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Leia na Fonte: IstoÉ Dinheiro
[19/10/16]
Telebrás tenta escapar da privatização
A Telebrás, operadora de infraestrutura de internet do governo federal, está
tentando ficar de fora dos atuais planos de privatização do governo do
presidente Michel Temer. Na terça-feira, 18, o diretor técnico operacional da
empresa, Jarbas Valente, mostrou os novos planos da companhia de economia mista
durante a Futurecom, principal evento do setor de TI e telecomunicações na
América Latina. A empresa está tentando sair do vermelho e se mostra alinhada
com as novas tecnologias de conexão de banda larga.
"Nunca ouvi uma palavra do governo sobre privatização", disse Valente ao jornal
O Estado de S. Paulo durante a Futurecom, principal congresso de TI e
telecomunicações da América Latina, em São Paulo. Apesar das negativas, rumores
sobre a privatização da companhia circulam no mercado desde maio, quando Temer
publicou um documento com propostas do PMDB para o governo federal. Entre as
diretrizes, a que mais chamou a atenção à época foi a de "privatizar tudo o que
for possível".
Os resultados financeiros negativos nos últimos anos estão entre os motivos que
fizeram a Telebrás entrar na lista de possíveis candidatas à sua segunda
privatização - a primeira vez foi em 1995, depois de décadas de monopólio dos
serviços de telecomunicações no País.
Reativada em 2010, durante o governo Lula, a empresa ressurgiu com o objetivo de
levar internet de qualidade para todos os cantos do País. Desde então, porém,
poucos projetos viraram realidade e muito dinheiro foi perdido. Até 2015, a
empresa acumulou perdas de R$ 500 milhões - apenas em 2012 a Telebrás teve
resultados positivos. Em 2016, só nos primeiros seis meses, a Telebrás já está
com um prejuízo acumulado de R$ 156 milhões.
"O Estado, com a atual crise, não tem motivo para continuar com a Telebrás",
afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. "Uma estatal como ela
demanda muito investimento. E não vejo mais o governo colocando dinheiro nisso."
Reviravolta
Para reverter o quadro e alavancar projetos, a empresa mudou de estratégia.
Durante a Futurecom, Valente apresentou um novo plano de metas da companhia - é
a primeira vez que um planejamento do tipo é incluído no plano de negócios da
Telebrás. "Passamos a traçar um plano para otimizar a nossa transformação",
disse o executivo. "Precisamos evoluir, ampliar a capacidade de rede e,
principalmente, melhorar a cultura do cumprimento dos prazos."
Ele admitiu que este tipo de iniciativa é comum na iniciativa privada, mas não
costuma ser implementado nas estatais. " Precisamos mudar isso para reforçar a
imagem da Telebrás e torná-la atraente."
Entre os projetos da estatal está o primeiro satélite geoestacionário
brasileiro, que terá capacidade para transmitir 54 gigabits por segundo e fará
transmissões na banda Ka, voltada a serviços de telecomunicações. De acordo com
a Telebrás, o satélite fornecerá banda larga para os mais de 5,5 mil municípios
brasileiros.
O projeto do satélite começou em novembro de 2013 e, até agora, recebeu
investimento de R$ 2,3 bilhões - 27% a mais que o previsto, por causa da alta do
dólar. Ele deve ser lançado, finalmente, no primeiro trimestre de 2017 - a
previsão inicial era de que o sistema seria entregue ainda em 2016. "Com o
satélite, vamos alcançar cidades que nunca tiveram acesso à internet", afirma
Valente.
A Telebrás quer ainda ampliar outros dois antigos projetos relacionados à
estrutura da internet. O primeiro é o do cabo submarino que vai ligar a cidade
de Santos, em São Paulo, a Lisboa, em Portugal. Em desenvolvimento desde 2015, o
cabo feito em parceria com a Islalink deverá ser entregue ainda no começo de
2017, com quase 9,3 mil quilômetros de extensão. O investimento previsto é de
US$ 250 milhões. Além disso, a Telebrás quer aumentar o alcance da rede de fibra
óptica no País, um dos poucos programas realizados pela empresa que visa a
atender diretamente os usuários finais.
Com uma rede de cerca de 28 mil quilômetros e 17 cidades atendidas, a estatal
quer levar a rede para outros lugares do País, conectando regiões sem internet -
como a Amazônia, que já recebeu fibra óptica em dois municípios, conectando 144
mil pessoas - e escolas, com o programa Minha Escola mais Inteligente, que está
em fase de testes e projeta conectar 30 mil escolas até 2019.