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Leia na Fonte: Convergência Digital
[27/08/08]  Presidente do Fórum SBTVD é favorável à criação de um selo de conformidade Ginga - por Cristina De Luca

No que depender do presidente do Fórum Nacional de TV Digital e diretor de tecnologia do SBT, Roberto Franco, em pouco tempo, a interatividade estará presente na TV Digital, com set-top-boxes certificadas com o selo de conformidade Ginga, assim como foi feito com o DTV. O que falta? O consenso entre todos os segmentos representados na entidade, de que é possível a adoção de um middleware evolutivo, partindo de especificações consistentes de uso das linguagens NCL e Lua. Trocando em miúdos, com aquilo que os desenvolvedores de software estão chamando de Ginga 1.0.

- Como não podemos esperar muito, vamos buscar este consenso, afirma Roberto.

Dos quatro segmentos representados no Fórum, três, se não apóiam diretamente a idéia, não são declaradamente contrários a ela, com uma ou outra exceção. Entre os radiodifusores, por exemplo, a TV Globo, embora já venha testando aplicações interativas escritas em NCL/Lua, fez circular na SET 2008 a informação de que entende que o lançamento comercial dos serviços interativos ainda depende da conclusão das especificações e normas do Ginga, completo, nas suas vertentes NCL e Java.

O segmento declaradamente contrário é o de fabricantes de set-top-boxes. Mas até nele é possível encontrar exceções, como os muitos fabricantes com implementações Ginga da TQTVD (o Astro) e da MOPA já portadas para seus equipamentos. Um passeio rápido pelos estandes da TQTVD, da MOPA e do próprio Fórum SBTVD na SET 2008 pode ser revelador. Há aplicações suportadas por set-top-boxes da Intel, da Aiko e da Visiontec, entre outros.

O principal argumento em prol da rápida liberação de uma especificação Ginga antes mesmo do término do trabalho da Sun no desenvolvimento de uma implementação Java royaltie free é o de que já é possível ter interatividade full apenas usando NCL e Lua.

- Temos que tirar o foco da tecnologia e focar nos recursos que a plataforma oferece, argumenta Roberto Franco.

E, para muitos, ela já fornece o suficiente para fazer com que a interatividade não corra o risco de deixar de ser um diferencial para a TV Digital.

O principal argumento contrário é o de que vale a pena esperar um, dois anos, que seja, por uma especificação mais robusta, que não corra o risco de ter que ser trocada a toda hora.

- O ciclo de troca de uma TV ou de um set-top-box é muito maior que o ciclo de troca de um computador, e mais ainda no caso do celular, explica Roberto.

Como buscar o consenso, então?

- Trabalhando em uma especificação madura para esse facilidade de atualização, diz Roberto.

Quanto tempo isso vai levar?

- Eu seria leviano em dar uma data. Mas queremos que seja o mais rápido possível. Em menos de um ano estamos com o sistema de transmissão funcionando. Agora temos que cuidar do restante do ecossistema, diz ele.

- No caso do Java, por exemplo, a demora se deve ao fato da Sun estar fazendo uma trabalho bastante criterioso para assegurar a disponibilidade de um Java TV royaltie free de fato, que não corra qualquer risco de ser questionado por uso indevido de uma dessas patentes submarinas. Se tivermos sucesso, estaremos de fato colocando no mercado o primeiro middleware royaltie free do mundo, afirma Roberto.

A própria Sun revelou na SET que a especificação Java TV deverá ficar liberada até novembro, mas admite que as implementações comerciais não devem ficar prontas antes de um ano, por conta de todo o processo de validação e homologação. Portanto...

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O mercado é soberano

No Fórum, o maior temor dos que defendem abertamente a certificação dos set-top-boxes a partir de uma especificação imediata do Ginga apenas com NCL/Lua é a de que o mercado comece a atender à demanda por interatividade com soluções mágicas, fora de um padrão.

Hoje já é possível encontrar set-top-boxes que afirmam rodar Ginga na rua Santa Efigênia. Como o Ginga é um sistema aberto, qualquer fabricante de set-top-box pode desenvolver a sua implementação Ginga.

E, se em um ambiente controlado, como o de desenvolvimento de aplicações para rodar no MOPA e no Astro ainda e possível encontrar algumas incompatiblidades (principalmente falhas no layout, como constumavam ocorrer nas páginas HTML carregadas nas primeiras versões do netscape e do Internet Explorer), o que não acontecerá em um cenário caótico, do cada um por si?

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A criação do ecossistema já tem seus embriões

A julgar pelo que se ouve e vê nessa edição da SET, a interatividade, ao contrário do que muitos pensavam, deverá estar disponível para os brasileiros bem antes de outros dois pilares do SBTVD: a mobilidade e a multiprogramação.

- A interatividade é um atrativo relevante. E os radiodifusores já perceberam isso. Pouquíssimos brasileiros têm hoje um televisor capaz de oferecer alta definição de imagem, mesmo que o set-top-box tenha saída HDMI, explica Luiz Eduardo Leite,sócio da Mopa.

Embora a especificação do Ginga para dispositivos portáteis já tenha sido publicada, até agora nenhum fabricante de celular demonstrou o interesse de colocá-la em seus aparelhos. Nem mesmo Samsung ou a Semp Toshiba, que já oferecem modelos com receptores de sinal digital de TV.

A Mopa já trabalha com muitos deles. Alguns interessados em embutir o celular no set-top-box. Há um protótipo assim sendo apresentado no estande da Mopa. Para usar o canal de retorno 3G basta inserir o cartão da operadora no aparelho.

Já a multiprogramação não é de interesse das próprias emissoras, que preferem oferecer melhor qualidade de som e de imagem ao telespectador,. No caso da Imagem, só possível na transmissão H264 a 13,7Mbps.

- Acredito que a multiprogramação seja mais importante para as empresas públicas, argumenta Roberto Franco _ Mas mesmo a BBC já viu que será preciso aliar alta definição à interatividade. E esse modelo misto limita o uso do espectro.

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O que vem por aí?

Ainda em formação, o famoso ecossistema da TV Digital começa a mostrar ao que veio. E a SET é um bom exemplo para isso.

Embora os radiodifusores ainda não tenham encomendado nem testado nenhuma aplicação comercial que faça uso de um canal de retorno, os desenvolvedores de software como a TOTVD e a HXD se encarregaram disso. Mas de todos os players do mercado, a Mopa, especializada em sistemas embarcados, é, por isso mesmo, a mais adiantada em múltiplos uso do celular como canal de retorno. Inclusive para recebimento de aplicações e dados sincronizados com a programação.

Também a Mopa apresenta em seu estande na SET 2008 dois joguinhos criados em Lua que usam o controle de Wii. Um deles, multiplayer.
A TV Digital pelos olhos de Roberto Franco, presidente do Fórum SBTVD

TV Computador
"Com a TV Digital, a TV não deixa de ser TV. TV Digital é o caminho mais poderoso para otimizar a hábito do telespectador de ver TV. Vamos levar a curva até onde a integração de valor à experiência do usuário fizer sentido".

Alta Resolução
"Só quem já viu algo em alta resolução entende o impacto das imagens e a mudança de acarreta para a visão humana. O mecanismo de percepção muda".

"O padrão de tela já é o 1080, com transmissão H264 a 13,7MBps. Qualquer coisa diferente disso prejudica a alta resolução".

Programação
"As emissoras estão migrando novos programas, sem que isso chegue ao conhecimento de vocês. O programa do Gugu, no SBT, já está digital. Toda a programação da RedeTV, também. A Globo está com 15 horas de programação já digital".

Preços
"O Brasil está andando muito rápido na queda do preço dos conversores. Eu não mediria em preço, mediria em custo. Se chegarmos a um valor muito baixo, as apostas por novidades podem ficar ameaçadas".

Multiprogramação
"Hoje o mercado não está preparado para a multiprogramação. Ela ainda não cabe nos nossos modelos de negócio".

DRM
"Que fique claro, não existe proposta de DRM no Fórum. O que existe é a adoção de um mecanismo para restrição da cópia da cópia. O telespectador pode gravar uma vez. A programação pode dar filhos, não pode dar netos".

"Fala-se muito que a necessidade da proteção para cópia é uma imposição dos grandes distribuidores estrangeiros. Não é. É o conteúdo nacional que está em risco. Quando a TV exibe aqui um filme estrangeiro, ele já está no fim da sua curva de distribuição. Mas uma minissérie, um show feito por uma TV brasileira, só chega ao DVD depois da exibição na TV."

"A norma está pronta, mas ainda não foi publicada. Estamos esperando o resultado da consulta pública da ABNT e as discussões com o governo".