WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Telebrás e PNBL --> Índice de artigos e notícias --> 2013
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na
Fonte: Convergência Digital
[13/07/13]
Morre Euclides Quandt de Oliveira, que reestruturou as telecomunicações no país
- por Luís Osvaldo Grossmann
Morreu nesta sexta-feira, 19/7, Euclides Quandt de Oliveira, o militar da
marinha que se especializou em comunicações, foi o primeiro presidente da
Telebras – entre 1972 e 1974 – e em seguida ministro das Comunicações até 1979.
Quandt, que era carioca, morreu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, aos 93 anos.
O cargo de ministro em si, porém, não revela a importância do
capitão-de-mar-e-guerra para o desenvolvimento das telecomunicações no país – o
Ministério das Comunicações foi uma novidade criada em 1967, mas mesmo depois
dessa data o verdadeiro 'ministério' era o Conselho Nacional de
Telecomunicações, o Contel, criado ainda em 1962, nos primórdios da
reestruturação da telefonia no país.
O Contel era um órgão algo assemelhado à atual Anatel, embora também com
competência sobre a radiodifusão. Quandt estava nele no momento em que o governo
federal começou a reconstruir o sistema telefônico - ou mesmo construir, porque
até então as concessionárias estrangeiras que dominavam o setor, com destaque
para a canadense CTB - eram na prática um amontoado de concessões municipais. O
ex-ministro descreveu a situação em depoimento ao CPDOC da Fundação Getúlio
Vargas, em 2005:
“Não se sabia quantas empresas existiam no Brasil. Isso era uma realidade. Em
1973, saiu o primeiro levantamento, mais ou menos completo, de quantas empresas
havia, e já foi feito pela Telebrás. Nesse levantamento, chegaram à conclusão de
que existiam 850 ou 860, uma coisa assim. Mas, realmente, depois que as coisas
começaram a funcionar, você vai falar que existiam mais. Deviam existir cerca de
mil empresas no Brasil, mas empresinhas isoladas. Tinha um sistema telefônico na
cidade X que só falava dentro daquela cidade X, não falava nem com a cidade
vizinha.”
Um dos papeis de Quandt – que desde o início da carreira na Marinha se
especializou em comunicações – foi padronizar as transmissões, visto que na
época equipamentos em cidades diferentes não falavam entre si: ligações
interestaduais eram difíceis e precisavam ser marcadas com antecedência, às
vezes de 24 horas.
“A idéia era ligar todos os estados brasileiros, e essa ligação já estava
começando a existir com o sistema da Embratel. Só que então, nos lugares, não
existia. Quando eu dizia que tinha uma empresa em Natal, queria dizer que talvez
em Mossoró houvesse uma empresinha com uns 50 telefones, em Macau tinha não sei
o que, em Santo Antônio da Boca do Acre... Todas eram completamente
descoordenadas, e a maioria delas eram empresas municipais, às vezes até eram
departamentos municipais que operavam. Então, a secretaria geral fez um estudo
grande e propôs uma estrutura em que, em cada estado, fosse escolhida uma
empresa, governamental ou não, que seria uma empresa para a qual se
concentrariam todos os esforços dentro daquele estado. Passou-se a fazer uma
fixação estadual, e eventualmente elas seriam todas vinculadas a uma empresa
federal.”