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Leia na Fonte: Monitor Digital
[29/07/13]
Vem aí ‘trading’ estatal para a área bélica
O governo se prepara para criar uma empresa de negócios para a área bélica. A
informação foi publicada no Diário Oficial da União de 8 de maio, mas passou
praticamente incólume pelos órgãos de comunicação.
Portaria interministerial das pastas de Defesa e Indústria e Comércio criou
Grupo de Trabalho “com a finalidade de realizar estudos e identificar ou propor
medidas de fomento para a ampliação da capacidade da Base Industrial de Defesa,
com a criação de uma trading de defesa”.
Além dos dois ministérios citados, o GT contará com participação do BNDES,
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos.
A portaria informa que haverá preservação de sigilo de dados sensíveis, ficando
o tema, portanto, ao largo da nova lei de acesso à informação.
Informa o DOU: “A ‘trading’ deverá ter por objetivo promover, com apoio
institucional, a comercialização (exportação e importação) de produtos de
defesa, com a faculdade para operacionalizar contratos de compensação
tecnológica, industrial e comercial”.
Como o texto diz, a nova estatal – ainda sem nome – será preservada por sigilo.
No entanto, fontes do setor acreditam que, ao comprar aviões para a FAB, o
governo quer agir de forma profissional e obter compensações para suas empresas
do setor, seja com a venda de peças e equipamentos ou com a obtenção de
transferência de tecnologia. Especialistas dizem que a trading dará um caráter
mais profissional às negociações entre o Brasil e as potências internacionais.
Como se sabe, não há lugar para primarismo na área bélica, chamada
sofisticadamente de “setor de defesa”. A nova empresa não tem nome, mas poderia
ser Defesabrás ou Bras Trading.
Após uma década de negociações, o Brasil estaria prestes a fechar a compra de 36
caças para a FAB, por US$ 4 bilhões. Por serem aviões de combate, não serão
usados para transportar autoridades, mas para dar proteção ao imenso território
nacional.
O ex-presidente Lula chegou a anunciar a importação de modelos Rafale, da
francesa Dassault, enquanto circulou a notícia de que a Aeronáutica preferia o
modelo Gripen NG, da sueca Saab. No entanto, ultimamente, tem-se falado muito na
americana Boeing, produtora dos F/A-18 Super Hornet. O contrato seria assinado
em outubro, durante visita da presidente Dilma a Washington.
A nova estatal teria a função de permitir negociação de alto nível com os
parceiros estrangeiros. Na verdade, para obter transferência de tecnologia dos
inflexíveis norte-americanos, seria necessário ressuscitar o maior negociador do
país, o Barão de Rio Branco.
Lula criou uma estatal para o pré-sal e Dilma uma para transportes, a Empresa de
Planejamento e Logística (EPL).
No setor de defesa, já existem a Engepron, vinculada à Marinha, e a Imbel,
ligada ao Exército.
O programa nuclear da Marinha gerou a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa
(Amazul), e a Nuclep é uma estatal que fornece para qualquer cliente, mas
ultimamente tem focado sua produção para os submarinos.
Por último e não menos importante, há uma quase estatal, a Vinova, empresa
ligada a satélites, com 49% de capital da estatal Telebrás e 51% da ex-estatal
Embraer, agora uma empresa plenamente privada, mas com estreitos laços com o
governo.