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Fonte: Band / Colunas
[10/02/15]
Mais um plano de banda larga - por Mariana Mazza
Durante a disputa eleitoral de 2014, a ampliação dos serviços de banda larga no
país apareceu na lista de prioridades da maioria dos candidatos. O motivo do
destaque é óbvio: em um país que passou por um ganho de renda considerável nos
últimos anos, o uso da Internet como meio de comunicação e entretenimento ganhou
espaço definitivo na vida dos brasileiros. Mas alguns problemas continuam
atormentando a vida dos consumidores. O serviço ganhou novos adeptos, mas ainda
é considerado caro em comparação com outros países do mundo e a qualidade das
conexões nem sempre corresponde ao alto custo.
A campanha da presidente reeleita Dilma Rousseff chegou a contar com peças
publicitárias exclusivas prometendo melhorar a oferta de banda larga no Brasil.
A ideia central é ambiciosa: fazer uma ampla rede de fibra óptica interligando a
maioria dos municípios brasileiros. Mas, como a missão será cumprida ainda é um
mistério.
Nesta terça-feira, 10, em sua primeira aparição pública como ministro das
Comunicações, Ricardo Berzoini confirmou a agenda do governo sobre a expansão da
banda larga. Prometeu um novo plano com grande participação pública, mas também
uma aliança com as empresas privadas. Só que não entrou em detalhes sobre as
metas ou como atingi-las na prática.
Criar um plano para ampliar o acesso à Internet é uma coisa bacana. Mas o que
realmente seria novo e positivo para a população brasileira seria se, ao menos
uma vez, o governo concluísse um desses planos. Quando Dilma tomou posse em
2010, recebeu o cargo com um recém-lançado projeto nesta área, o Plano Nacional
de Banda Larga (PNBL). Considerando que Dilma e Lula são do mesmo partido, o PT,
e que a presidente era ministra-chefe da Casa Civil quando o PNBL foi debatido -
ou seja, foi ela quem coordenou o assunto - é difícil entender porque ele não
foi colocado em prática nos últimos quatro anos.
Tão logo Dilma chegou ao poder, o PNBL foi drasticamente alterado com a
introdução de um projeto paralelo encabeçado pelo então ministro das
Comunicações Paulo Bernardo. O centro do projeto original era criar uma
infraestrutura pública de Internet que servisse como parâmetro para exigir boas
práticas das empresas privadas. Essa corrente foi rapidamente abandonada e
substituída por uma parceria com as teles. Obviamente a coisa não deu certo.
Ainda assim, esse novo projeto, batizado de Banda Larga para Todos, parece ter
virado o carro-chefe do governo nas comunicações. Pode ser que agora a coisa
funcione. Mas, novamente, seria bom se ao menos o governo conseguisse concluir
um desses projetos.
A única mudança positiva até agora foi no discurso. O governo passou a usar o
termo "universalização" ao invés de "massificação", "expansão" ou outros
eufemismos administrativos. Pode parecer bobagem a troca de palavras, mas é uma
grande mudança. Do ponto de vista técnico, universalizar um serviço tem uma
carga bem mais forte do que seus sinônimos. Significa não apenas expandir, mas
garantir o acesso à Internet como um direito dos brasileiros, com novas
obrigações para as empresas além da mera liberdade de ampliar a oferta conforme
a conveniência econômica.
Mas, para a mudança não ficar apenas no discurso, é preciso estabelecer algumas
prioridades estratégicas. Colocar a banda larga em regime público - onde há
obrigações técnicas específicas, como a garantia de continuidade, e tarifação -
seria um bom começo. Berzoini acenou neste sentido no discurso de hoje. O novo
plano de banda larga deve ficar pronto ainda neste semestre, segundo o ministro.
Vamos ver se, desta vez, além de lança-lo, o governo consegue executa-lo.