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Leia na Fonte: Convergência Digital
[20/08/09]
TV Digital: o maior desafio da interatividade, agora, é o mercado - por
Cristina De Luca
Alguns dos muitos desafios que radiodifusores e indústria têm pela frente,
relacionados à introdução da interatividade na TV digital, ganham novo impulso
neste segundo semestre de 2009. Dizem respeito aos procedimentos de teste e
certificação, capazes de minimizar os riscos de interoperabilidade e
continuidade dos serviços. Mas embora sejam todos relevantes para o ritmo da
massificação da interatividade no país, nenhum deles é considerado impeditivo
para que produtos comecem a ser desenvolvidos, e o mercado da interatividade
incie-se de fato,como chegou a ser a indefinição em torno da norma Ginga-J com o
Java DTV.
Até mesmo o atraso na publicação da própria norma Ginga-J pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas _ a consulta pública já terminou há um mês _ não
preocupa quem possui produto pronto para chegar ao mercado no Natal. Ou antes,
até. A disponibilidade de produtos no mercado é apenas uma questão de tempo. E a
forma como será feita, sim, ditará o sucesso ou não da interatividade na TV
aberta.
A norma Ginga-J
A intenção dos radiodifusores era ter a norma Ginga-J publicada na semana que
vem, durante a SET 2009, evento que acontecerá na capital paulista. E isso pode
acontecer, de fato, salvo não se consiga superar um pequeno impasse político na
próxima reunião do Forum SBTVD, segunda-feira, dia 24 de agosto. Atendendo a uma
solicitação dos fabricantes, agora, discute-se se a norma deve ou não manter
APIs opcionais como a da versão 2.0 do JMF (Java Media Framework) da Sun, usada
para fazer captura de video e audio, reprodução de arquivos de mídia e
distribuição de audio como video via streaming. E que permitira, por exemplo, o
streaming da TV para o celular. O pleito é a retirada dessa funcionalidade, para
que sua especificação seja melhor discutida e trabalhada. O que não atrapalha em
nada o funcionamento do Ginga-J.
Os trabalhos técnicos do Fórum SBTVD apontaram para a necessidade de colocar a
versão 2.1, mais recente, como opcional para permitir essas implementações
multiplataforma.Os fabricantes são contra. Querem que essa opcionalidade seja
retirada e na norma seja mantida apenas o JMF 1.0 (cujo primeiro release é de
1997). Se for assim, a medida impacta diretamente a construção de aplicações que
utilizam recursos multimídias avançados (vídeo e som) e cria uma desagradável
restrição para os desenvolvedores de interatividade.
Consta que a retirada da opção pela versão 2.1 do JMF preocupa alguns setores do
Fórum, como software e academia, que temem que isso gere um engessamento da
norma. Parte da academia considera que a retirada do JMF pode zerar a
participação brasileira na parte Java do Ginga. E parte do pessoal de software,
de que esse detalhe possa vir a ser usado para atrasar a publicação da norma,
gerar mais ruído e confusão em torno da interatividade. Todo o desgaste técnico
e político sofrido pela interatividade tem contribuído para formar uma imagem
distorcida e negativa.
Você tem um roteador wireless em casa, não tem? Com velocidade "n"? Ela é draft
até hoje, sabia? E nem por isso você deixa de usar. A grosso modo, é disso que
estamos falando, ao discutir JMF 2.0 ou não. Uma vez definido o uso do Java DTV,
o ecossistema de TV Digital já começou a trabalhar na interatividade.
Tanto que, a exemplo do que aconteceu na última edição, a SET Broacast deste
ano, 2009, que acontece semana que vem em São Paulo, será palco novamente de
alguns experimentos de interatividade. Vários produtores de middleware e de
aplicações estão desenvolvendo trabalhos em parceria com as emissoras para
apresentar durante o evento.
Próximos passos
A disposição do Fórum SBTVD de concluir até o final do ano as especificações do
middleware Ginga para receptores fixos (incluindo conversores embutidos nos
aparelhos de TV), complementando as especificações de interatividade já
publicadas com outras normas como as de segurança e de canal de retorno, para
procedimentos de teste e para guia de operações do Ginga, conforme antecipou Ana
Eliza Faria e Silva, coordenadora do Módulo Técnico do Fórum SBTVD e
coordenadora da Comissão de Estudos Especial em TV Digital da ABNT, em material
de divulgação da SET 2009, também é um forte indicativo de que esse mercado da
interatividade já anda.
Todos esses novos assuntos estarão em discussão no painel "Normas SBTVD: onde
está o risco da não compatibilidade', mediado por Ana Eliza dia 26 de agosto, às
11h30. "Vamos abordar aspectos relacionados à compatibilidade e
interoperabilidade", diz ela.
O maior desafio
Importante é ter em mente que para que a interatividade vire realidade na TV
Digital, estão em jogo questões muito maiores que essas discussões de normas e
certificações. O mercado será o palco onde todas essas coisas vão acontecer ou
não. O consumidor é rei e tem o poder de alavancar ou enterrar de vez qualquer
onda tecnológica. Já vimos isso acontecer antes. O governo tem poder de indutor
ou não, através de incentivos à produção e ao consumo.
Se governo, radiodifusores e indústria de hardware e software não fizerem ações
corretas e ágeis (e muitos crêem que ainda há tempo para isso), o SBTVD corre
sérios riscos de estrear a interatividade para um mercado de alto poder
aquisitivo que não terá mais interesse em utilizá-la, bonbardeado que vem sendo
pela oferta a oferta cada vez maior de plataformas/conteúdos para IPTV e o
aparecimento de novos disposítivos convergentes, que em vez de rivais, poderiam
ser complementares à oferta de serviços e modelos de negócio.
O maior trunfo a interatividade do SBTVD ainda é a grande penetração de
televisores nas residências brasileiras (só perde para o fogão), aliada às
dificuldades do acesso banda larga a velocidades compatíveis com aplicações IPTV
na maioria dos municípios brasileiros. Cenário que tende a mudar, no longo
prazo. Outro, é a gratuidade do conteúdo.Serão suficientes? Até quando?