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Leia na Fonte: Convergência Digital
[28/08/09]
TV Digital: virou moda no governo revogar o irrevogável - por Cristina De
Luca
O discurso do governo sempre foi pró-flexibilização da portaria interministerial
237 - que obrigava que cada os fabricantes de celular ter 5% da sua produção
local adaptada ao SBTVD e ao Ginga, a partir de 01 de janeiro de 2010. E muita
gente no próprio segmento de radiodifusão, considerava justa a revisão deste
percentual. A queda para 1% a partir de janeiro de 2010 era dada como certa.
O que ninguém esperava era que a tal flexibilização adiasse por um ano todo o
processo e ainda sugerisse a suspensão da não obrigatoriedade do Ginga. Nem
mesmo os fabricantes de celulares. Principalmente porque sempre que perguntados
a respeito, representantes do governo no MCT e no Minicom, "garantiam que o
Ginga era uma obrigação irrevogável".E o Ginga nunca foi, de fato, o maior
problema da portaria para os fabricantes. Muitos o viam apenas como uma
obrigação acessória.
O grande problema da indústria celular sempre foi a obrigatoriedade da produção
atrelada à cota de importação de placas para modelos considerados "top de
linha", realizadas geralmente na época de lançamento desses aparelhos no
mercado. E, nesse particular, a emenda saiu pior que o soneto. Em vez de
estimular as empresas que já produzem celulares com TV digital - mesmo sem
nenhum incentivo (pelo menos três das seis estão em condições de fabricar esse
tipo de equipamento hoje no país), o texto colocado em consulta pública acaba
por puni-las, conforme explica o jornalista Luiz Queiroz em reportagem publicada
aqui no Convergência Digital.
O pleito da indústria era o da contrapartida de 15% de placas importadas para 1%
de produção de celulares com TV digital e Ginga a partir de janeiro de 2010. A
atual sugestão do governo mantém a obrigatoriedade de produção de 5%, agora, a
partir de 2011. E reduz a contrapartida de importação de 15% para 10% já em
2010, aumentando a importação em 1% a cada 1% de fabricação, até atingir 5%
(percentual necessário para chegar ao limite máximo inicial de 15%).
Na prática, pelo pleito da indústria, quem já fabricava 1% de celulares com
recepção de TV Digital em 2010 teria 15% de dispensa de montagem de placas de
circuitos impressos com componentes dos atuais. Já pelo texto colocado em
consulta pública, teria apenas 11%. O descontentamento é tanto, que a Abinne
convocou uma reunião de seus associados semana que vem para discutir o assunto.
No segmento de software a situação não é diferente. "Uma flexibilização já era
esperada. Mas a retirada da obrigatoriedade do Ginga é preocupante. Um
retrocesso. Vamos nos pronunciar na consulta pública", afirma David Britto,
Diretor Técnico da TQTVD, CEO da Quality Software e um dos representantes do
setor de software no Conselho Deliberativo do Fórum SBTVD.
"Para gente que acredita e investe na interatividade, uma portaria como essa,
justo momento em que se prepara a estréia do recurso, é ruim. Qualquer movimento
do governo, agora, que não seja na direção de incentivar a indústria para fazer
a TV Digital acontecer, é ruim", argumenta SalustianoFagundes, CEO da HXD/Hirix
e também representante do setor de software no Conselho Deliberativo do Fórum
SBTVD.
O grande perigo, na opinião de todos, é a interpretação desses sinais trocados
do governo para o mercado consumidor. "Vou convocar todas as empresas de
software integrantes do Fórum SBTVD para uma reunião na semana que vem.
Precisamos nos posicionar e levar esse posicionamento ao Conselho do Fórum, para
ao menos discutir e tentar entender os motivos que levaram o governo a tomar
essa atitude", afirma Fagundes.
Nunca é demais lembrar que a mobilidade e a interatividade, através do Ginga,
têm sido fortes argumentos do governo brasileiro na promoção do padrão
nipo-brasileiro em países da América Latina.