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Leia na Fonte: Teletime
[26/02/18]
Telebras e Viasat, dos EUA, formam parceria para explorar o SGDC - por
Samuel Possebon
A Telebras e a empresa norte-americana Viasat anunciaram nesta segunda, dia 26,
uma parceria estratégica para explorar o uso do Satélite Geoestacionário de
Defesa e Comunicação (SGDC), operado pela estatal brasileira. A parceria prevê
que a Viasat terá acesso à capacidade comercial do satélite para oferecer
serviços de banda larga no Brasil para empresas, mercado de aviação comercial e
serviços residenciais baseados em Wi-Fi em regiões com carência de
infraestrutura.
A Viasat é uma empresa que opera banda larga via satélite nos EUA e fatura cerca
de US$ 1,2 bilhão anuais. A empresa tem a atuação dividida entre os segmentos
residencial, onde conta com cerca de 590 mil clientes; comercial, onde o
principal foco tem sido na oferta de comunicação embarcada para aeronaves (IFC);
e principalmente para o segmento governamental. Hoje, as vendas para governo
representam cerca de 48% das receitas da Viasat, o segmento residencial responde
por 38% e o segmento comercial traz 14% das receitas. A Viasat tem planos de
entrar em todas as verticais em que atua nos EUA também no Brasil, e ainda trará
ao país um modelo de conexão para áreas remotas e carentes por meio de redes
WiFi com backhaul via satélite.
A parceria com a Viasat era o caminho bastante provável depois que o SGDC não
conseguiu interessados no leilão de venda de capacidade, realizado no ano
passado, e que ficou vazio. A empresa de Carlsbad, Califórnia, era uma das
principais interessadas, mas no fim os termos do edital acabaram não agradando a
empresa. A Telebras então partiu para o plano B e decidiu selecionar o parceiro
por meio da lei das estatais, a Lei 13.303/2016, que não exige a realização de
leilão. O acordo entre as duas empresas se dará em bases muito mais flexíveis do
que as previstas no edital.
Segundo informações apuradas por este noticiário, a parceria com a Viasat
permite a ocupação de 100% da capacidade não-militar do SGDC, de um total de
quase 60 Gbps, mas o total que ficará reservado para a Telebras e o que a Viasat
poderá dispor livremente não estão divulgados. Especula-se que seja uma partilha
da ordem de 60/40 em favor da Viasat. Os termos comerciais da parceria também
não são conhecidos ainda, mas o modelo é de compartilhamento de receita, e
espera-se que em 10 anos sejam gerados mais de US$ 1 bilhão em receitas no
Brasil.
Segundo a empresa norte-americana, a colaboração irá "ajudar a complementar" o
Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), combinando a capacidade em banda Ka com
a infraestrutura e rede da Viasat, que ainda usará a experiência em "levar
serviços de banda larga escalável e acessível para comunidades onde o serviço de
Internet tem sido historicamente indisponível". Com a parceria, a Viasat apoiará
a Telebras em projetos governamentais, como o Banda Larga para Todos, Gesac ou o
Banda Larga nas Escolas, projetos para os quais a Telebras foi ou está sendo
contratada. Sabe-se que este tipo de projeto de conexão a áreas rurais e de
baixa renda tem sido um dos focos da Viasat no México, onde a empresa atua por
ter cobertura satelital residual dos EUA.
Os equipamentos e a tecnologia da Viasat deverão dar suporte às operações da
Telebras que utilizem o SGDC, assim como a rede da Telebras deve dar o suporte
terrestre para as operações da Viasat. A expectativa é que os primeiros
equipamentos da Viasat comecem a chegar no Brasil já em fevereiro, com início do
serviço em abril.
"Nosso acordo com a Viasat nos permite estabelecer a infraestrutura necessária
para levar comunicações de dados de amplo alcance, confiável e de alta
velocidade – mesmo nas regiões mais remotas e menos populosas do país", disse em
comunicado o presidente da Telebras, Maximiliano Martinhão. Ele afirma que
espera que a parceria permita à empresa brasileira entregar as políticas
públicas de universalização da Internet, enquanto constrói um "futuro
competitivo globalmente" por meio da criação de empregos e capacitação,
reduzindo as disparidades sociais com o acesso à banda larga. "Para resumir,
este acordo significa confiança na recuperação da economia do Brasil e
habilidade da Telebras de atingir seus objetivos." O CEO da Viasat, Mark
Dankberg, disse estar comprometido em "ajudar o Brasil a perceber as
oportunidades e benefícios que podem ser conseguidos com a conectividade no
país".
A Viasat enfrenta, nos últimos meses, uma restrição para o crescimento de base
nos EUA por conta da saturação de capacidade de seu satélite. Esta é uma das
razões pelas quais sua base de clientes residenciais tem tido um leve declínio,
já que a operadora se foca nos usuários mais rentáveis enquanto não tem
capacidade. Espera-se que este problema seja aliviado com o Viasat 2, um
satélite de altíssima capacidade (300 Gbps) lançado em junho do ano passado e
que deve entrar em operação nos próximos dias. A empresa tem ainda uma série de
satélites da série Viasat 3 programados e que devem estender a cobertura para
outros países, inclusive Oriente Médio e Europa, e que devem ir ao espaço entre
2019 e 2020. O Brasil estava no mapa da Viasat, mas a parceria com a Telebras
vai acelerar a entrada da empresa no Brasil.