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Leia na Fonte: Blog Insight - Laboratório de Ideias
[02/05/13]
Telebras & ECT: parceria, cooperação ou integração? - por Leonardo Araújo
("Editorial" do Blog)
Em maio de 2011, em entrevista publicada pelo Blog do Planalto, a advogada
Luciana Pontes, Subsecretária de Serviços Postais e Governança de Empresas
Vinculadas, afirmava que, com a mudança na lei de criação da estatal, a ECT
entraria na era da informática, ficando autorizada a expandir sua atuação nas
áreas de logística integrada, serviços financeiros e serviços postais
eletrônicos, incluindo a hospedagem de sites de comércio eletrônico, o chamado
e-shopping.
Com relação aos Serviços Postais Eletrônicos, Luciana disse que "Eles abrangem
várias atividades como a certificação digital, que significa que os Correios vão
passar a ser um agente de certificação. Outro serviço é a mensageria eletrônica,
que é a remessa de documentos, por via digital, com segurança,
confidencialidade, comprovação de autenticidade e autoria. Poderá ser usado por
quem tem um documento e quer ter certeza de que ele vai chegar e ninguém vai
ver, e de que quem estará recebendo é a pessoa autorizada. É uma troca de
mensagens virtuais de forma segura e garantida. Além disso, terá também o email
registrado. Outro serviço é o e-shopping, de suporte ao comércio eletrônico. A
ideia é a página dos Correios na internet hospedar as lojas, o que potencializa
a logística integrada".
Segundo afirmou Luciana, "a universalização é o objeto principal e a função
social da ECT, mas para ela atingir a função social precisa modernizar seu
objeto e fazer um subsídio cruzado de outras atividades econômicas que permitam
a ela sustentar esse serviço público essencial, que é a universalização".
É importante considerar também que, desde 2012, o Banco Postal passou a ser
operado pelo Banco do Brasil. Oferecendo serviços bancários em 94% dos
municípios do País através das mais de 6.000 agências próprias dos Correios, o
Banco Postal / Banco do Brasil tende a se tornar um dos beneficiários diretos da
modernização da ECT, principalmente no que diz respeito às facilidades
possibilitadas pela informática, podendo ainda ampliar as atividades de fomento
à indústria, ao comércio e e às atividades agropastoris nos mais longínquos
locais do Brasil.
Contando com 11.871 agências de vários tipos, 4.996 postos de venda de produtos
e 20.215 caixas de coleta, a ECT está capilarizada por 5.556 municípios
brasileiros, do Oiapoque ao Chuí, passando pelos mais inóspitos rincões da
região amazônica e do sertão nordestino.
Dependência de uma rede digital confiável
O que ficou evidente no projeto de modernização da ECT é sua dependência de uma
rede digital confiável e de âmbito nacional, que possa interligar, com segurança
e rapidez, as milhares de agências e postos existentes. Sem esta, a modernização
ficaria restrita aos mesmos clientes que hoje podem usufruir de banda larga em
alta velocidade e, mesmo assim, com com um nível de segurança e de
confiabilidade apenas razoável.
Em síntese, a ECT só poderá expandir a utilização dos produtos já disponíveis,
implantar novos e cumprir sua função social de universalização, beneficiando
realmente todos os brasileiros, quando o PNBL já tiver universalizado a banda
larga no País e a Telebras puder também lhe oferecer produtos diferenciados que
possibilitem otimizar os serviços que pode prestar.
Integração ECT & Telebras
Nesse contexto, a parceria sinérgica estabelecida em 10 de abril deste ano entre
a ECT e a Telebras se mostra não apenas estratégica, mas sim totalmente
indispensável para a nova realidade desenhada pela ECT. Para a Telebras, será de
enorme importância também, pois fornecerá um suporte federal direto em
praticamente todos os municípios brasileiros, especialmente fora dos grandes
centros.
O comunicado distribuído por ambas as empresas cita que foi por elas assinado um
"termo de cooperação técnica de compartilhamento de espaços físicos,
infraestrutura, recursos e conhecimentos para implementar o Programa Nacional de
Banda Larga – PNBL, a universalização dos serviços postais e a infraestrutura de
telecomunicações necessária à realização da Copa das Confederações de 2013 e da
Copa do Mundo de 2014".
O presidente da Telebras, Caio Bonilha, em declaração reproduzida pela mídia,
afirmou que "Somos empresas do mesmo Ministério. Nossa integração com a ECT é
fundamental para as ações de descentralização e criação dos oito centros
operacionais da Telebras em alguns locais do País”.
Duas expressões presentes acima não ficaram claras, podendo conter significados
que ultrapassam uma leitura simples.
Em primeiro lugar, o que seria exatamente um "termo de cooperação técnica de
compartilhamento... de recursos"?
Por outro lado, o presidente da Telebras, ao falar em "integração" entre as duas
empresas, e não em "parceria", utilizou a primeira palavra apenas como um
sinônimo geral da segunda, ou haveria algum outro tipo de associação possível
entre ECT e Telebras?
Essas duas questões são pertinentes e merecem ser levantadas, uma vez que a
Subsecretária de Serviços Postais e Governança de Empresas Vinculadas, também
afirmou, em maio de 2011: "A ECT poderá ser acionista de outras empresas, que
atuem em atividades complementares à sua. Hoje, os Correios já podem constituir
subsidiária integral, uma empresa que é 100% da ECT. Mas é importante ressaltar
que a permissão para participar de outras sociedades será acompanhada caso a
caso pelo Conselho de Administração e pelo próprio Ministério das Comunicações.
Outra iniciativa é a autorização para firmarem parcerias comerciais que agreguem
valor à sua marca e proporcionem maior eficiência à sua estrutura, especialmente
de sua rede de atendimento. Mais uma vez, o objetivo é potencializar a
utilização da mão de obra da ECT.