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Fonte: Convergência Digital
[03/09/13]
Governo revê rede estatal; anuncia auditoria e ameaça cassar concessões -
por Luís Osvaldo Grossmann
Há um mês, quando surgiram notícias específicas sobre a espionagem americana no
Brasil, o governo se mostrou indignado, mas as reações foram mais retóricas do
que práticas. Ainda é cedo para apostar, mas com indícios de que nem os e-mails
da presidenta Dilma Rousseff escaparam à curiosidade da NSA, já há promessa de
uma medida efetiva: mudanças na rede do Estado.
“Vamos rever toda a rede de comunicações do governo”, afirmou o ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, pouco depois da segunda reunião que teve na
segunda-feira, 2/9, no Palácio do Planalto. A ideia é convocar a Telebras e
outros órgãos como o Serpro para a tarefa.
É um avanço em comparação aos anúncios feitos pelo governo quando apareceram
denúncias de espionagem indiscriminada contra brasileiros, apesar do evidente
atraso de uma medida como essa: não só poderia ter sido tomada essa decisão há
quase 30 dias como, em verdade, há pelo menos três anos.
Afinal, quando a Telebras foi reestruturada, em 2010, dotar a administração
federal de comunicações seguras era a primeira das seis tarefas determinadas à
estatal pelo Decreto 7175, que estabeleceu o Plano Nacional de Banda Larga. A
missão, como em boa medida o próprio PNBL, não avançaram como previsto.
Mas além de prometer uma retomada das comunicações de Estado seguras, o governo
indica que vai atacar também em outras frentes. “Vamos votar o Marco Civil da
Internet e também queremos acelerar a lei de proteção de dados pessoais, que
vamos terminar de analisar e mandar ao Congresso”, diz Bernardo.
Além das questões já inerentes à proposta, a lei de proteção de dados deve
ganhar um item: a cassação de licenças de operadoras que, de alguma forma,
colaboraram com a espionagem. “Isso talvez já possa ser enquadrado como preceito
constitucional, mas vamos deixar expresso que se houver colaboração terá a
concessão cassada”, emenda o ministro.
No caso do Marco Civil da Internet, o governo já sinalizara, há um mês, apoiar a
votação do projeto de lei. Mas, como visto, não houve esforço suficiente para
romper com o impasse da proposta – a resistência das teles ao artigo que trata
da neutralidade de rede. A se ver qual será o impacto de a chefe do governo ter
sido pessoalmente vítima da bisbilhotice dos americanos.