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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[04/02/19]
PGR pede que STF suspenda contrato entre Telebras e Viasat - por Rafael
Bucco
A Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, pediu na última sexta-feira, 1º,
que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenda o contrato firmado entre a
Telebras e a Viasat no final de 2017. Para Dogde, o contrato tem “ilegalidades”
que trazem riscos ao patrimônio público caso o serviço seja prestado até que o
STF julgue o mérito da questão – ou seja, se o acordo deve ou não ser anulado.
“As duvidosas circunstâncias da contratação, o enorme volume de recursos
públicos envolvidos e as irregularidades e desequilíbrio financeiro já
constatados pelo Tribunal de Contas da União impõem a intervenção do Supremo
Tribunal Federal, para que, cautelarmente, minimizem-se os prejuízos ao erário e
sejam preservados a lisura da ação administrativa e o patrimônio público”, diz a
PGR.
Dodge ressalta que o TCU exigiu que a estatal revisse os termos com a Viasat
antes de prosseguir com a cessão da capacidade em banda Ka do satélite
brasileiro SGDC. E que o próprio STF autorizou a continuidade ao suspender
liminar que pedia a paralisação do contrato. Para a PGR, tais medidas são
insuficientes para conter danos.
“Ocorre que a continuidade do contrato de parceria em discussão é que acarreta
extremo risco para os valores públicos protegidos pela medida. Aliás, o risco de
lesão, neste momento, mostra-se ainda mais robusto, tendo em vista o transcurso
de quase um ano da parceria e, por conseguinte, os recursos públicos aplicados
neste período; e a confirmação pelo Tribunal de Contas da União de que o
contrato firmado entre a estatal brasileira e a empresa americana tem fortes
indícios de ilegalidade”, diz.
DISPARIDADE DE VALORES E PNBL EM RISCO
Entre os problemas, Dodge elenca a grande diferença de lucros que viria da
exploração da capacidade em banda Ka do satélite. A Viasat, diz a PGR com base
no parecer técnico do TCU, teria vantagem “significativamente superior à
Telebras”.
Ressalta, ainda, que ao ceder 100% da capacidade em banda Ka para a exploração
por parte da Viasat, a Telebras colocou em risco a continuidade do Programa
Nacional de Banda Larga (PNBL).
“O contrato, no que se refere à prestação de serviços de infraestrutura ou para
usuários finais, utilizando o satélite brasileiro, condicionou a atuação da
Telebras a uma aprovação prévia da Viasat (…) Isso representa um risco
relevante, uma vez que submete a estatal de forma desarrazoada ao particular e
pode gerar um monopólio na exploração dos recursos do satélite, por parte da
Viasat, em localidades onde inexista oferta adequada desses serviços, em clara
afronta ao objetivo primeiro do PNBL de massificar a Internet banda larga no
Brasil”.
Aqui, o arquivo público contendo o pedido de agravo da PGR.
A questão chegou ao STF após processo por perdas e danos aberto pela empresa Via
Direta, do Amazonas, que afirma ter negociado uso de parte da capacidade do SGDC
antes que o contrato de cessão de 100% dessa capacidade à Viasat fosse firmado.
A Telebras recorreu e pediu que o processo tramitasse em Brasília. A estatal
também obteve liminar autorizando a continuidade do contrato provisoriamente,
até que o STF julgue definitivamente a questão – o que não tem prazo para
acontecer.
Desde o lançamento do SGDC, em 2017, até hoje, passaram-se quase dois anos. O
equipamento custou R$ 2,8 bilhões aos cofres públicos e tem vida útil estimada
de 18 anos. O satélite trabalha com banda X, de uso exclusivo militar, em
operação e fora da abrangência do imbróglio. E com banda Ka, alvo da disputa.
O QUE DIZ A TELEBRAS
Procurada, a Telebras defendeu o acordo feito com a Viasat e ressaltou que o TCU
confirmou a legalidade do contrato. Confira o posicionamento, na íntegra:
“A empresa ainda não foi intimada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas
reforça que a escolha da parceira Viasat foi feita com base legal, de forma
transparente e idônea. O Tribunal de Contas da União (TCU) confirmou a
legalidade do contrato de parceria entre a Telebras e a Viasat no dia 31 de
outubro de 2018, e determinou alguns ajustes em cláusulas econômicas, o que foi
feito pela Telebras e protocolizado naquele Tribunal no dia 1º de fevereiro de
2019, conforme o “Fato Relevante” publicado pela empresa na Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) nessa mesma data.”