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Leia na Fonte: Convergência Digital
[02/09/09]
TV Digital: integração com a TV por assinatura já começou
O radiodifusor sabe: a integração com a TV paga, por cabo ou satélite, para que
ela possa oferecer em seu ambiente tudo aquilo que a TV Digital aberta
oferecerá, precisa acontecer. E rápido. Na outra ponta, o discurso é o mesmo.
"Precisamos trabalhar juntos na definição dos melhores caminhos para tirarmos
proveito da convergência", afirmou na cerimônia de abertura da SET 2009 o
presidente da ABTA, Alexandre Annenberg, mostrando que o diálogo já começou.
Mas como o próprio Annenberg reconhece que, embora a TV por assinatura se
considere um segmento co-irmão da TV digital aberta e tenha mantido com ele uma
relação fraternal ao longo do tempo, como todas as relações familiares e
fraternais essa também teve e continuará a ter seus momentos de compreensão e
convivência e também os seus momentos de rusgas e fortes divergências. E, nesse
cenário convergente, não será diferente, os esforços, dos dois lados, parece ser
o de reduzir atritos.
Provas inequívocas disso já puderam ser sentidas na própria SET. Tudo vai bem
quando o assunto é a transmissão do conteúdo em alta definição. Os novos
conversores da Sky, que misturam o conteúdo da TV por assinatura com o sinal de
TV aberta em uma única caixa capaz de captar o sinal multiplexado recebido no
alto do telhado pelas duas antenas, a parabólica e UFH, já sejam talvez o melhor
exemplo desse caminho conjunto.
Porém, quando o assunto passa a ser a interatividade... "Estamos diante de uma
dificuldade", disse Roberto Franco, diretor de tecnologia do SBT e representante
do segmento de radiodifusão no Conselho Deliberativo do Fórum SBTVD.
"A conversa mundo Assinatura mundo TV aberta já se iniciou. A conversa de portar
mídia em alta definição para a TV a cabo já se iniciou. A questão da
interatividade é uma questão de tempo. Qual será a solução? Dois middlewares? É
possível. A capacidade de processamento e memória dos set-top-box está evoluindo
de tal forma que esse poderia ser um caminho. Qual a alternativa? Aotar um novo
middleware em plataformas novas? Também é possível. Não sei a resposta. É
questão de conversa. É questão de diálogo. Aí a gente a gente dissipa o medo,
dissipa o ódio e tem as parcerias", contemporiza Franco, em alusão à célebre
frase do mestre Yoda, de Guerra nas Estrelas, "O medo leva à raiva e a raiva
leva ao ódio", e à qual ele acrescentou, no início, o trecho "o desconhecido
leva ao medo".
Em alguns painéis e conversas de corredor algo ficou muito claro. O grande
argumento da TV paga para inclusão do middleware Ginga em seus conversores é
econômico. "Esse trabalho conjunto de porte do Ginga para os conversores da TV
por assinatura ainda não começou. Primeiro, porque ainda não havia a
especificação do middleware. mas o problema não é só esse. O problema é o quanto
isso pode encarecer aquele que é a principal barreira de entrada da TV Digital e
das TVs por assinatura: o coversor", afirmou Alexandre Annenberg.
Outras questões relevantes são a convivência da interatividade com outros
recursos dos middlewares proprietários para os sistemas DVB-C dotados pelas TVs
por assinatura, como o OpenTV. O middleware proprietário cuida, por exemplo, da
liberação de canais em função do tipo de pacote adquirido pelo assinante. O
Ginga seria capaz de fazer isso? Por enquanto, não. Portanto, uma mera
substituição de middlewares, hoje, seria inviável.
Tem mais: os dois middlewares poderiam conviver, sem que comandos enviados por
controle remoto para um e para outro não interferissem um no outro? O que é mais
simples? Portar uma aplicação Ginga para o Open TV ou outros middlewares
proprietários ou o inverso? Os radiodifusores parecem convencidos de que é muito
mais fácil pegar uma aplicação feita em Open TV ou qualquer outro sistema DVB-C,
botar um simples tradutor e trazê-la para o Ginga, do que pegar uma aplicação
feita em uma ferramenta muito mais rica como o middleware do sistema brasileiro,
que dá muito mais liberdade de criação, e portá-la para a TV a cabo. Convencerão
seus irmãos?
Os próprios produtores de implementações do Ginga reconhecem que o porte do
middleware para os conversores DVB-C e sua harmonização com os middlewares
proprietários é um trabalho caro. E economicamente delicado. Especialmente se
considerado o tamanho do mercado de TV paga, comparado ao mercado de TV aberta.
A boa notícia é que alguns deles estão dispostos a arcar com esses custos e
desenvolverem uma solução consensual, só para não correrem o risco dos
middlewares proprietários serem uma força concorrente ao Ginga em 2010,
principalmente nos grande centros urbanos, entre as classes A e B, no momento em
que a interatividade da TV aberta começar a mostrar ao que veio.
Correndo por fora, um componente externo a toda essa discussão pode ser o ponto
de equilíbrio para os diversos interesses: a possibilidade de uso do WiMax como
canal de retorno, em frequências abaixo de 1GHz. A WiMobilis, de Campinas, é uma
das empresas que poderia rapidamente fornecer soluções integradas nesse sentido,
uma vez que trabalha hoje com duas linhas de produtos: middleware para Tv
Digital, sistemas WiMax para levar banda larga a áreas rurais.