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Leia na Fonte: Jornal Argumento
[16/03/18]
Mais escândalo: Brasil entrega satélite aos EUA (repercute artigo do Clube
de Engenharia:
O Satélite Geoestacionário e a Soberania)
A Telebrás, com o aval do Ministério da Ciência Tecnologia Inovação e
Comunicações (MCTIC) acaba de firmar um acordo com a norte- americana Viasat,
entregando a capacidade do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações
Estratégicas (SGDC) à implementação e fornecimentos da empresa norte-americana.
Em texto publicado sobre o caso no site do Clube de Engenharia, o diretor de
Atividades Técnicas da entidade, Marcio Patusco, afirma que a negociação se deu
sem muitos detalhes da operação. "O governo tem obrigação de explicar à luz das
normas de licitações e da ética, a mudança do escopo do projeto original", diz
ele.
"Ora, uma das motivações do SGDC foi exatamente a denúncia que Edward Snowden
deu conhecimento ao mundo, em 2013, de que órgãos públicos e empresas
brasileiras, haviam sido espionados por entidades oficiais americanas e que
vinham a afetar a nossa soberania. Mudado o governo, a soberania nacional não
importa mais?", questiona.
Leia a íntegra de seu artigo:
Leia na Fonte: Clube de Engenharia
[13/03/18]
O Satélite Geoestacionário e a Soberania - por Por Marcio Patusco
Marcio Patusco é Diretor de Atividades Técnicas do Clube de Engenharia
Durou pouco, nas ações deste governo, a intenção de efetivamente destinar o
Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) para
políticas públicas. Depois da fracassada tentativa de venda de sua capacidade
para empresas estrangeiras ou nacionais, o que representaria uma deformação do
objetivo inicial do projeto, já que não havia no edital de licitação nenhum
compromisso formal de universalização do acesso à banda larga, agora, depois de
muito sigilo insuspeito, sorrateiramente foi divulgado mais um golpe contra a
população desassistida de acesso à internet em nosso país.
A Telebrás, com o aval do Ministério da Ciência Tecnologia Inovação e
Comunicações (MCTIC), sem muitos detalhes da operação, acaba de firmar um acordo
com a americana Viasat, entregando a capacidade do satélite à implementação e
fornecimentos desta empresa. Ora, uma das motivações do SGDC foi exatamente a
denúncia que Edward Snowden deu conhecimento ao mundo, em 2013, de que órgãos
públicos e empresas brasileiras, haviam sido espionados por entidades oficiais
americanas e que vinham a afetar a nossa soberania. Mudado o governo, a
soberania nacional não importa mais?
Nessa sanha privatista, havia uma batata quente assando, já que o satélite
estava em órbita queimando combustível em sua escassa vida útil de 15 anos e
nenhuma ação vinha sendo tomada para sua efetiva utilização, prioritariamente na
diminuição do nosso abismo digital entre as áreas urbanas e rurais e no
atendimento das classes C,D e E. A alegação de falta de recursos pelo MCTIC não
se sustenta quando se sabe que o Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (FUST) arrecada bilhões de reais anualmente. Só que as
conveniências de fazer caixa resultam em que essa arrecadação sistematicamente
não seja aplicada para o objetivo para a qual foi criada, e sim para pagar juros
da dívida pública aos banqueiros.
No entanto, nesse suspeitíssimo acordo depois de uma licitação tornada vazia, o
governo tem obrigação de explicar à luz das normas de licitações e da ética, a
mudança do escopo do projeto original, o alegado e possível favorecimento de uma
empresa estrangeira que vem a enfraquecer a soberania nacional, e ainda
esclarecer os detalhes, os compromissos e as obrigações desse contrato. Ainda
mais recentemente, passou-se a declarar que os atendimentos de localidades
remotas, escolas rurais, postos de saúde, hospitais e órgãos governamentais,
seriam realizados, até com sobras de capacidade, sem que nenhuma demonstração
técnica e de qualidade de cada conexão no compartilhamento dos recursos do
satélite tenha sido apresentada. Como se sabe, o projeto de banda larga nas
escolas urbanas foi um insucesso exatamente pela velocidade insuficiente a ser
compartilhada por professores, alunos e sistemas da própria escola. Vão repetir
o mesmo erro?
O fato é que o artefato satelital passou, com a proximidade das eleições, de
"patinho feio" do atual governo, para uma ilusória solução "de implementação de
políticas públicas" apenas para ocultar, na fala vazia e oportunista de
políticos já em campanha, a falta de planejamento e compromissos firmes com a
busca de soluções efetivas para nossas deficiências no oferecimento de serviços
à população. Já vimos isso anteriormente no fracassado Plano Nacional de Banda
Larga (PNBL)