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Leia na Fonte: Convergência Digital
[24/09/08]
TV Digital: Entidades de Software endossam Ginga 1.0 - por Ana Paula Lobo
As principais entidades da área de software - Brasscom, Softex, ABES, Assespro -
entregaram um documento oficial à direção do Fórum SBTVD na reunião do Conselho
Administrativo, realizada há 15 dias. Nele, elas defendem a adoção o quanto
antes da versão Ginga NCL/Lua no mercado brasileiro. A decisão das entidades foi
antecipada pelo Convergência Digital em informação obtida pela jornalista
Cristina de Luca, na coluna Circuito.
Temor é que ficar à espera da versão Ginga Java free - prometida para dezembro
pela Sun Microsystems- termine por fazer o Brasil perder uma "janela única de
oportunidade". Medida, no entanto, é recebida com cuidado redobrado pelo Fórum
SBTVD. Há um forte conflito de interesses entre fabricantes de conversores,
radiodifusores, desenvolvedores de software e Academia.
"Não gosto de falar em Ginga 1.0, porque isso me faz pensar em várias versões
pela frente. Não gosto desse nome. Como presidente do Fórum SBTVD posso afirmar
que precisamos ter cautela para que essa versão NCL/Lua, de fato venha a ter
conformidade com a versão Ginga Java e não haja problemas de interoperabilidade
mais à frente", ponderou Roberto Franco, que participou nesta quarta-feira,
24/09, de um debate sobre a participação da Indústria de Software na TV Digital,
promovida pela Brasscom, na capital paulista.
Franco admite que uma das maiores preocupações dos radiodifusores é que não
venha a existir um legado em relação à essa versão Ginga 1.0, a ser lançada
antes do Ginga Java Free. "Temos que ter compromissos formais de plataformas
mínimas interoperáveis para que o investimento feito em dezembro pelo consumidor
não venha a ser perdido em curto espaço de tempo", exemplifica o executivo. O
presidente do Fórum SBTVD diz que já há um legado - conversores vendidos sem o
Ginga -que terá de vir a ser administrado mais cedo ou mais tarde.
"Quem comprou agora um conversor sem interatividade vai gostar de saber que terá
de trocá-lo em menos de um ano?", indaga. A divisão da indústria da TV digital
com relação ao lançamento imediato do middleware Ginga é evidente. Se de um lado
os desenvolvedores de aplicativos querem a interatividade o quanto antes para
que possam mostrar o valor das suas soluções e, claro, ganhar dinheiro com os
negócios a serem fechados, de outro, há o posicionamento dos fabricantes. Eles
simplesmente se mantêm fora dessa discussão. A Academia também preferiu ficar à
parte dessa discussão inicial.
"Os interesses comerciais dos fabricantes e da Academia não permitiram a
participação deles no grupo de trabalho que está, ao lado da Sun Microsystems,
desenvolvendo a versão do Ginga Java free. Até porque quem entra nesse grupo é
obrigado a assinar um contrato dizendo que não vai cobrar patente. E vivemos num
mundo competitivo. Não houve ainda a percepção do momento", lamentou David
Britto, diretor da TQTVD, que está desenvolvendo o seu próprio middleware- o
AstroNet.
O Grupo de Trabalho que desenvolve o Ginga Java, com a Sun, é composto de apenas
sete empresas - duas de radiodifusão - Globo e SBT - e duas de software - TQTVD
e Hyrix. Número considerado bem aquém do ideal para a discussão técnica e da
mobilização necessária de um setor que pode estar tendo pela frente uma chance
única de ganhar presença mundial.
As entidades de classe - que não participam do Fórum SBTVD por decisão do
governo - mesmo formalizando o apoio ao lançamento do Ginga 1.0 tentam minimizar
os conflitos, mas assumem que a TV Digital vive, hoje, um momento de definição.
"São gigantes, competidores entre si que estão sentando à mesa para dialogar
sobre um tema absolutamente recente. Não é simples. Não é mais apenas uma
questão tecnológica. Ela é política e financeira. Não é uma mudança da
convergência. É cultural", sublinhou Nelson Wortsman, diretor de Convergência
Digital da Brasscom.
A questão é tão delicada que Roberto Franco, com o "chapéu" de diretor da SBT,
assume que já faz testes com interatividade com o Ginga NCL/Lua e, até o
momento, não há nada que reforce a idéia que a interatividade não poderia ser
aplicada - nas cidades onde há TV digital. "Como SBT quero interatividade para
ontem. Essa é a verdade. Mas há que sem pensar no todo", detalhou.
Franco assume que a capilaridade da TV digital no Brasil ainda é pequena - há um
custo considerável de investimento - mas também observa que há uma realidade
nacional: A burocracia. "No Rio de Janeiro, por exemplo, levamos oito meses
negociando com o Ibama para colocar uma antena digital no mesmo lugar onde já
havia outra antena. Esse é apenas um exemplo. Teremos essa negociação em todo o
país. E não apenas nós, mas todos os radiodifusores", completou o executivo.