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Leia na Fonte: Teletime
[30/03/21]
Minoritários da Telebras vivem expectativa por conversão de ações, mas não há
perspectivas - Por Henrique Julião
A sinalização, no final do ano passado, de que a Telebras estudaria a conversão
de suas ações preferenciais (PN) em ordinárias (ON) tem causado expectativa
entre acionistas minoritários da empresa, mas sem perspectivas concretas de um
desfecho.
A possibilidade de conversão das ações está em aberto desde outubro: na ocasião,
a diretoria de governança e relações com investidores da Telebras apresentou, em
reunião ordinária do conselho de administração, o "status de estudo de
viabilidade de conversão de ações PN em ON". O informe consta em ata da reunião.
Mas segundo apurou este noticiário junto à estatal, não houve qualquer avanço
sobre os estudos desde a "cogitação" expressa em outubro. Parado, o processo de
conversão possivelmente não deve ser feito enquanto não houver clareza de como –
e se – vai ocorrer a privatização da estatal.
A Telebras compõe a carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do
governo federal e o tema segue em estudos. Recentemente, o governo voltou a dar
sinais de que pode avançar na privatização das empresas vinculadas à pasta de
Comunicações. Correios e EBC tiveram evoluções recentes em seus respectivos
processos, provocadas pelo ministro Fábio Faria, e pela lógica a Telebras seria
a próxima.
Dependência
Para investidores minoritários, a situação é classificada como confusa. "Não dá
para saber para qual lado a Telebras está se movendo: o de ampliar o capital
privado na empresa, que hoje é só 9%, ou se há intenção de encampar ações PN e
convertê-las para a classe ON", afirmou o porta-voz de um grupo de investidores
da estatal, Manoel Garcia da Silveira Neto.
Há também o entendimento de que a conversão afastaria um risco existente desde a
classificação da Telebras como dependente da União, no fim de 2019.
Como as subvenções públicas já estão beneficiando o balanço financeiro da
companhia, um eventual lucro da empresa acarretaria na distribuição de
dividendos às custas de recursos públicos – e com prioridade para os chamados "preferencialistas".
"Se não distribuir, os acionistas PN podem judicializar, porque vão se sentir
prejudicados", afirma Neto. O risco da situação "controversa" deixaria de
existir em caso de conversão das ações, segundo avaliação.
Para um segundo interlocutor dos minoritários ouvido por TELETIME, o efeito
positivo de governança também inclui a possibilidade de entrada no Novo Mercado,
com eventual reflexo positivo no valor dos papéis.
Desde o começo de 2021, as ações PN da Telebras desvalorizaram 17,4% e as ON,
16,1%. Já ao longo do ano passado os papéis preferenciais subiram 6,4%, enquanto
os ordinários registraram queda de 11% no valor. Em 2020, as ações da companhia
movimentaram mais de R$ 370 milhões na B3.
Distribuição
A Telebras encerrou o ano passado com 67,8 milhões de ações, sendo 49,4 milhões
do tipo ON e 18,4 milhões, PN. A União é a maior detentora em ambas as classes
(91% e 88% do total, na ordem), somando quase 90% do capital acionário da
operadora.
Cerca de 7,5 mil acionistas pessoas física concentram participação minoritária
de 2,5% (sendo 8,3% dos papéis PN e apenas 0,34% dos ON). Já pessoas jurídicas
somam outros 7,7%, com maior exposição ON.
Ver Quadros:
- Tabela 12 - Principais Investidores
- Tabela 13 - Ações e Acionistas