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Tele.Síntese
[22/03/16]
Bens reversíveis deveriam ir para Telebras, defende especialista - por Lia
Ribeiro Dias
Para o advogado Gabriel Heslander, com isso a estatal poderia fortalecer sua
atuação como player no mercado de atacado.
Voz discordante no painel sobre o novo marco regulatório das telecomunicações,
em que participaram representantes da sociedade civil e o conselheiro Igor
Freitas, Gabriel Laender advogado do Escritório Perezin, Porto&Amorim, defendeu
que no final da concessão da telefonia fixa, que pode ocorrer este ano, os bens
reversíveis à prestação do serviço sejam transferidos para a Telebras.
Com isso, disse ele, a estatal poderia fortalecer a sua operação de capacidade
no atacado, ficando com um ativo estratégico para a prestação do serviço de
telecomunicações. “Seria um modelo de separação estrutural de rede. Mas a
Telebras seria mais um player nesse mercado”, afirmou, durante o Encontro
Tele.Síntese, promovido pela Momento Editorial, que aconteceu hoje (22) em
Brasília.
Se com a defesa dessa tese Laender, que já trabalhou na Presidência da República
na formulação do plano de banda larga no governo Lula, pareceu ser estatista, o
que ele pensa sobre as mudanças no modelo caminham na direção contrária. É
contra o modelo atual de regulação da Anatel, que segundo ele, fecha o Brasil ao
mundo, e defendeu o fim da regulação por barreiras de entrada. Sugeriu que a
regulação passe a ser feita dentro do conceito de modularidade, a exemplo do
Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) mas sem a divisão por serviços. “É uma
regulação ex-ante mas bem genérica. Que só será seguida por quem se enquadrar
naquele modelo de negócios”, explicou, dizendo que é por aí que a regulação
caminha nos países mais desenvolvidos.
Embora admita que a Anatel tem instrumentos legais para alterar os contratos de
concessão antecipadamente e resolver a questão dos bens reversíveis, Laender
entende ser um risco adotar medidas nesse sentido por instrumentos infra-legais.
“Acho que precisa de uma pactuação maior, porque são muitos os envolvidos, tem
as operadoras, os consumidores, os órgãos de controle, os parlamentares. Por
isso, acho que deveria passar pelo Congresso, para dar mais estabilidade
jurídica aos atos”, afirmou.