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Leia na Fonte: Teletime
[12/07/18]
Teles vão à Justiça e ao TCU contra contratações da Telebras sem licitação -
por Samuel Possebon
As operadoras de telecomunicações abriram uma verdadeira guerra contra a
Telebras na frente comercial de oferta de serviços ao governo. O SindiTelebrasil,
que representa as grandes operadoras do mercado e já havia contestado a
contratação por inexigibilidade de licitação da estatal para a oferta do GESAC
(Programa Governo Eletrônico – Atendimento ao Cidadão). Há cerca de um mês
passou a questionar outros contratos da Estatal obtidos sem licitação tendo como
argumento o decreto do Plano Nacional de Banda Larga (Decreto 7.175/2010) quanto
o Decreto 8.135/2013 (que estabelece dispensa de licitação para comunicações de
dados que possam comprometer a segurança nacional por parte da administração
pública federal direta, autárquica e fundacional). E esta semana levou a disputa
ao Tribunal de Contas da União, com a apresentação de duas denúncias (uma sobre
o GESAC e outra sobre outros casos de dispensa de licitação).
O argumento central das teles, em todos os casos, é que a contratação sem
licitação traz danos ao erário por privar o governo de uma contratação nas
melhores condições possíveis, com competição plena entre os diferentes atores
que poderiam oferecer os mesmos serviços, como prevê a Constituição.
Para as teles, os decretos não podem sustentar dispensa de licitação, o que
depende exclusivamente de condições estabelecidas em lei. E mesmo no caso em que
a dispensa de licitação aconteceu sob o argumento de segurança nacional, as
operadoras privadas alegam que a Telebras presta o serviço muitas vezes
utilizando-se de meios de terceiros.
O mercado de serviços ao Governo Federal é estimado pela própria Telebrás em
mais de R$ 5 bilhões ao ano, e representa uma parte importante da atuação
comercial das operadoras. Lembrando que o mercado de telecomunicações foi
desestatizado em 1998 e estabeleceu-se um regime de plena competição. De modo
que, dizem as teles, a atuação da Telebras sem licitação é uma ofensa ao próprio
modelo de telecomunicações estabelecido.
Entre os outros contratos que estão sendo questionados na Justiça e junto ao
Tribunal de Contas da União (TCU) estão a prestações de serviços ao
- Comando da Aeronáutica, no valor de R$ 20,5 milhões;
- Agência Nacional de Transportes (ANTT), no valor de R$ 10 milhões;
- Ibama, no valor de R$ 7,2 milhões;
- Ministério do Trabalho, no valor de R$ 63 milhões; e
- Dataprev, no valor de R$ 290 milhões.
Além, é claro, do Gesac, de mais de R$ 660 milhões.
No caso do Gesac, que questiona tangencialmente também o acordo da Telebras com
a Viasat (pois a Viasat é que será responsável por fornecer os equipamentos que
permitirão à estatal a prestação dos serviços), a ação judicial não resultou em
liminar na primeira instância e também houve recurso para suspensão do contrato
no TRF negado, mas o mérito ainda não foi julgado. No caso das demais
contratações, a ação pede suspensão liminar mas ainda não houve decisão. No
Tribunal de Contas da União, a primeira denúncia foi encaminhada no último dia
10 e uma nova denúncia deve dar entrada ainda esta semana. Não houve
manifestaçao do TCU, portanto.