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Leia na Fonte: Convergência
Digital
[19/05/09]
TV Digital: Interatividade, agora, depende da indústria de receptores - por
Cristina De Luca
Não. A norma Ginga para receptores fixos e televisores ainda não seguiu para
ABNT. Explica-se: na última sexta-feira (15/05), ela sofreu as últimas
alterações solicitadas à equipe da Fórum SBTVD, encarregada de seu
desenvolvimento. Mas, dessa semana, não deve passar. A expectativa é de que a
entrega à ABNT e o início da consulta pública sejam anunciadas no 25º Congresso
Brasileiro da Radiodifusão, evento que começa nesta terça-feira, 19, e vai até o
dia 25, em Brasília, pela Abert - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão.
De qualquer forma, definido o middleware - aquele que é tido como próximo grande
passo na evolução da TV Digital - a interatividade, de fato, passa a depender da
ação direta dos radiodifusores; da indústria de software e, principalmente, da
indústria de receptores. Os dois primeiros atores já trabalham duro. Eles
afirmam que estão preparados para oferecerem as primeiras aplicações interativas
ainda este ano. O melhor cenário é de que isso aconteça em novembro.
Já entre a indústria de receptores, a história muda de figura. Pouquíssimos
assumem planos de começar a venda de conversores com o Ginga embarcado ainda em
2009. Entre eles, está a Visiontec, segundo Ricardo Minari, Gerente de Negócios
e tecnologia da empresa, que segurou sua entrada neste segmento de mercado
aguardando a interatividade como diferencial. Se tudo correr bem com a consulta
pública do Ginga, a estréia dos conversores interativos da Visiontec no mercado
pode acontecer já na SET, eventodo setor, que acontece no fim de agosto.
Mas a Intel, por exemplo, ainda não recebeu pedidos de OEMs da Tecsys, parceira
na produção de três set-top-boxes usando o precursor dos System on Chip, o
CE2110, segundo Américo Tomé, Gerente de Novas tecnologias da Intel para a
América Latina. Ele próprio crê que esse movimento somente agora comece a
acontecer. E na visão dele, os primeiros produtos devem desembarcar no mercado
para as vendas de Natal. "Até lá, temos tempo. As entregas, para esse tipo de
processadores, levam entre 30 a 40 dias", diz ele.
Na ponta da indústria de televisores, a LG, primeira a colocar no mercado
televisores com conversores embarcados - e que já estuda a instalação do Ginga -
não crê que este mercado deslanche agora. Oficialmente, a aposta da companhia na
interatividade é para daqui a um, dois anos, segundo Fernanda Summa, gerente de
produto TV. Hoje a empresa ofecere um mix de 14 modelos, de 32 a 60 polegadas,
com preços variando de R$ 2 mil a R$ 11 mil, acrescidos de R$ 200 quando já saem
de fábrica com os conversores embutidos.
Um site, chamado "Os remotos" (http://www.osremotos.com.br/), no ar desde o
início da semana passada, desmistifica a TV digital para os consumidores,
explorando os benefícios da alta definição e da mobilidade.
E detalhe. Embora já tenhamos ouvido algo diferente, a maioria dos conversores
disponíveis hoje não aceita o upgrade para o middleware Ginga. O motivo? A baixa
capacidade de memória. É o caso desses conversores embutidos nas TVs LG, segundo
Feranda Summa. O problema também acontece em várias outras caixas, das mais
simples às mais sofisticadas. O middleware necessita de 64Mb só para ele. E o
receptor deve ter memória extra para rodas as aplicações. A criada pela Globo e
a TQTVD para "Caminho da Índias", por exemplo, tem 2Mb, transferidos
interalmente para o conversor.
Na opinião de muitos agentes envolvidos neste mercado, por serem catalizadores
de venda, nos próximos 12 meses, vão ocorrer dois momentos-chave, capazes de
assegurar o sucesso da chegada da interatividade no Brasil: o Natal deste ano e
a Copa do Mundo do ano que vem.
Eles determinarão, de fato, o ânimo do consumidor para o ciclo de vida dos
produtos (no caso, os conversores). O grande enigma é se este ciclo estará mais
próximo do dos televisores ou do dos computadores e celulares. O brasileiro
costuma trocar de celular a cada 12 meses. Trocar de computador a cada 30 meses,
em média. Mas os televisores ficam em nossos lares por 10 anos... Isso mudaria?
Outro fator determinante será o apoio da indústria de receptores _
principalmente multinacionais _ ao Ginga. Tido por muitos como um passo adiante
na história da interatividade na TV _ e agora, além de brasileiros e japoneses,
também pela UIT _ , bem superior a tudo o que já se fez até hoje, o maior temor
é de que acabe se tornando um Betmax ou um OS/2 da vida. razão pela qual ninguém
parece disposto a correr o risco de acelerar o mercado _ embora instrumentos
para isso não faltem _ e frustrar os telespectadores.
Devagar e sempre é o lema de quem aposta sério no negócio interatividade.
Governo como indutor
Outros detalhes, não discutidos diretamente no fórum SBTVD, mas gestados em
Brasília, poderão fazer diferença. É o caso da portaria determinando a
instalação do Ginga em 5% da produção nacional de celulares com incentivo fiscal
já a partir de janeiro de 2010.
A expectativa é de que o mesmo aconteça com outra portaria em gestação no
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, determinando a
obrigatoriedade, da incorporação dos receptores de TV com cinescópio para
capacidade de recepção de sinais digitais, a partir de 1º de janeiro de 2012,
seguindo as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T). E também
para televisores com tela de plasma e com tela de cristal líquido, com prazos
diferentes, mais próximos.
Para os televisores de plasma e de tela de cristal líquido iguais ou superiores
a 26 polegadas, o prazo teria início também no dia 1º de janeiro de 2010. Já os
televisores inferiores a 26 polegadas passariam a incorporar a recepção digital
somente a partir de 1º de janeiro de 2011.
A portaria, que altera regras dos Processos Produtivos Básicos (PPB) desse
segmento de mercado, foi objeto de duas Consultas Públicas (as de número 5 e 6),
publicadas no Diário Oficial da União no dia 16 de abril, com duração de 15
dias. O resultado ainda não foi publicado. Mas as articulações para que, pelo
menos uma parte desses aparelhos obrigatoriamente incorporem o Ginga, não
tardam.