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Leia na Fonte: Convergência Digital
[20/06/12]
TV Digital: Para radiodifusores, atraso é da indústria de TVs - por Luís
Osvaldo Grossmann
Os radiodifusores acreditam que a maior parte das emissoras – e mesmo das
retransmissoras – estará pronta para a migração marcada para 2016 e o
consequente desligamento das transmissões analógicas. A dúvida, porém, é a mesma
já ecoada pelo ministro das Comunicacões, Paulo Bernardo: os brasileiros não
terão aparelhos digitais em casa.
“Do ponto de vista de emissoras como Globo, SBT, Band, Record, Canção Nova, Mix,
o prazo será cumprido. Tem até emissora que pretende ter todas as geradoras
fechadas na Copa [de 2014] e 30% das retransmissoras, o que é muito. Mas não
adianta ter geradora e retransmissora digital se o aparelho na casa das pessoas
não estiver funcionando”, afirma o diretor geral da Abert, Luis Roberto Antonik.
Antonik lembra que nos Estados Unidos a migração digital atrasou exatamente pela
falta de aparelhos com capacidade de recepção digital. “Lá foi adiado duas vezes
porque, quando chegou no primeiro corte, por exemplo, 30% dos americanos tinham
receptor só analógico”, diz ele. “Os ministérios do Desenvolvimento, da Ciência
e Tecnologia vão ter que pensar no equipamentos”, completa.
Não é que todas as dificuldades dos radiodifusores estejam superadas. Mas nesse
caso há duas situações – as autorizações emitidas pelo Ministério das
Comunicações para a operação digital e a carência de recursos, não só
financeiros, mas mesmo de engenharia, de pequenas emissoras. “Quem pode ter
problemas são as pequenas emissoras independentes e as educativas”, diz Antonik.
No caso das autorizações, uma força-tarefa iniciada no fim do ano passado vem
acelerando os processos. “Até janeiro deste ano não tínhamos nenhuma
retransmissora autorizada, agora temos mil. Eram apenas 103 geradoras, hoje já
são 204”, calcula o diretor geral da Abert. O Brasil conta com cerca de 1,6 mil
geradoras e 11 mil retransmissoras. Já as dificuldades das pequenas emissoras
exigirão apoio do governo ou de associações como a própria Abert, ainda que não
se tratem de empresas filiadas à entidade.
Para o diretor geral da Abert, o principal nó é mesmo a disponibilidade de
televisores digitais nos lares brasileiros. “Só a partir de 2012 os fabricantes
estão obrigados a fabricar televisores com conversor embutido. Mas temos 150
milhões de aparelhos de televisão no país e nosso mercado produz 14 milhões de
TVs por ano, sendo que parte é reposição e a esmagadora maioria não tem Ginga, o
que indica que a interatividade vai demorar”, avalia.
Em difícil negociação com os fabricantes, o governo também adiou a implantação
de metas para o sistema operacional Ginga, desenvolvido no Brasil, e responsável
pela interatividade na TV Digital. Pelo acerto, 75% dos aparelhos fabricados no
país terão que trazer o Ginga a partir do próximo ano, percentual que sobe para
90% a partir de 2014.