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Leia na Fonte: Teletime
[14/04/15]
Queremos ser a OTT do governo, diz novo presidente da Telebras - por Lúcia
Berbert
O novo presidente da Telebras, Jorge Bittar, tomou posse nesta quinta-feira, 14,
com planos ambiciosos. A ideia é transformar a estatal não apenas em uma empresa
de redes, mas de tecnologias estratégicas para o governo. "Queremos ser a OTT do
governo", afirmou.
Mas, para isso, Bittar ressalta que é preciso rentabilizar os ativos da empresa
que hoje apura em torno de R$ 30 milhões por ano. A meta é turbinar a área
comercial da empresa, para que tenha uma ação mais agressiva em busca de
clientes dentro do governo, sobretudo na construção de redes metropolitanas, que
garantirá comunicação segura entre os órgãos públicos.
Bittar garantiu que os recursos para o satélite e o cabo submarino estão
garantidos para este ano, apesar do contingenciamento. Outra prioridade da
estatal é trabalhar com a Agência Espacial Brasileira no desenvolvimento de um
ecossistema de empresas para oferecer peças, partes, subsistemas de satélites.
O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, que participou da posse, disse
que Bittar reúne as condições especiais para cumprir a tarefa de transformar a
Telebras em um orgulho para o povo e símbolo de desenvolvimento e cidadania.
Leia, abaixo, os principais trechos da conversa com o novo presidente da
Telebras:
"Cabo submarino para a Europa e satélite são programas absolutamente
estratégicos para o País, são compromissos do Estado, de governo, e não haverá
nenhum retardamento no cronograma do satélite. Até porque é um cronograma
crítico, o satélite, por exemplo, tem o momento preciso, que é chamado de janela
de lançamento, que se é perdida a oportunidade, nova data pode acontecer seis
meses ou um ano depois. Não é uma coisa que se ajusta com facilidade, além dos
custos financeiros desse retardamento.
A previsão é de que o satélite seja lançado no último trimestre de 2016 e que
esteja operacional no primeiro trimestre de 2017.
Já o projeto do cabo submarino para a Europa está indo muito bem, já está na
fase final de aprovação pelo governo federal, e tem a ver com comunicações
seguras para o exterior. Além do mais, os recursos para o cabo este ano não são
muito elevados, serão mais significativos no próximo ano. Mas o cabo não é
investimento só nosso, mas também da parceira espanhola, a Islalink, e haverá
também a participação de outros investidores. Então, os investimentos do governo
brasileiro serão feitos ao longo da implantação do cabo e, portanto, não haverá
descontinuidade. O projeto feito pela Telebras está muito estruturado e recebeu
elogios até da equipe econômica do governo. A lém disso, ele é estratégico, é
parte integrante do Banda Larga para Todos.
Outra grande finalidade do cabo é interligar as redes de pesquisas e
desenvolvimento europeias com as redes sul-americanas. Por causa disso, a União
Europeia vai botar dinheiro nesse projeto, antecipando a compra de serviços do
cabo."
Redes metropolitanas
Os projetos para construção das redes metropolitanas, para garantir comunicação
segura aos órgãos de governo, seguem com os trabalhos de campo para determinar
os trajetos que serão construídos. Do mesmo modo que o cabo, as redes
metropolitanas serão construídas ao longo de um determinado período de tempo,
provavelmente durante todo o governo da presidente Dilma Rousseff. A empresa vai
definir as prioridades de acordo com as demandas de governo. Um exemplo disso, é
que o Ministério da Justiça solicitou a implantação de uma rede para ligar todas
as unidades da pasta. Então, ele passa a ser um cliente prioritário da Telebras,
e todo o investimento que puder ser feito para criar essa rede metropolitana
será importante. E assim acontecerá com outros órgãos do governo.
No caso do Ministério da Justiça, onde houver rede da Telebras, os órgãos serão
ligados e, onde não houver redes, a estatal fará parcerias de uso de
infraestrutura ou EILD para que possa atender. Enquanto isso, a empresa vai
construindo a sua rede própria.
A ideia é procurar ministério por ministério para orientar o planejamento das
redes. A empresa vai continuar com sua tarefa de implantar backbone, mas agora o
desafio não é só transportar, mas prestar o serviço, chegar ao cliente. No caso
do governo, ele é um cliente de varejo e não de atacado, como são os pequenos
provedores. Então tem que chegar lá com qualidade, com segurança, com preços
razoáveis – a empresa está de olho nos preços que o mercado cobra. Ou seja, todo
o esforço nesse momento é para turbinar a área comercial da empresa. Existe uma
gerência só para tratar de governo.
Renda
Para turbinar a área comercial, a Telebras irá ao encontro dos clientes. Hoje, a
empresa, dominantemente, recebe demandas. Mas a ideia é ir ao encontro dos
clientes para que possa, rapidamente, ampliar o faturamento. Em quatro anos, são
apenas 180 contratos e a estatal precisa ter mais ousadia. Para isso está em
construção um novo plano de comercialização, que deverá estar concluído na
próxima semana. A estratégia é mobilizar os recursos humanos da estatal no
sentido de olhar para as demandas do governo e dos provedores, melhorando as
relações atuais.
A renda anual da Telebras está em R$ 30 milhões por ano, recursos insuficientes
para cobrir os investimentos da empresa. A meta é rentabilizar os investimentos.
Só para o satélite, a empresa necessitará de R$ 600 milhões para este ano. Para
o cabo submarino, a previsão é de mais R$ 10 milhões.
Outra prioridade da estatal é trabalhar com a Agência Espacial Brasileira no
desenvolvimento de um ecossistema de empresas para oferecer peças, partes,
subsistemas de satélites.
A intenção é fazer da Telebras uma empresa de tecnologia e não de rede, que
possa contribuir para desenvolver plataformas de aplicações para a educação,
para a saúde, para cidades inteligentes, como todas as operadoras de
telecomunicações, que querem se transformar em OTTs. "Só que o nosso nicho é o
governo e queremos ser a OTT do governo", disse. Mas para isso, é preciso
aumentar a rentabilidade da empresa.