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Leia na Fonte: IDGNow! / Blog Circuito de Luca
[21/06/10]  Antena UHF: ainda, de fato, o calcanhar de aquiles da TV Digital - por Cristina de Luca

Tenho visto os jogos da copa em uma LG com receptor HDTV interativo que, por enquanto, só sintoniza o sinal da Globo. Explico. Apesar de morar em Moema, no lado dos pássaros, entre as avenidas Ibirapuera e Santo Amaro e entre o aeroporto de Congonhas e o Parque Ibirapuera, o sinal aqui não é dos melhores para a antena uni direcional interna da Ebcom emprestada por um amigo.

Sofri mesmo para sintonizar o sinal da Globo. Tive que usar a opção manual de sintonia de canais, esperar o tráfego de aviões parar e, pasme, abrir a a porta de alumínio da varanda. Com o sinal da Globo em alta definição perfeito na tela de 42 polegadas, desisti de tentar outras posições para a antena, ao menos durante a Copa. Mas o farei, antes de tentar o uso de uma antena interna mais potente ou de uma antena externa. por hora, enfrento apenas alguns segundos de interferência, com imagem quebrada em pixels, sempre que uma das rotas de subida de aviões os obriga a passar aqui em cima do prédio.

Já ouvi de muitos especialistas que, de um modo geral, a antena interna nunca terá uma boa recepção para todos os canais. Também sei que há muitos espertalhões vendendo antenas “especiais para TV Digital”, especialmente em lojas da santa Efigênia, pouco eficientes. As antenas que devemos usar são as para UHF. De preferência, uma antena TODA BANDA, adequada para recepção dos canais de 14 a 69. Dependendo da cidade, pode ser uma antena banda IV, para recepção dos canais 14 a 32 ou banda V, para os canais de 33 a 69.

Minha experiência pessoal mostra o quanto ainda temos que avançar no modelo de TV Digital no país. Não a-toa muitas emissoras, como a própria Globo, já investem no uso de ‘gap-fillers’ para melhorar a cobertura, mesmo em grandes cidades como Rio e são Paulo, onda há áreas de sombra.

Onde o sinal é melhor, cheio, por estar em linha reta com a antena da Globo ou de outras emissoras, o telespectador que tem em casa uma antena UFH das mais antigas e liga seu conversor (os mais modernos dizem já ter antena interna), pode até pegar algum canal digital. Mas apenas os canais baixos.

Em alguns edifícios a antena coletiva está instalada e até pode-se colocar um misturador de RF para as duas antenas UHF e VHF, mas deve-se checar se o cabo utilizado é para as duas faixas de frequência e um cabo de boa qualidade, pois para baratear o serviço muitas empresas colocam cabos mais baratos de malha simples (de preços inferiores). Mas este cabo tem que atender a faixa de frequência de 54 Mhz a 806 Mhz.

Hoje, a maioria das antenas coletivas dos condomínios ainda é VHS (recebem dos canais 2 a 13), inadequadas portanto para a TV Digital. Tem mais: o cabo coaxial usado nessas instalações também não chegam aos 470MHz de frequência necessários para o UHF. Não chegam aos 250MHz. A maioria dos cabos instalados hoje não passa o sinal digital. Portanto, não raro, além da troca da antena, é necessário também a troca de todo o cabeamento e tomadas.

Alguns trabalhos já forma feitos pelo Fórum SBTVD para tentar criar regras para instalação de TV digital em condomínios. Mas é uma tarefa inglória. Normalmente o condomínio opta pela instalação mais barata e não pela de melhor qualidade.

O Fórum SBTVD chegou a desenvolver um documento que foi distribuído para a associação das administradoras de condomínio, para que elas por sua vez distribuíssem para os condomínios conveniados, dizendo que para TV Digital é preciso a instalação de uma antena UHF. É só com ações desse tipo, informando corretamente a população, que vamos começar a resolver problemas de instalação. Precisamos massificar as informações.

Entre as informações mais relevantes, por exemplo, está a de evitar a demodulação do sinal no alto do prédio para posterior distribuição entre os apartamentos. Parece bom mas, na prática, a longo prazo, privará todos os apartamentos de outros recursos da TV digital, como a interatividade.

Muitos antenistas amplificam o sinal UHF e ao mesmo tempo pegam esse sinal UHF de novo lá em cima, demodulam, remodulam e combinam os dois, de modo a distribuí-los juntos. Assim, o morador que tenha uma televisor de tubo com sinal SD, recebe apenas o SD. Quem tem um diplay HD sem conversor, recebe apenas o sinal SD. E quem tem os conversores, recebe HD e full HD. Nesse caso é preciso garantir que o sinal original UHF está de fato chegando a todos os apartamentos, para que a TV digital não perca todas as suas vantagens (vídeo HD full, som 5.1, interatividade e o que mais oferecer).

Fato é que a Copa do Mundo está sendo um senhor teste para a TV Digital. E não falo pela questão do delay (atraso no sinal) pequeno para o sinal HDTV aberto e bem maior para o sinal HDTV da TV paga. O brasileiro começou a descobrir que alta qualidade de som e imagem tem preço. E, infelizmente, não vejo entre a maioria dos participantes do Fórum SBTVD (exceto entre os integrantes do Módulo de Promoção) a preocupação de evitar que o sistema caia no descrédito absoluto, com a população comprando o conversor, levando para casa e não conseguindo usar por conta de total desinformação. O despreparo é grande até mesmo entre os vendedores, que não informam corretamente a ninguém, na hora da compra, sobre a necessidade de uso de uma antena diferente daquela que tem em casa.

É preciso fazer algo, e já.

Hoje, por exemplo, o assessor especial da casa Civil e membro do Fórum de TV Digital, André Barbosa, se reúne com fabricantes de eletroeletrônicos, na Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos – Eletros, para apresentar uma proposta de incentivos fiscais (redução de PIS e Cofins, principalmente, como no bem sucedido programa Computador para Todos, do Governo Federal) para convencer as empresas a fabricarem conversores externos. Até aqui, grandes fabricantes têm apostado mais na fabricação de TVs com conversores embutidos. E os pequenos fabricantes de Manaus que optaram pela produção de conversores externos, sofrem com a falta de fornecimento de chips em função da troca de geração, especialmente por parte da STi Microeletronics.

Faria bem o governo se incentivasse também a produção de antenas UHF para TV aberta, capazes de sintonizar dos canais 14 ao 69 (470Mhz a 806 Mhz), como os conversores externos, igualmente difíceis de encontrar no mercado, como estava previsto no plano inicial de implantação do sistema.

Ah! Mais dois detalhes importantes:

1 – lembre-se que o cabo da antena é o condutor desse sinal. Portanto deixe-o passar livremente. Adquira cabos de boa qualidade (RGC59, RGC6, etc);

2 – quando o sinal no local não é suficiente, a TV Digital mostra uma tela azul como a das TVs a cabo, sem nenhuma imagem. Nem mesmo chuviscos.