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Leia na Fonte: Convergência Digital
[31/08/09]
TV Digital: Broadband TV? Sim, mas com Ginga... propõe a Globo - por
Cristina De Luca
"Temos aí uma bandeira que gostaríamos que fosse compartilhada por todos os
radiodifusores. Que todo o televisor broadband fosse também interativo. Viesse
com o Ginga em sua especificação completa", disparou Raymundo Barros, diretor de
engenharia da TV Globo de São Paulo, no segundo painel dedicado ao tema
Broadband TV na SET 2009, que aconteceu semana passada em São Paulo, revelando
uma possível estratégia da emissora diante da tendência de popularização de
televisores com acesso direto a conteúdos da Internet também no Brasil.
Sentado ao seu lado, Daniel Petrini, gerente de P&D da Samsung, fabricante do
primeiro aparelho a venda no Brasil com o recurso, fez que não ouviu. E, durante
sua resposta a uma pergunta da platéia sobre a sobreposição de conteúdos
publicitários, evitou tocar no assunto. Mas depois, em particular, limitou-se a
responder que a integração do modelo de widgets do recurso Internet@TV com o
Ginga não está nos planos da fabricante, no curto prazo.
"Uma coisa não é concorrente da outra, de jeito nenhum. Uma coisa não exclui a
outra", afirmou Petrini. "Hoje temos internet TV. Daqui a alguns anos vamos ter
Ginga também? Não sei. Esse modelo com internet que já está no mercado não terá
Ginga. Se, lá na frente, o cenário Ginga existir, quem quiser interatividade via
Ginga terá que comprar um novo modelo", disse.
As falas, além de deixarem bem claras as apostas da emissora e da fabricante com
relação ao middleware Ginga e o futuro da interatividade no SBTVD, demonstram
também que a internet, na TV, deixou de ser encarada como ameaça para figurar
como vetor de novos modelos de negócio.
Partindo de um cenário em que Broadbnd TV não significa acesso full à internet,
mas sim acesso a um ambiente controlado oferecido ao telespectador através da
mediação de alguém (no caso da Internet@TV um servidor da própria Samsung, que
recebe, empacota e redistribui conteúdo do Terra e do YouTube), a Globo sugere
que todo conteúdo interativo sobreposto ao vídeo nos canais de TV aberta seja
sempre controlado pelo radiodifusor. E que a forma ideal para que isso aconrteça
seja através do uso do Ginga.
Assim ficaria mais simples evitar problemas com eventuais widgets não
relacionados diretamente aos programas televisivos que estejam sendo
transmitidos pelas emissoras. Especialmente conteúdos publicitários
conflitantes, que firam os direitos autorais do radiodifusor, dono do conteúdo,
conforme explicou também na SET 2009 o advogado Rodrigo Köpke Salinas, do
escritório Cesnik, Quintino e Salinas, em outro painel sobre o tema Broadband TV
comandando por Fernando Bittencourt, diretor de Enhenharia da Rede Globo. "A
sobreposição de conteúdos só é possível se houver autorização do titular do
conteúdo", disse ele, reforçando as argumentações das emissoras nesse sentido.
A Globo vai além. Nas discussões internas, o grupo de TV Digital da emissora
defende a estratégia de que todos os conteúdos interativos estejam de alguma
forma relacionados relacionados ao programa de televisão. Principalmente no caso
dos programas ao vivo, como novelas e transmissões de jogos de futebol.
O SBT já pensa diferente. "Achamos que incluir a interatividade casada com um
conceito de grade ia complicar", diz Roberto Franco, diretor de tecnologia do
SBT. "A ideia do SBT é de que a TV deve ser uma plataforma integrada de acesso a
conteúdos, informações e entretenimento. Eu posso oferecer muito desse conteúdo
pelo ar e outros através dos canais de interatividade, sem relação direta com o
vídeo. Mas não vou botar conteúdos de terceiros sem antes negociar com eles os
direitos desse conteúdo", afirma o executivo.
"A plataforma interativa, com ou sem internet, é mais uma forma de agregar valor
ao nosso conteúdo", diz ele. "Eu posso caminhar da cabeça para cauda longa e da
cauda longa para a cabeça. Agora, que bicho será esse já não sei definir",
explica Roberto Franco.
O que importa cada vez mais para os radiodifusores é que o telespectador não
precise sair da plataforma TV para zapear, não só entre canais, mas também entre
conteúdos de diferentes fontes, que enriqueçam sua experiência de informação e
entretenimento.
Pensanso nisso, alguns fabricantes de equipamentos e desenvolvedores de software
já trabalham em soluções que combinem o implementações do Ginga com conteúdo
Broadband TV. Algo nessa linha poderá estar disponível para o consumidor ainda
este ano. Tudo vai depender do comportamento do mercado.