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Leia na Fonte: Convergência Digital
[14/05/15]
Berzoini insiste na Telebras como parceira do setor privado - por Luís
Osvaldo Grossmann
Talvez por aproveitar a presença dos ex-presidentes da reestruturada Telebras, o
ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, acabou por fazer uma súmula do
perfil de atuação da estatal desde 2010, quando a renascida empresa foi alçada a
liderar o Plano Nacional de Banda Larga, então a ideia de que o Estado deveria
incentivar a massificação do acesso à Internet no país.
Em seu discurso, o ministro começou lembrando que a estratégia daquele plano
“passa por termos uma infraestrutura pública capaz de combater desigualdades de
mercado”. Afinal, a razão de ser do próprio PNBL foi o diagnóstico de que as
concessionárias de telecomunicações privadas, detentoras das principais redes do
país, atuavam de forma a complicar o aparecimento de competidores.
Mas assim como o engenheiro Rogério Santanna foi demitido (por uma nota de
jornal) um ano depois de assumir o posto, o próprio viés da atuação da empresa
mudou quando assumiu em seu lugar o então diretor comercial Caio Bonilha. Já no
primeiro governo Dilma Rousseff e, em tempos de Paulo Bernardo no Minicom, o
mote passou a ser a tal “parceria com o setor privado”.
Ainda é cedo para saber se o caminho continuará a ser esse – não modificado pelo
interino Francisco Ziober, que hoje se despediu da estatal. Mas deve ser visto
que Berzoini assumiu o lugar de Bernardo, mas manteve o tom de “parceria" com as
empresas de telecomunicações para que possa exercer seu papel de mercado e
participar do "esforço nacional de redução da desigualdade”, afirmou.
Berzoini voltaria ao ponto pelo menos outras duas vezes no breve discurso desta
quinta-feira. “A Telebras, junto com setor privado, tem obrigação e meta de
prover infraestrutura para o desenvolvimento econômico brasileiro”, disse o
ministro. Logo em seguida, mencionou que “a Telebras é uma grande empresa, ainda
que pequena em porte hoje, e tem obrigação para prover, junto com o setor
privado, um insumo tão importante quanto a Petrobras para o setor energético”.
O próprio Bittar repetiu o mantra, ainda que lembrando as origens do PNBL. “A
Telebras surgiu em 2010 para cumprir objetivos estratégicos de governo, não para
substituir o papel das operadoras privadas, mas para contribuir para corrigir
falhas naturais de mercado, contribuir para a busca da universalização da banda
larga, contribuir como vetor para incorporação da tecnologia nacional nos nossos
equipamentos e fortalecer uma indústria brasileira.”
Parte dessa missão depende da equipe econômica em ano de ajuste fiscal
“significativo” – predicado usado pela presidenta Dilma Rousseff. Berzoini
admite negociações com os colegas que comandam o Tesouro, mas promete que os
projetos, tanto do satélite geoestacionário como do cabo submarino “não terão
atrasos”.
De sua parte, Bittar negociou cerca de R$ 600 milhões para o satélite em reunião
que já teve com a chave do cofre, mas até aqui, embora já tenha recebido o
‘parceiro privado’ espanhol da Isla Link no cabo, menciona que nesse caso os
recursos em 2015 serão da ordem de R$ 10 milhões – bem abaixo dos estimados R$
500 milhões da Lei Orçamentária.