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Brasil Atual
[04/06/13]
A revolução silenciosa dos pequenos provedores de banda larga - por
Helena Sthephanowitz
No dia 24 de maio, os conselheiros da
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) reuniram-se e aprovaram a
Atualização da Regulamentação do SCM (Serviço de Comunicação Multimídia),
popularmente conhecido por banda larga.
Várias decisões reduziram a burocracia e as exigências para pequenas empresas,
mas uma em especial revoluciona esse segmento. A licença obrigatória para
explorar o serviço de banda larga caiu de R$ 9.000 para apenas R$ 400.
O valor antigo era baixo para uma grande empresa, mas pouco acessível para
iniciantes pequenos, sem capital. O novo valor possibilita, por exemplo, que
donos de lan-houses espalhados nas periferias e cidades menores do Brasil,
entrem no ramo de provedor de banda larga. Principalmente em localidades onde há
insatisfação com os serviços e preços das grandes teles. Também abre as portas
para técnicos da área criarem seu próprio negócio, até mesmo em casa e atender a
vizinhança, se tiver como instalar os equipamentos de forma adequada.
A iniciativa vem ao encontro do Plano Nacional de Banda Larga. Na parte que cabe
à Telebras, a empresa atua como atacadista, operando grandes redes nacionais,
satélites e conexões internacionais, mas depende dos pequenos provedores para
fazerem o varejo, ou seja, levar o sinal efetivamente até a casa das pessoas.
Hoje, 22% do mercado de internet no Brasil é atendido por provedores regionais,
a maioria em cidades com até 150 mil habitantes. A rede da Telebras já está apta
para atender cerca de 1.300 municípios. A outorga de apenas R$ 400 deve provocar
um "boom" de novos pequenos provedores de banda larga.
Segundo a Anatel tem havido entre 20 a 30 outorgas por semana para serviços de
internet, ao custo de R$ 9 mil. Imagine a R$ 400.
Mesmo pequenos provedores, mas um pouco maiores, se quiserem oferecer serviços
de telefonia ou até TV por assinatura também podem, e a outorga da Anatel, neste
caso, caiu de R$ 27 mil para R$ 9 mil. Assim, facilita para empresas regionais
entrarem no mercado do chamado "triple-pay" ou planos "combo", trazendo mais
alternativas e diversidade.
Esse conjunto de decisões abre também oportunidade para prefeituras e órgãos
públicos incentivarem o desenvolvimento de empresas do setor em suas cidades,
através da contratação de pequenas prestadoras locais de banda larga e
telefonia. No caso de municípios menores, o benefício fica mais visível, pois em
vez de contratar uma grande operadora de telefonia nacional sem vínculos com a
cidade, pode criar empregos qualificados e renda ali no município, além de
recolher os impostos municipais sobre a empresa local. Mas a lógica também
funciona em cidades grandes, dentro de uma visão de desconcentrar os meios de
produção e incentivar a economia local dos bairros.
Hoje, o Brasil tem 3.947 empresas prestadoras de serviços de banda larga. De
acordo com dados da Associação Brasileira de Provedores de Internet e
Telecomunicações (Abrint), o conjunto dessas empresas investiram mais de R$ 1
bilhão em redes de fibra óptica em 2012.
Outro gargalo identificado pela Abrint é o aluguel de postes pelas companhias de
energia elétrica, que oferecem condições desiguais para empresas menores e
grandes teles. Para isso a Associação reuniu-se na terça-feira (28) com o
Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que se comprometeu a levar em
consideração no decreto de compartilhamento de infraestrutura, em elaboração
pelo governo. A conferir em breve.