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Leia na Fonte: G1
[01/06/18]
STF mantém suspensão do acordo entre Telebras e Viasat para satélite brasileiro
bilionário - por Por Helton Simões Gomes
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta sexta-feira (1º) manter a
suspensão do acordo entre a Telebras e a norte-americana Viasat para operar o
satélite usado pela estatal para atender programas de expansão da banda larga do
governo federal.
A decisão, proferida pela presidente do STF Carmen Lúcia, não tratou do mérito
da ação, que questiona se o contrato coloca em risco a soberania do Brasil.
"Indefiro a presente medida de contracautela, reiterando não se ter com essa
decisão antecipação sobre o mérito da matéria submetida a exame na ação
ordinária", escreveu a ministra.
O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) tem seu
uso compartilhado entre militares e civis. O Exército usa 30% da capacidade do
equipamento para conectar suas instalações, como postos da fronteira. Já a
Telebras, que é uma empresa de capital misto, usa o restante para fornecer
conexão contratada por diversos órgãos do governo federal.
Para operar sua parte do satélite, a Telebras contratou a Viasat após manter um
processo de chamamento público aberto por oito meses e não encontrar
interessados. A empresa amazonense Via Direta Telecomunicações entrou na Justiça
alegando que foi preterida do processo depois de iniciar as negociações para
operar parte da capacidade do satélite e conseguiu decisão suspendendo o
contrato entre a Telebras e a Viasat.
A Telebras afirma que a Via Direta sequer apresentou proposta para participar do
negócio. Após a Telebras recorrer e perder na segunda instância, o processo
subiu para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que o encaminhou ao STF porque,
além da questão contratual, a Via Direta questionou se o acordo colocaria a
soberania do país em risco.
Em nota, a Telebras voltou a reafirmar que o contrato com a Viasat foi feito com
base na Lei das Estatais. Informou ainda que a decisão não interfere em outras
ações e recursos movidos pela empresa. "Outros recursos em tramitação em outras
instâncias não foram prejudicados." (veja a nota abaixo)
A Viasat chamou a decisão do STF de "frustrante", mas, segundo informa em nota,
continua acreditando que "a Justiça brasileira concluirá que nosso acordo é
legal e busca fornecer, de forma rápida e acessível, benefícios críticos à
população brasileira" (veja a nota abaixo).
Sem antenas
A Telebras já havia começado nesta semana a desligar os únicos quatro pontos de
conexão à internet que eram abastecidos pelo satélite geoestacionário
brasileiro. Com isso, de acordo com a estatal, neste momento o satélite está sem
uso civil -- é utilizado apenas pelo Ministério da Defesa, para fins militares.
O desligamento atende a uma determinação do Tribunal Regional Federal da
Primeira Região (TRF-1).
Após a decisão do STF, a empresa afirmou que "está pronta para, a qualquer
momento, retomar as instalações dos pontos de conexão e levar internet de
qualidade a todos os municípios brasileiros a preços acessíveis".
Sobre a retirada de antenas receptoras do sinal do satélite, a empresa
norte-americana informou estar "profundamente desapontada pelo fato de a
Telebras ter sido obrigada a encerrar o serviço oferecido para as crianças em
idade escolar e funcionários do governo em Pacaraima". "É lamentável que um
tribunal brasileiro possa permitir que a Via Direta retenha benefícios imensos
para o povo brasileiro."
Veja a nota da Telebras:
Em relação ao indeferimento do pedido de contracautela pela presidente do
Supremo Tribunal Federal, ministra Carmen Lucia, nesta sexta-feira (1), a
Telebras esclarece que:
- Esta ainda não é a decisão do mérito. Ou seja: todos os outros recursos em
tramitação em outras instâncias não foram prejudicados;
- A Telebras reforça a lisura do contrato associativo firmado com a Viasat,
feito com base no art. 28 da Lei das Estatais (13.303/2016), que distancia
qualquer característica de licitação;
- A companhia está pronta para, a qualquer momento, retomar as instalações dos
pontos de conexão e levar internet de qualidade a todos os municípios
brasileiros a preços acessíveis;
- Continuaremos à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos e confiamos
que a situação será revertida em breve.
Veja a nota da Viasat:
A Viasat segue respeitando as leis brasileiras. A decisão judicial emitida hoje
é frustrante não somente para a Viasat e para a Telebras, mas também para a
população brasileira. A Viasat investiu anos de planejamento e milhões de
dólares no país para ajudar a população em regiões afastadas -- de famílias,
estudantes, pacientes e médicos hospitalares a oficiais do governo.
São essas as pessoas, vivendo em áreas desconectadas, que permanecem sem acesso
à internet de alta qualidade e sem os benefícios que a comunidade digital global
pode oferecer a eles. Possuímos tecnologia comprovada e um contrato legalmente
assinado com a Telebras para conectar o satélite SGDC-1 no intuito de ajudar o
Brasil a reduzir a exclusão digital em direção ao desenvolvimento econômico e
social.
Estamos otimistas com o dia em que os termos do nosso acordo com a Telebras
serão compreendidos e julgados de acordo com os devidos méritos e fatos.
Acreditamos que a Justiça brasileira concluirá que nosso acordo é legal e busca
fornecer, de forma rápida e acessível, benefícios críticos à população
brasileira.