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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[06/01/20]
Telebras desiste do cabo submarino Brasil-Europa - por Rafael Bucco
Segundo a Telebras, mudanças na lei orçamentária de 2020 põe em xeque sua
capacidade de financiar o direito “irrevogável” de uso de capacidade no novo
cabo Ellalink
A Telebras avisou ao mercado que não irá mais acessar o cabo Ella Link, que liga
o Brasil à Espanha. O presidente da estatal explicou, em comunicado enviado à
CVM em 26 de dezembro, que a companhia não teve dinheiro para arcar com os
compromissos de uso de conexão em 2019, e não terá em 2020.
Waldemar Ortunho Junior diz que a proposta de mudança na Lei de Orçamentária
Anual (LOA) enviada pelo governo federal ao Congresso enquadra a Telebras no
Orçamento Fiscal e da Seguridade Social como empresa dependente. A medida
impedirá o repasse de montantes para investimentos por parte da estatal – além
de abrir caminho para a privatização.
A novela em torno da construção do cabo não é recente. O cabo é fruto de um
acordo entre a estatal e a companhia brasileira e a espanhola IslaLink, firmado
em 2014. À época, criou-se uma joint venture para a construção de uma rota
submarina ligando todos os países da América do Sul à Europa, sem que os dados
precisassem transitar por servidores nos Estados Unidos. A conexão direta
permitiria a troca de dados entre institutos de pesquisa da região para o velho
continente.
Em 2014, calculava-se que seriam precisos R$ 185 milhões para atravessar o cabo
de fibra através do Atlântico. Três anos mais tarde, em 2017, o cálculo já
subira para 206 milhões… de dólares. Havia demanda, principalmente da rede
acadêmica Bella (formada por institutos da América do Sul e Europa), para usar o
cabo. Esta chegou a reservar recursos diante da expectativa, frustrada, de
lançamento comercial da infraestrutura ainda naquele ano. Ao mesmo tempo, a
empresa espanhola mudou de dono e nome ao menos três vezes: foi Islalink,
Eulalink, atualmente é Ellalink.
Sem dinheiro, a Telebras trocou a fatia de 35% que detinha na joint-venture pelo
compromisso firme de contratação de capacidade no cabo. É este compromisso que,
avisa, agora não poderá atender por falta de recursos. Por enviou um pedido
“amigável” de rescisão contratual.
“A Telebras aguardará a resposta da Ellalink acerca da proposta de rescisão
amigável e manterá informados seus acionistas, o mercado e o público em geral
acerca do fato acima relatado, em especial, na hipótese de extinção do
contrato”, diz a Telebras.
Hoje, o cabo é administrado por uma holding situada na Irlanda. Segue em
construção, e segundo a Ellalink, entrará em operação comercial ainda este ano.
Entre os clientes, está a mesma rede Bella que havia reservado dinheiro para
injetar na iniciativa no passado. No Brasil, o Ellalink usará estação de chegada
da Telxius (Grupo Telefónica). A construção ficou à cargo da Alcatel Submarine
Networks, prevê a instalação de 9 mil km de fibra no leito do oceano, e
capacidade de 72 Tbps.