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Leia na Fonte: Convergência Digital
[25/04/12]
TICs tentarão incluir, em 30 dias, novas medidas na política industrial -
por Luís Osvaldo Grossmann
O setor de tecnologia da informação e comunicações enfrenta imensas dificuldades
para fazer do Brasil uma referência mundial, como defendem o governo e as
empresas. O diagnóstico apresentado nesta quarta-feira, 25/4, durante a primeira
reunião do Conselho de Competitividade de TICs, elencou pelo menos 13 pontos
fracos do país, como a alta dependência de tecnologia externa, a falta de mão de
obra ou o baixo nível de investimentos em pesquisa.
Parte da dificuldade está em conciliar os diferentes interesses dos vários
setores envolvidos – e que começam agora a desenhar o que, esperam, vai se
tornar uma nova etapa da política industrial brasileira. Não é por menos que
nesta primeira reunião tenham sido formados grupos para trabalhar os interesses
específicos: sistemas e equipamentos eletrônicos, componentes estratégicos,
software e serviços e eletroeletrônicos.
“O grande desafio é juntar as diferentes demandas para que realmente a política
industrial atenda as respectivas áreas”, reconhece o presidente da Associação
para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), Rubén Delgado.
Segundo ele, no entanto, o fundamental é que o Brasil decida o rumo que pretende
trilhar. “O que falta ao Brasil é um posicionamento, aquilo pelo que queremos
ser reconhecidos”, completa.
No caso dos sistemas e equipamentos eletrônicos, uma das preocupações é a
tendência de elevado déficit comercial, que bateu em R$ 23,5 bilhões no ano
passado – e que era de R$ 3,8 bilhões há 10 anos. Na prática, a eletrônica é o
setor com maior penetração de importados de toda a indústria de transformação
brasileira. O nó, aí, é como garantir o adensamento produtivo e tecnológico.
Essa questão parece diretamente relacionada ao que se vê no campo dos
componentes estratégicos. Apesar de o Brasil ser considerado um dos maiores
mercados consumidores de displays e semicondutores, esses componentes
representam mais de 80% das importações de eletrônicos. Simplesmente não há
cadeia de suprimentos no país – enquanto as experiências com design houses estão
ainda em desenvolvimento. Nesse caso, o problema está em como atrair
investimentos e desenvolver um ecossistema sustentável de componentes.
Assim, parece até menos desfavorável o cenário em software e serviços,
especialmente neste último, que cresce mais rapidamente. No entanto, apesar a
existência de ilhas de excelência – como em ERPs, telecom, sistema financeiro e
agroindústria, a avaliação é de que são restritos – e em queda – os
investimentos em P&D e atividades inovadoras. Uma grande luta será fomentar a
expansão internacional da indústria brasileira de software e serviços.
Apesar dos desafios, o conselho de competitividade se propôs uma agenda
apertada. Aqueles diferentes grupos de trabalho tentarão organizar um plano de
ação em 30 dias – o que exige proposições setoriais em cerca de 15 dias. A ideia
é que as medidas estejam afinadas para serem aprovadas na reunião do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Industrial, prevista para a primeira quinzena de
junho. “Com a validação pelo CNDI, passamos então a definir quem vai acompanhar
o quê”, explica Cid Cunha, da secretaria executiva do Plano Brasil Maior.
A seguir, o diagnóstico das forças e fraquezas do setor de TICs no Brasil,
conforme apresentado pelo governo durante a primeira reunião do conselho de
competitividade:
Forças
Forte atratividade do mercado interno brasileiro;
Base instalada de empresas montadoras;
Existência de algumas marcas nacionais de referência, no mercado interno;
Segmentos e/ou nichos de mercado com empresas de tecnologia nacional;
Boa infraestrutura acadêmica em software;
Capacitação em software embarcado e em segmentos de sistemas e soluções de
telecomunicações e automação;
Lei de Informática, Lei da Inovação, Lei do Bem, PADIS, PATVD, PNBL/REPNBL e
PROUCA/REICOMP;
Arcabouço legal para exercício de poder de compra e encomendas tecnológicas;
Recursos para P,D&I (FNDCT e FUNTTEL);
Programa CI-Brasil para DHs (Design Houses);
Plataforma Ginga de televisão digital Interativa: capacitação brasileira para
desenvolvimento de plataformas, aplicativos e conteúdos.
Fraquezas
Baixa densidade industrial e pequena agregação de valor local;
Alta dependência de tecnologia externa;
Reduzida capacidade instalada na área de componentes estratégicos;
Elevada e crescente dependência de importações e exportações declinantes;
Baixa presença internacional das empresas brasileiras e fragilidade da “marca
Brasil”;
P&D empresarial desarticulado, insuficiente e restrito a nichos de mercado;
Pouca interação universidade-empresa;
Morosidade do sistema de propriedade intelectual e falta de cultura para
registro de patentes no Brasil;
Capacidade limitada de investimento por parte de empresas brasileiras;
Mercado de capital de risco pouco desenvolvido;
Deficiências e/ou altos custos de infraestrutura;
Insuficiência de mão-de-obra especializada;
Limitada oferta de mão de obra com fluência em línguas inglesa e espanhola,
principalmente em software e serviços de TI.