WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> TV Digital: Interatividade e Ginga --> Índice de artigos e notícias --> 2012
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: IDGNow! / Blog Circuito de
Luca
[08/08/12]
TV Digital: Abaixo-assinado comprova adesão da academia ao Java no Ginga -
por Cristina de Luca
Integrantes dos módulos técnicos do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital
deveriam ter tomar conhecimento hoje de detalhes do licenciamento do Java e do
apoio da comunidade de desenvolvedores Java, incluindo vários representantes da
comunidade acadêmica no Brasil, à permanência do módulo Java na arquitetura
padrão do middleware brasileiro de TV Digital, o Ginga.
Nos últimos meses, o grupo de usuários SouJava, um dos mais importantes do
mundo, com influência direta no desenvolvimento do padrão Java e suas políticas
de licenciamento (desde a época da Sun, e agora, na Oracle), com assento no
Comitê Executivo (EC) do Java Community Process, se mobilizou na organização de
um abaixo-assinado em defesa do Ginga-J e “em repúdio a uma tentativa de virar
as regras do jogo depois de 2 anos de investimentos em produtos Ginga”.
Explico: o Fórum SBTVD discute, desde a publicação do decreto para o PPB
(Processo Produtivo Básico) que detalha as regras para os fabricantes de TVs
LCDs/Plasma incluindo o Ginga completo (Ginga-J + Ginga-NCL) como requerimento
oficial, a exclusão do das normas que tratam do Ginga-J do padrão formal,
aprovado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas há 2 anos e referendado
pela União Internacional de Telecomunicações como parte da arquitetura de um
único middleware padrão, harmonizado, com características comuns ao padrão
americano (ATSC), ao europeu (DVB) e ao próprio ISDB).
O motivo? Parte dos fabricantes de equipamentos de recepção (televisores e
conversores) não conseguiu desenvolver o middleware completo para seus produtos,
tendo implementações apenas com o módulo Ginga-NCL. Quem tem o Ginga completo? A
Totvs e a Samsung, por exemplo. A Totvs tem sua implementação do middleware
embarcada em mais de 3 milhões de televisores e receptores já no mercado. A
Samsung, por sua vez, é hoje uma das líderes de mercado de televisores.
Pequenos fabricantes alegam que a obrigatoriedade do Ginga-J na arquitetura
padrão do middleware daria a essas duas empresas supremacia no mercado,
prejudicando aqueles que gostariam de ingressar nesse mercado. Entre eles,
alguns membros da academia, que passaram embasar sua argumentação em defesa da
exclusão do Java em questões sobre licenciamento da máquina virtual Java por
parte da Oracle.
Semanas atrás conversei longamente do Yara Senger e Bruno Souza (também
conhecido como “JavaMan”), diretores do SouJava, sobre a iniciativa de
organização do abaixo assinado, entregue ao presidente do Fórum SBTVD no dia 20
de julho. Tentei conversar com Roberto Franco, presidente do Fórum, a respeito.
Mas Roberto Franco se recusou a comentar, alegando que a questão tratada no
abaixo-assinado foi levantada em reunião do Conselho do Fórum SBTVD no início do
ano e não alcançou uma conclusão até o momento. Portanto, o Fórum não ainda não
tinha uma posição definida sobre o assunto, e continuaria discutindo o tema. O
que o impedia de falar sobre.
Por intermédio dos representantes da comunidade de desenvolvedores de software,
o grupo SouJava tentou estar presente hoje na reunião dos módulos técnicos do
Fórum, onde o assunto Ginga-J será discutido. Mas acabo de receber um e-mail da
Yara Senger informando que, infelizmente, eles não conseguiram o convite oficial
para participar da reunião. E o abaixo-assinado foi enviado novamente para
Salustiano Fagundes, representante da indústria de software no fórum.
O que o SouJava iria argumentar? Que a possibilidade de tornar opcional o Java
no padrão brasileiro significaria a perda de um mercado em crescimento e
desperdício de mão-de-obra especializada já formada e em formação nos vários
cursos universitários, empresas e grupos de usuários no Brasil. E que mudar as
regras do jogo após ter o padrão já aprovado pelo país em uma consulta aberta e
pública consistiria um prejuízo enorme para todos os que já investiram e a perda
de um enorme potencial para as empresas, universidades e comunidade de
desenvolvimento de software.
Segundo Yara Senger, o abaixo-assinado colheu pouco mais de 400 assinaturas.
Pouco, diante de uma comunidade de mais de 10 mil desenvolvedores? _ quis saber.
Ela e Bruno argumentaram que não. Segundo eles, um dos objetivos do abaixo
assinado era saber quem, entre os headers da comunidade (principalmente na
academia) apoiava a permanência do Ginga-J na arquitetura padrão do Ginga. Entre
as 400 assinaturas estão expoentes do ITA, da Unicamp, da USP, da Federal de
Porto Alegre, da PUC-Rio, das Faetecs e de outras instituições acadêmicas de
diversos estados.
“Foram adesões importantes, já que não divulgamos o abaixo-assinado pela
imprensa. Fizemos circular nas listas de discussão da comunidade SouJava”,
explica Bruno.
O pessoal do módulo técnico perdeu uma excelente oportunidade de explorar
bastante os representantes do SouJava que pleitearam estar presentes à reunião a
respeito das políticas de licenciamento do Java. Como integrantes do Comitê
Executivo (EC) do Java Community Process eles têm voz ativa nas definições das
políticas de licenciamento junto à Oracle. Conhecem profundamente os modelos de
licenciamento. Especialmente quanto o Open JDK, sob licença GPL, tema de um
próximo texto.
Convém também ao Fórum SBTVD refletir se é hora de continuar discutindo a
arquitetura do middleware. Foram mais de dois anos até a aprovação do padrão na
ABNT. Foram grandes os esforços para a padronização internacional na UIT. É
legítimo jogar tudo isso fora? Não estaria na hora de unir esforços para criar
aplicações de usem bem o Ginga-NCL e, no caso de aplicações mais elaboradas, o
Ginga-J? Não há muito mercado para quem queira desenvolver aplicações?
Na toada que vamos, corremos o risco de perder o Ginga, qualquer que seja a sua
arquitetura, por puro descrédito internacional.