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Leia na Fonte: Infomoney
[12/02/16]
Após ação subir mais de 100% na Bolsa, Telebras discutirá grupamento
"desnecessário" - por Marcos Mortari
SÃO PAULO - Uma das empresas que mais chamaram a atenção dos investidores em
janeiro por um movimento abrupto de suas ações na Bovespa, a Telebras (TELB3;
TELB4) convocou para 2 de março uma assembleia geral extraordinária para
discutir a realização de um possível grupamento na razão de 10 papéis para 1. A
proposta foi aprovada pelo conselho de administração da estatal em dezembro do
ano passado, em respeito às determinações da BM&FBovespa para ações negociadas
com valor inferior a R$ 1,00 por 30 dias consecutivos.
Na época do fato relevante que confirmou a decisão dos conselheiros, as ações
TELB4 valiam R$ 0,70, o que reforçaria a necessidade de atender às orientações
da Bolsa para eliminar as penny stocks do mercado acionário brasileiro. No
entanto, a recuperação dos papéis em março fez com que eles saíssem do
fechamento de R$ 0,56 em 8 de janeiro para R$ 1,81 no pregão seguinte -- o que
representa uma alta de 223%.
Ao movimento atípico foram atribuídas as especulações sobre uma possível fusão
da companhia com Serpro e Dataprev. No entanto, mesmo com a negação dos boatos
por parte do ministro das Comunicações, André Figueiredo, que afirmou que a
preferência da pasta era que a companhia se consolidasse como única estatal de
infraestrutura no setor de telecomunicações, os papéis se mantiveram acima dos
centavos.
telecomunicações-telecom
Em tese, embora encontrem-se com pouca "gordura" para queimar (no patamar de R$
1,00), as ações da Telebras não necessitariam passar por um grupamento -- o que
permite aos acionistas a opção de rejeitar a proposta do conselho, feita em
outro momento para a empresa no mercado acionário.
De todo modo, caso o procedimento seja aprovado em AGE, a estatal será a 23ª
companhia a fazê-lo em um intervalo de um ano, sendo a maioria formada por penny
stocks. Apenas Magazine Luiza e Magnesita não estavam nessas condições e
gruparam nesse período. No entanto, ambas viam seus papéis cotados na casa dos
R$ 2 ou R$ 3 e fortemente castigados no mercado. No caso da primeira, figuraram
entre as justificativas apresentadas em comunicado ao mercado a diminuição da
volatilidade das ações e a melhora das cotações "a fim de evitar que oscilações
irrisórias -- em centavos" representem percentuais elevados", o que mostra que o
contexto não era tão diferente do das demais empresas que gruparam ações de lá
pra cá.
Outra tendência vista em boa parte das operações realizadas, e que é encarado
quase que como uma regra no mercado financeiro, é a desvalorização das ações nos
pregões seguintes. Em boa parte dos casos, grupamentos ajudam a trazer um número
maior de negócios a empresas com baixos volumes movimentados em bolsa, o que é
visto como positivo em um primeiro momento, uma vez que aumenta as
possibilidades de maior liquidez para ativos que eram negociados a centavos. Mas
o que se tem visto na prática é que os grupamentos têm aberto espaço para que
aquelas ações que não tinham mais como cair, simplesmente voltassem a se
desvalorizar.
Esse movimento foi constatado nos papéis de ao menos 12 das 21 empresas que
realizaram grupamento recentemente. Novamente os casos de Magazine Luiza e
Magnesita podem ser úteis para ilustrar os dois cenários mais frequentes. A
primeira companhia representa a regra, com forte desvalorização logo após o
grupamento em outubro de 2005. Já a segunda representa a exceção, visto que
andou de lado desde a operação realizada há cerca de um mês.
Para explicar melhor a "regra", basta pensar em como funciona um grupamento. O
preço da ação nestas situações não foi elevado porque mais pessoas decidiram
comprar e ela se valorizou, mas sim porque o preço sofreu um ajuste para cima
devido à diminuição de papéis existentes no capital social. Isso significa que o
mercado pode olhar para os fundamentos daquela empresa, como endividamento,
fluxo de caixa, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização), etc. e enxergá-la como "cara" no patamar pós-grupamento. Com isso,
surge uma pressão vendedora, já que o investidor não vai querer ter em suas mãos
um papel sobrevalorizado.
Com as ações não valendo mais centavos, os acionistas da Telebras podem evitar
que a companhia seja mais uma vítima da maldição dos grupamentos. Caso decidam
pela aprovação da operação, restar-lhes-á a torcida para que a estatal seja a
mais nova exceção à regra.