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Leia na Fonte: Convergência Digital
[13/10/09]
TV Digital: Dois anos de polêmicas e alguns resultados - por Cristina De
Luca
No próximo dia 2 de dezembro, o Sistema Brasileiro de TV Digital completa dois
anos em operação. E apesar das muitas críticas da população, em geral, que
esperava um rápido avanço da tecnologia, caminha bem, avançada no cronograma de
transmissão, atrasada no cronograma de recursos adicionais como as prometidas
interatividade e melhoria no áudio, estrelas da SET 2009, e a multiprogramação.
Para coroar este processo de digitalização da TV brasileira, a União
Internacional de Telecomunicações anunciou o reconhecimento das normas
brasileiras de radiodifusão digital como subsistemas ao padrão japonês,
recomendando-as como padrão internacional. Uma conquista importante para os
planos de internacionalização do sistema no continente, principalmente diante de
impasses jurídicos no próprio país, como o parecer de inconstitucionalidade dado
pela Procuradoria Geral da República ao decreto de criação do SBTVD, contestado
pelo Ministério das Comunicações.
Hoje, o sinal digital cobre 25 cidades no país. Dezoito delas, capitais. Outras
sete cidades, de alta concentração populacional, normalmente no entorno das
capitais. Em boa parte delas, há apenas uma emissora em operação. A meta é
fechar 2009 com as 26 capitais com sinal digital e boa parte das cidades de
maior porte, com mais de 1 milhão de habitantes.
Já com relação aos esforços para internacionalização do sistema, o padrão
nipo-brasileiro já foi oficializado como padrão em outros quatro países latinos:
Peru, Chile, Argentina e Venezuela, com grandes chances de vir a ser adotado
também por Equador e Cuba, entre outros que ainda podem voltar atrás na escolha,
como Bolívia.
Fomentar o surgimento de um ecossistema capaz de atender a todo o mercado da
América do Sul é uma das prioridades para 2010. Bem como oferecer interatividade
ao telespectador brasileiro. Entre os produtores de software e os radiodifusores,
há quem acredite que a interatividade possa começar a mostrar ao que veio já no
Natal deste ano.
Mas o cenário mais realista prevê que a interatividade só chegue de fato para a
população a partir da copa de 2010. Se com força total ou não dependerá da ação
da indústria de recepção. Tirando um ou dois grandes fabricantes de televisores,
o mercado deverá ser atendido inicialmente por pequenos fabricantes locais de
set-top-boxes, incentivados pelo governo.
Recentemente, em entrevista exclusiva à CDTV, do Portal Convergência Digital,
André Barbosa, assessor especial da Casa Civil e designado pela ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff para participar de todo o processo de implantação
da TV Digital no Brasil, revelou que o governo quer ter, já no início de 2010,
um PPB (Processo Produtivo Básico) específico para fabricação em massa de
conversores baratos e interativos da TV digital, com participação de países da
América Latina.
E os trabalhos nesse sentido já começaram. A expectativa é a de que os
conversores de TV digital a um custo de US$ 38 preço FOB -- que poderão custar
aproximadamente R$ 120,00) -- possam estar disponíveis no mercado a partir de
fevereiro.
"Não pensem que a interatividade é trivial. Lançar a interatividade, lançar o
Ginga em todo o país é de complexidade igual à lançar a própria TV Digital. É
complexo. Temos realmente que discutir muito, trabalhar muito", disse Ana Eliza
Faria e Silva, coordenadora do Módulo Técnico do Fórum SBTVD, ao fim do painel
da SET 2009 que apresentou a proposta do órgão para a elaboração da suíte de
testes do Ginga, o middleware desenvolvido aqui para o SBTV e também reconhecido
e recomendado como padrão para interatividade em sistemas IPTV pela UIT.
Segundo Frederico Nogueira, presidente do Conselho Deliberativo do Fórum SBTVD,
a entidade trabalha com a possibilidade de definir uma data simbólica para
marcar o início da interatividade no padrão brasileiro, como foi 2 de dezembro
de 2007 para o início das transmissões digitais."A dificuldade é saber quando
todos estarão prontos para que isso aconteça. Está todo mundo aprendendo a lidar
com esse mundo novo", disse. Assunto, portanto, não faltará no painel que
debaterá os desafios da TV Digita na América Latina, no início da tarde do dia
16, no Futurecom. É a hora de o tema, de fato, integrar radiodifusão e
telecomunicações.