WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Telebrás e PNBL --> Índice de artigos e notícias --> 2017
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Clube de Engenharia
[26/04/17]
A privatização do Satélite da Telebrás: mais uma ameaça à nossa soberania
Na esteira de reformas feitas na surdina, sem participação da sociedade, a
privatização do satélite da Telebrás é mais uma iniciativa de delegar ao mercado
soluções que deveriam provir da política pública de inclusão digital. E o
mercado, entenda-se, as prestadoras de serviços de telecomunicações, já deixou
claro que não tem interesse em inclusão digital pois, desde que aquelas
empresas, há 20 anos, assumiram os serviços prestados pela Embratel, apenas 16%
dos domicílios das classes D e E e 22% de domicílios rurais têm acesso à
internet. Apesar disso, o governo esboça mais um movimento de entrega das
comunicações nacionais ao mercado, deixando de lado os indispensáveis requisitos
de soberania, segurança e atendimento social.
Atualmente cerca de 50 satélites oferecem serviços no território nacional, todos
pertencentes a empresas multinacionais. Não é de hoje que as nossas Forças
Armadas clamam por dispor de canal próprio para seu tráfego de dados, por
questão de segurança. Para atendê-las foi concebido o projeto do Satélite
Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC) da Telebrás. Mais ainda,
buscou-se também atender a objetivos sociais, de modo a levar a internet a
escolas, hospitais e repartições públicas.
O SGDC, a ser lançado nos próximos dias, corre risco de ter sua finalidade
desfigurada, pois o governo pretende licitar 80% da sua capacidade para empresas
multinacionais e terceirizar a sua operação. Não restará capacidade sequer para
ativar internet nas escolas rurais e em periferias de grandes cidades. Mais
ainda, a licitação proposta embute uma fraude, pois a Telebrás, quando da
autorização para desenvolver o SGDC, ganhou o direito de explorá-lo sem
licitação, por valor simbólico, com a condicionante de atender ao Plano Nacional
de Banda Larga (PNBL): objetivo social.
A venda da capacidade do satélite sem que haja pagamento pela posição orbital
representa uma abdicação do Estado em estabelecer política pública adequada ao
provimento de serviços de telecomunicações, uma entrega injustificada de
patrimônio público à iniciativa privada, e um atentado à soberania e segurança
nacionais.
O Clube de Engenharia se soma às manifestações de repúdio à proposta do governo,
provindas, entre outras, do Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunicações
por Satélite (SINDISAT), para o qual a exploração do SGDC deve se dar dentro do
que estabelece o PNBL, e não “deveria causar impacto comercial e competitivo”
das comunicações por satélites, já antevendo uma disputa por mercados e da
Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (ABRINT),
para qual o modelo proposto pela Telebrás é um equivoco por “não ter nenhum
objetivo de atendimento social” e reitera seu compromisso permanente de defender
a soberania nacional.