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Fonte: Correio Braziliense
[19/11/12]
Telebras continua sem apresentar balanços contábeis deste ano
Sob a alegação de problemas técnicos com o sistema informatizado de gestão,
estatal ignora as regras da CVM e deixa de publicar dados financeiros
A Telebras, estatal de telecomunicações com papéis negociados em bolsa, ainda
não apresentou nenhum balanço contábil este ano e garante não ter sido sequer
multada por quebrar as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que
exigem, entre outras coisas, divulgação de dados trimestrais em até 45 dias após
o fim do período. A companhia argumenta que houve uma falha na migração de um
sistema de demonstrações financeiras e contábeis para outro, mais moderno. E que
todas as justificativas enviadas à CVM foram aceitas pelo órgão regulador.
Em nota, a Telebras informou que o atraso na divulgação das informações
trimestrais de 2014 se deveu a “problemas técnicos” quando da implantação do
novo sistema de gestão integrada, o Systems, Applications e Products (SAP). A
alegação, contudo, não exime a companhia de capital aberto de publicar balanços.
A CVM avisou que não comenta casos específicos, “para não afetar negativamente
trabalhos de análise ou apuração que entenda necessários”. Entretanto, as regras
do órgão são claras: “companhias que não observam os prazos de entrega de
informações previstos estão sujeitas à aplicação da multa, bem como, se
necessário, à apuração de responsabilidades”.
Para Demetrius Borel Lucindo, economista da DMBL Investimentos, os atrasos
revelam a falta de transparência da estatal, com o objetivo de esconder mais um
escândalo de corrupção e de superfaturamento. “A Telebras é um cabide de
empregos, com despesas acima de R$ 1 bilhão e nem R$ 25 milhões de receita. É um
ralo de dinheiro público. Outro sumidouro instalado numa sede luxuosa em
Brasília, cheia de funcionários e sem função nenhuma”, denunciou.
Lucindo lembrou que a empresa só não foi extinta antes devido às dívidas
trabalhistas. “O patrimônio era para pagar os passivos, mas o governo decidiu
ressuscitar a Telebras e, desde então, os balanços mostram prejuízo. Quando a
situação fica inadministrável, fazem uma subscrição e o governo ou o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aporta dinheiro”,
ressaltou.