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Leia na Fonte: Coluna Circuito de
Cristina de Luca - Convergência Digital
[04/03/09]
TV Digital: Guerra para quê e para quem? - por
Cristina de Luca
Março será decisivo para o Ginga-J.
Tudo o que o Brasil não precisa agora é de outra guerra no já tão polêmico
mercado de TV Digital, como a que começou a se desenhar nesta quarta-feira,
04/03, com o movimento feito pela Sun em defesa do Java DTV. Legítimo, por
sinal, já que a especificação de um módulo Java isento de royalties e patentes
submarinas foi um pedido do governo brasileiro, prontamente atendido pela
empresa, que viu nele a possibilidade de conquista de novos mercados.
Vamos aos fatos.
Nos últimos meses - e alguns chegam a afirmar que por indução da indústria de
receptores - o Fórum do SBTVD decidiu rever todo o processo de especificação do
Ginga. O momento era oportuno. Afinal, o módulo técnico estava 100% voltado para
o trabalho de adequação ao Ginga-J da especificação do Java DTV entregue pela
Sun.
O Conselho Deliberativo do Fórum, então, definiu a data de 23 de março para que
todos os grupos apresentassem estudos sobre todas as possibilidades de formação
do middleware _ Ginga-NCL puro, Ginga-NCL com Ginga-J/GEM, e Ginga NCL com
Ginga-J/Java DTV _ para tomada de decisão e encaminhamento de uma norma Ginga
para conversores fixos e televisores com conversores embutidos para o Conselho
de Desenvolvimento (formado pelos ministros) e para apreciação da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
"Não só o Módulo Técnico apresentará estudos. Também os Módulos de Mercado e de
Propriedade Intelecutal farão suas análises", comenta o professor Guido Lemos,
da Universidade Federal da Paraíba, membro do Conselho Deliberativo e
coordenador do desenvolvimento do Ginga-J.
O problema é que não há consenso sobre qual é hoje a melhor escolha para o país.
Nem mesmo entre os integrantes do Módulo Técnico. As opiniões estão muito
divididas.
Há quem acredite, como a Sun e seus parceiros, que a opção do Ginga completo e
aberto, com NCL e Java DTV, é a melhor escolha. Mas tudo pode acontecer. Até
mesmo a definição de que o Ginga-J será mesmo com o GEM, posição defendida pela
Universidade Federal da Paraíba. Não está descartada nem mesmo a opção remota de
que a norma do middleware para os conversores fixos inclua apenas o Ginga-NCL.
No que diz respeito ao desenvolvimento do Ginga-J, todas as opções têm vantagens
e desvantagens. No quesito "interoperabilidade", a vantagem é do GEM. Já no
quesito armazenamento, a balança pende para o Java DTV. E ainda há dúvidas se no
quesito custo, também.
"Embora a Sun diga que o Java DTV é isento de royalties, isso não quer dizer que
ele não tem custo de licenciamento", afirma Guido. "O Módulo de propriedade
Intelectual está estudando isso", completa o professor.
Ninguém consegue responder com absoluta certeza também o quanto mais o GEM
acresce no preço final do middleware. Há quem fale entre U$ 1,5 de U$ 2 por
receptor, considerando apenas o custo de licenciamento atual. Mas o valor pode
aumentar caso o detentor de alguma possível patente submarina decida exercer seu
direito de cobrar por ela.
Moral da história: dia 23, a sorte do Ginga-J estará lançada. Caso considere os
estudos elucidativos, o Conselho poderá decidir no mesmo dia, e encaminhar sua
decisão para que seja referendada pelo Conselho de Desenvolvimento. Aprovada, a
intenção é que até o fim de março, a norma do Ginga-J entre em consulta pública
na ABNT.
Havendo qualquer tipo de ruído ou pedido de novos esclarecimentos, o tempo de
decisão pode ser maior. Mas o próprio presidente do Fórum SBTVD, Frederico
Nogueira, já manifestou publicamente, em entrevista exclusiva concedida do
Convergência Digital, em janeiro, que no que depender dele não haverá mais
atrasos. "Não vou enrolar com esse assunto. Vou botar para votar. Em abril a
gente fecha o assunto interatividade, seja para o bem, seja para o mal, por
unanimidade ou não", disse.
Em que ponto está o Java DTV?
O primeiro draft completo do Ginga-J com o Java DTV deve estar pronto amanhã,
segundo Guido Lemos, que coordena o trabalho.
"Corremos bastante. Trabalhamos no Carnaval. Hoje faltam poucos ajustes. Ontem
já entreguei uma versão para correr no Fórum", disse ele. "O Java DTV não podia
faltar nessa matriz de decisão. Ela está sendo muito bem feita. Estamos maduros
para tomar uma decisão", disse ele. "Pode não ser uma decisão unânime, mas será
uma decisão madura".
Tomara. O país agradece.