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Leia na Fonte: Teletime
[08/05/18]
PGR recomenda manter suspenso contrato da Telebras com Viasat - por Bruno do
Amaral
A parceria da Telebras e da Viasat sofreu mais um revés. Em parecer encaminhado
ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 8, a Procuradora-Geral da
República, Raquel Dodge, defende a manutenção da suspensão do contrato das
empresas para a exploração da capacidade comercial do Satélite Geoestacionário
de Defesa e Comunicação (SGDC), decorrente da liminar conseguida pela Via
Direta, na Justiça do Amazonas.
Na manifestação dela, a alegação de possíveis prejuízos aos programas de
universalização do governo não são suficientes para manter o acordo. E destaca
que a cláusula de comercialização de 100% da capacidade em banda Ka do satélite
é ilegal por se caracterizar como condição diferente da ofertada no leilão
fracassado de 2017.
Dodge afirma também que, após o fracasso do leilão do SGDC em 2017, a Telebras
"não adotou qualquer das determinações legais: não demonstrou a impossibilidade
de repetição da seleção e tampouco manteve as condições estabelecidas no leilão
anterior para a contratação direta". Em vez disso, ressalta, a empresa preferiu
celebrar contrato direto com a Viasat para celebrar exploração de 100% da
capacidade em banda Ka do satélite.
Mesmo com regras mantidas sob sigilo, ela entende que essa condição permitindo a
exploração da totalidade de capacidade já é "suficiente para se entender
descumprido o referido art. 29-III da Lei 13.303/2016", a Lei das Estatais,
porque o edital original previa o leilão em lotes, de forma setorizada. A
procuradora-geral diz que isso causa "perplexidade e gera dúvidas acerca de
possíveis privilégios ao particular, tratamento desigual entre os interessados e
prejuízo ao erário". Afirma ainda que causa o esvaziamento da função da estatal
como responsável pela operação do satélite, "sem qualquer reserva de
exclusividade que garanta a implementação dos objetivos do Programa Nacional de
Banda Larga – PNBL".
O parecer esclarece que essa reserva mínima não apenas asseguraria a
universalização da conexão, mas também segurança das informações governamentais.
No entendimento da magistrada, o acordo subverte o conceito de soberania
nacional ao dar 100% dos dados operacionalizados à Viasat, incluindo demandas da
administração pública. Até por não se saber detalhes do contrato ou de
obrigações da empresa norte-americana com os Estados Unidos. "E não se está
falando, in casu, de segurança no âmbito das comunicações militares ou de defesa
nacional e, portanto, de dados relacionados à Banda X do satélite brasileiro."
Raquel Dodge também justifica a suspensão imediata dos serviços, afirmando que a
tutela antecipada pedida pela Telebras e pela Viasat para o uso do SGDC poderia
ser estendida por toda a execução do prazo previsto em contrato até que uma
decisão final fosse tomada pela Justiça. "Diante de todo o exposto, óbices ou
atrasos nas ações referentes aos programas de acesso à Internet desenvolvidos
pela União não constituem fundamento suficiente para o acolhimento da
suspensão", diz ela no parecer. Mesmo que a decisão traga impacto negativo na
execução imediata de políticas públicas, afirma, há a necessidade de se
preservar o bem maior, "como a lisura da ação administrativa, o patrimônio
público e a defesa da soberania nacional".
Em resposta, a Telebras enviou posicionamento no qual diz que vai recorrer, e
assegura haver lisura no processo. Confira na íntegra:
Em relação ao parecer da Procuradoria-Geral da República, disponibilizado
nesta terça-feira (8), a Telebras informa que solicitará nova oportunidade junto
às instâncias do Judiciário para esclarecer a lisura do processo de parceria com
a Viasat e oferecer todas as informações sobre o contrato ao Poder Judiciário.
Ciente das suas responsabilidades, a Telebras confia na atuação da Justiça a fim
de manter a implementação dos objetivos do Programa Nacional de Banda Larga.