados por algo mais caro, mas mais “livres”, ora não são sequer
conhecidos na localidade atendida.
Criatividade
Para a segunda etapa do PNBL 2.0, o governo precisará encontrar soluções que
façam com que a iniciativa privada invista mais do que o seu budget inicial, se
quiser universalizar a banda larga. O problema é encontrar esses instrumentos de
estímulo à aceleração dos investimentos. Algumas clássicas alternativas voltam a
ser estudadas pelo MiniCom, como o uso dos recursos do Fust para a Telebras ou
segmentos específicos, o que não parece ter qualquer viabilidade, tendo em vista
as contas nacionais.
Estão em estudo também outras alternativas, como incentivar e direcionar a
demanda dos serviços públicos por serviços de telecomunicações (um pleito antigo
do SindiTelebrasil), de maneira a fazer com que as operadoras invistam nas
redes. Outra proposta é transformar as multas milionárias contra as
concessionárias em ampliação de investimentos. Esta segunda ideia precisa,
porém, de participação direta da Anatel, pois é a agência que estuda o
regulamento do TAC (Termos de Ajustamento de Conduta), instrumento que
permitiria a negociação das multas por ampliação dos investimentos. O problema,
contudo, é que este tema não é consensual na agência reguladora.
De concreto, para a aceleração do PNBL, há a decisão de limpeza da faixa de 700
MHz para a banda larga. Por isto, a reunião desta semana do ministro Paulo
Bernardo, a Abert e o representante das Organizações Globo. Os radiodifusores
ouviram do governo que a decisão está tomada.
A ideia e concluir os estudos da migração da TV digital e da limpeza da faixa
até março e lançar o edital de venda ainda este ano, ou, no mais tardar, no
início de 2014. A intenção é fazer com que grande parte da frequência já esteja
em uso para a banda larga móvel nas Olimpíadas.