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Leia na Fonte: Convergência Digital
[23/09/08]  É hora de o Brasil ficar à reboque na TV Digital? - por Cristina De Luca

Não estranhem. A pergunta é significativa. O momento para a TV digital no Brasil é decisivo. Os desenvolvedores de aplicação precisam definir seus planos. Empresas de software brasileiras não resistem a projetos com longa maturação. Falta grana. E será que vale a pena corrermos este risco aqui? Com tanto já feito?

Enquanto isso o mercado anda. A Samsung deve ser a primeira empresa a lançar um produto comercial baseado no topo da família System on Chip da Intel, o CE3100, e no "Canal Widgets", desenvolvido pelo Yahho!, demonstrados em agosto no último IDF. "Será receptor avançado, com conexão internet, com venda no início do ano que vem", informou o gerente de novas tecnologias da Intel para a América Latina, Américo Tomé.

Será essa uma das razões pelas quais a Samsung Brasil lidera a lista dos fabricantes de receptores contrárias ao lançamento de uma especificação Ginga 1.0, sem o módulo de Java? Ganhar tempo para ter um produto topo de linha, com produção em escala? Só o tempo dirá.

Durante a Set 2008, depois de ser apresentado a todas as possibilidade de interatividade desenvolvidas pela TQTVD, uma delas usando um protótipo do set-top-box da Tecsys com o chip Intel CE2110, precursor do CE3100, Benjamin Sicsú, vice-presidente da Samsung, limitou-se a dizer que, como fabricante, nunca teve a menor dúvida de que a interatividade é um recurso importante.

OK. Está claro.

Que os set-top-boxes terão recursos interativos, isso ninguém duvida mais. Que rodarão o Ginga, também parece questão fechada. A dúvida hoje é quando. A indústria de software continua sendo a única a ter pressa. E quanto mais o tempo passa, mais se percebe porquê.

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Ginga no CE3100

Perguntei ao Américo Tomé, da Intel, se dependendo da memória do set-top-box seria possível, do ponto de vista técnico, ter o Ginga e Canal Widgets do Yahoo! instalados na mesma máquina. A resposta foi sim.

"Como o Ginga já foi portado para o CE2110 e o CE3100 é compatível com o CE2110, ter o Ginga rodando no CE3100 é muito simples", afirmou Américo. "O mais complicado aí é a integração da interface. As funcionalidades de um de outro deveriam ser cessadas sempre do mesmo jeito, de modo transparente para o usuário. A padronização da interface é importante para garantir que não haja mudança na experiência de uso do consumidor final. Que ele continue assistindo a sua televisão, e o acesso à interatividade, com ou sem internet, seja feita da forma mais transparente possível", concluiu.

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Incerteza bloqueia investimentos

Quem melhor definiu a resistência dos fabricantes de set-top-boxes à não adoção do Ginga 1.0 foi Hélio Rotenberg, presidente da Positvo.

- A TV Digital seria um bom produto para a área Educacional?, perguntei a ele.

- Maravilhoso, repondeu.

- E vocês não querem ser os primeiros a entrar nesse mercado?

- Nossa. Aí entra a nossa área de conteúdo. Temos uma série de produtos prontos para serem usadaos na TV Digital.

- Mas precisa da interatividade. Alguém tem que quebrar esse ciclo do Ginga...

- Não dá. Tem o problema dos royalties. Você já viu o que dá para fazer com o Ginga sem o java. É muito pouco. Não dá para investir em hardware que só faz metade das coisas possíveis. Sem java fica limitado. É difícil. A gente trabalha em um ambiente tão incerto de negócios, que não para apostar em coisas mais incertas ainda.

E a Positivo fala com conhecimento de causa. A aposta incial na TV digital foi uma aposta de volume, baseada na crença de que o brasileira migraria para o novo sistema para ter uma imagem melhor. Mas os conversores para as TVs de tubo não venderam bem.

"A gente pretende reverter isso, mostrando para a população as vantagens", disse Hélio.

Em paralelo, a empresa criou há três semans uma área de pesquisa e desenvolvimento da TV Digital. "Mas esse pessoal ainda demora de quatro a cinco meses para começar definir o que fazer", disse Hélio.

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Enquanto isso, a fase de discussões e definições sobre os requisitos mínimos dos conversores, a memória que terão, o software, etc, avança no Fórum SBTVD entre emissoras, empresas de software, fabricantes de hardware e o governo.

É muita cultura diferente para juntar, com interesses e modelos de negócios que ainda não convergiram. Concordo com quem diz que a TV Digital só vai acontecer no Brasil quando discutirmos a interatividade. E quem vai determinar os rumos dessa interatividade são os grandes players: o governo, os bancos, as emissoras.

Se um grande banco quiser fazer o serviço, se o governo quiser, see uma grande emissora conseguir definir como ganhará dinheiro, aí sim, a engrenagem toda se movimentará.

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Em tempo

A Comcast, maior operadora de cabos dos Estados Unidos, já anunciou uma parceria com a Yahoo e a Intel para oferecer widgets a partir do ano que vem, em televisores, decodificadores e outros aparelhos conectados a eles.

As pequenas janelas permitirão que os telespectadores conversem ou troquem e-mails com amigos, assistam a vídeos, acompanhem ações ou placares esportivos ou se mantenham atualizados e termos de notícias e informações meteorológicas, tudo isso por meio do controle remoto do televisor.

Parte disso já é possível apenas com o uso do Ginga-NCL, como demonstraram a MOPA, a HXD e a TQTVD na SET 2008. O Brasil, que podia sair na frente, como fez na automação bancária, corre o risco de ficar à reboque.