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Leia na Fonte: IDGNow! / Blog
Circuito de Luca
[22/03/10]
TV Digital interativa: pronta para usar? - por Cristina de Luca
Para caminhar é preciso dar o primeiro passo. E, no que diz respeito ao mercado
de interatividade no Sistema Brasileiro de TV Digital, ele foi dado na semana
passada, com o lançamento oficial dos primeiros televisores da LG.
Nos últimos dois anos, a indústria de receptores foi a que mais emperrou a
oferta da interatividade na TV Digital. As normas com os dois perfis de
interatividade enviadas para aprovação pela ABNT refletem muito dos acordos
costurados no Fórum SBTVD para fazer esse recurso tão valioso e potencialmente
rico, avançar. Não atoa, a iniciativa da LG de pôr o primeiro produto com
capacidade para interatividade à venda é vista como a abertura da porteira na
área de recepção.
O que significa que a etapa mais delicada para o desenvolvimento da
interatividade no SBTVD começa agora.
“Teremos um período de mais ou menos um ano até que todas as ferramentas para
interatividade estejam totalmente funcionais. É uma fase de certificação muito
importante para a expansão do mercado”, afirma Ana Eliza Faria e Silva,
coordenadora do Módulo Técnico do Fórum SBTVD.
A opinião e o comportamento dos early adopters serão fundamentais para nortear
os ajustes necessários para o estabelecimento de um padrão de mercado, de fato,
não apenas de direito. O básico está feito. Os novos documentos enviados para a
ABNT refletem um amadurecimento do sistema. Estão em consonância com os
resultados de meses de testes da indústria de transmissão, da indústria de
recepção e das emissoras. “Todas as aplicações que já estão no ar hoje, estão de
acordo com a norma”, garante Ana Eliza.
Significa que a expectativa da indústria é a de que os problemas de
incompatibilidade entre aplicações e receptores sejam mínimos, quando existam.
“As mudanças feitas nas normas e enviadas para a ABNT as tornam muito mais
claras. Buscam facilitar o desenvolvimento das aplicações e a comunicação dos
fabricantes de receptores com os consumidores, sobre a categoria que o
equipamento se encaixa”, explica Ana Eliza.
De fato, as tabelas descrevendo os perfis A e B para receptores fixos e móveis (one-seg)
da nova norma explicitam agora o que é recurso obrigatório para cada um deles.
Como já é sabido, os perfis B, tanto fixo quanto móvel, se diferenciam dos
perfis A apenas pelo suporte a vídeos padrão mpeg (extensões mp2,mpeg,mpg e mpe).
Os perfis A e B dos conversores fixos incluem ainda a versão 1.3 do Java DTV
como recurso obrigatório, porém sem suporte à funcionalidade de smart cards e às
APIs de segurança relacionadas a esta funcionalidade.
Os documentos também incluem dois anexos que descrevem, em detalhes,
características básicas para as aplicações interativas no que dizem respeito a
tamanho (importante para determinação da quantidade de memória volátil que usará
no receptor) , layout (disposição da aplicação na tela da TV) e uso do controle
remoto, entre outros. Por exemplo: segundo a norma proposta, a soma dos arquivos
da aplicação não deve exceder 6MB para os receptores fixos e 1MB para os one-seg.
Vai existir um perfil C?
“Como foram propostas, as normas, com seus anexos, dão condições às emissoras e
ao pessoal de software de criar aplicações com a máxima flexibilidade, sem o
perigo de que ela gera uma tela azul na TV do consumidor”, afirma Ana Eliza,
ressaltando que o trabalho não para aí. Revisões serão possíveis, bem como
incrementos.
O módulo técnico do Fórum SBTVD já trabalha, por exemplo, no desenvolvimento de
um perfil C da norma, incluindo avanços como o suporte a múltiplos dispositivos
para interação, além do controle remoto. O que permitiria o uso de um celular
interagindo com a aplicação, independente ou não do que está sendo mostrado na
tela. Uma característica, até aqui, exclusiva do Ginga.
O texto da norma Ginga-J encaminhado à ABNT não inclui as APIs Java que fornecem
suporte para uso integrado da TV, em rede, com outros dispositivos. Exclui
também a possibilidade de captura, gravação e transmissão de fluxos (jmf 2.1),
já prevista. E embora o texto da norma NCL inclua suporte a multimplos
dispositivos, nem todas as implementações da máquina Ginga-NCL disponíveis hoje
suportatam essa funcionalidade. Daí a anecessidade de incluir esses recursos, de
forma padronizada, em um terceiro perfil, em desenvolvimento.
Muito provavelmente, o tal perfil C incluirá o resultado de
pesquisas acadêmicas como as demonstradas na SET pelo professor Luiz
Fernando Soares, da PUC-Rio, conduzidas por Marcio Ferreira Moreno, agraciado em
junho de 2009 com o “Best PhD Award” na 7ª edição da Conferência de TV
Interativa da Europa (EuroiTV 2009).
Luiz Fernando apresentou dois exemplos de aplicações de múltipos dipositivos.
Nos dois casos, o uso do celular como dispositivo secundário dispensou o recurso
de recepção do sinal one-seg. Também nos dois casos,vários usuários poderiam
interagir simultaneamente e individualmente com a aplicação. O que seria
impossível utilizando apenas a TV e o controle remoto tradicional.
Em um deles, o professor utilizou uma implementação Ginga da Universidade
Federal do Espirito Santo (UFES) rodando em um HTC Magic com Android 1.5. Em
outro, um iPhone equipado com o OS 3.0.
Em uma delas o processamento da aplicação era totalmente distribuído, com o
Ginga rodando em todos os dispositivos e a comunicação com a TV feita via
Bluetooth ou WiFi. Na outra, o Ginga rodava apenas na TV, com os celulares
atuando de forma cooperativa sobre a mesma aplicação (um jogo).