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Leia na Fonte: O Globo
[29/07/18]  Telebrás acumula prejuízos e gasta cada vez mais com servidores

BRASÍLIA — Ressuscitada no fim do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para intensificar a implantação da infraestrutura necessária ao Plano Nacional de Banda Larga, a Telebrás acumula prejuízos e gasta cada vez mais com servidores, terceirizados e custos operacionais, que são três vezes maiores que sua receita operacional líquida. Só no ano passado, a empresa perdeu R$ 243 milhões.

Apesar de dar prejuízo desde 2013, o quadro de pessoal cresceu 25%. A empresa tem 417 empregados, com os quais gastou, no ano passado, R$ 67,1 milhões. Com ações negociadas na Bolsa, a Telebrás é controlada pelo governo federal, com 87% do total das ações. O presidente da estatal, Jarbas Valente, diz que a Telebrás herdou R$ 520 milhões em dívidas do antigo Sistema Telebrás:
— Sem essa dívida, a Telebrás seria rentável.

De 2011 até agora, o governo colocou R$ 2,2 bilhões na Telebrás. A maior parte, 75% dessa verba, foi para construir o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), maior e mais polêmico investimento.
O satélite foi lançado em maio do ano passado e atende também às Forças Armadas. Mas uma disputa judicial, que só foi resolvida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em meados deste mês, impediu a operação.

Atuação controversa

O problema começou com a publicação do edital, em outubro de 2017, para eleger a empresa que se associaria à Telebrás para distribuir a banda larga do satélite. Nenhuma empresa nacional se interessou, e a Telebrás negociou com a americana de comunicação por satélite Viasat.

O acordo foi fechado em fevereiro e questionado por empresas nacionais. Em março, a Justiça do Amazonas suspendeu o contrato, a pedido da empresa Via Direta — que tentou, sem sucesso, negociar com a Telebras. O assunto só foi resolvido pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, que autorizou o prosseguimento do contrato. A estatal calcula perdas de R$ 80 milhões com o litígio judicial.

Pelo contrato, a estatal paga a Viasat para instalar pontos de conexão em locais como escolas, e a empresa americana paga a Telebras para explorar o serviço de internet em zonas que hoje não têm sinal.

A atuação da Telebras divide a opinião de especialistas. Claudia Viegas, da LCA Consultores, defende uma definição clara do papel da empresa:
— Onde for possível ter capital privado, é melhor ter capital privado.

Jacintho Câmara, professor da PUC-SP, diz ser difícil justificar a recriação da Telebrás:
— Mas não permitir que ela desempenhe sua função me parece mais irracional ainda.

Cláudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, critica:
— A recriação foi um erro. Seria mais eficiente fazer a universalização via setor privado.