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Leia na Fonte: Convergência Digital
[27/08/08]
TV Digital: Costa cobra maior empenho dos Radiodifusores - por Cristina De
Luca
Discursos amenizadores às críticas feitas por muitos pelo fato de a TV Digital
não ter deslanchado no Brasil quase um ano após a sua implantação, deram o tom
da cerimônia de abertura do SET 2008 Broadcast & Cable, realizada nesta
quarta-feira, 27/08, em São Paulo. Presente ao evento, e último a falar, o
Ministro das Comunicações, Hélio Costa, foi um exemplo. Ele contestou boa parte
das críticas, mas também pela primeira vez, elevou o tom e cobrou maior empenho
dos radiodifusores na divulgação dos benefícios da TV Digital.
"Quando a TV colorida começou, era comum ver, até nas cidades do interior, o
dono da loja se esforçando para vender um televisor colorido, colocando-o em
destaque na porta da loja. Não estou vendo nas lojas um esforço para vender a TV
Digital. Não estou vendo a TV brasileira vender a TV Digital. Quando foi que
vocês viram o último anúncio na TV sobre os benefícios da TV Digital? Não estou
vendo vocês, radiodifusores, divulgando o seu produto", provocou Hélio Costa.
A preocupação com a responsabilidade dos radiodifusores na divulgação da TV
Digital já havia sido manifestada por Amilcare Dallevo, da RedeTV e presidente
da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes). "Apesar do mercado, que ainda é
pífio, todas as emissoras estão investindo nas suas infra-estrutura de
transmissão digital. Isso é prova da credibilidade das emissoras na TV Digital,
e precisa chegar ao conhecimento da socidedade", ressaltou o executivo.
A pressa exigida pelo governo e pela ABA não encontra respaldo em todas as áreas
envolvidas com a tecnologia. Ficou claro o descompasso nos discursos. O
presidente da Abert - Associação Brasileira de Rádio de Televisão, Daniel
Slaviero, foi, por exemplo, bem mais comedido. "Esse processo de implantação da
TV Digital tem seu tempo de amadurecimento. O que planejamos está sendo
rigorosamente cumprido".
Mas, o clima não era de discórdia. Apesar de cobrar de forma mais dura dos
radiodifusores, o ministro das Comunicações também enfatizou os ganhos do
modelo. "Há um ano ainda sonhávamos como um início das transmissões digitais.
Passados sete meses daquele 2 de dezembro, até os mais céticos têm que
reconhecer os progressos. Até dezembro deste ano, possivelmente todas as
capitais brasileiras terão transmissão digital. Posso assegurar que ao menos
metade delas, tenho certeza, estará no sistema digital", antecipou Costa.
Reflexivo, o ministro fez também uma leve crítica aos fabricantes de
conversores. "Os primeiros conversores a R$ 1,2 mil praticamente inviabilizavam
a TV Digital", observou Hélio Costa, lembrando que hoje, no Rio de Janeiro, já é
possível comprar conversores populares de R$ 190, com o Ginga. Tendo, portanto,
condições de rodar algumas aplicações interativas.
E não poupou elogios ao middleware brasileiro nem ao compressor de áudio e vídeo
definido na norma brasileira para o SBTVD. Dois elementos que, na opinião de
muitos fabricantes, aumentariam o custo dos conversores e invibilizariam a
exportação.
Convergência, um momento crítico para o setor
Na mesma linha reflexiva, o ministro Hélio Costa aproveitou a oportunidade para
mandar dois recados aos radiodifusores. Até 15 de setembro, o ministério deverá
receber da Abert, o relatório final dos teste para o sistema de Rádio Digital.
"A transição para o digital deverá contemplar as ondas médias e a freqüência
modulada. De preferência, no mesmo canal. E deverá ser capaz de oferecer um
serviço melhor que o existente hoje. Vamos indicar ao presidente Lula os
instrumentos para fazer um Rádio Digital melhor que o analógico", sustentou o
ministro.
Quanto à convergência tecnológica, o ministro chamou a atenção para o fato de,
em 2007, terem sido vendidos mais computadortes que televisores no país.
"Senhores, isso pode significar que voces estão perdendo seus telespectadores",
provocou mais uma vez Costa, lembrando ainda que os últimos números de TV a cabo
demonstram claramente um aumento no número de assinantes que não se refletiu na
audiência, em queda.
As pessoas, reforçou o ministro, estão comprando TV a cabo para ter acesso à
Internet. "O momento é crítico e fica aqui o meu recado: digitalizar é crescer,
ficar no analógico é desaparecer" concluiu o ministro.